Fasci di Combattimento, horário das 8 horas, marxistas brancos, neolibs, neocons e viva Ortega y Gasset

Hoje se recorda, para além da primeira tentativa oficial de estabelecimento do horário das oito horas de trabalho em Portugal, em 1891, lei que, contudo, só lá nos anos trinta se efectivaria fora do mundo agrícola e da criadagem, a fundação em 1919 dos “Fasci Italiani di Combattimento”, os quais, três anos depois, ameaçando uma Marcha sobre Roma que nunca concretizaram, apenas aproveitaram a ocasião para assumirem o poder, criando a ilusão, na primeira metade do século XX, de uma alternativa revolucionária ao revolucionário bolchevismo.

 

Olhando a coisa tão post-cipadamente quanto ela hoje já é defunta, e muito influenciado por tipos de análise, à Benedetto Croce, sempre direi que um dos piores males do tal fascismo foi ter sido encenado pelo militante socialista Benito Mussolini e amamentado pelo mesmo subsolo filosófico do primitivo neomarxismo italiano, onde Gentile e Grasmci são filhos da mesma mãe ideológica, cruzada em corno maquiaveliano. Coisa que os neofascistas envergonhados dos dias que correm não gostam de admitir, porque também eles não passam de uns meros marxistas brancos como os seus antecessores, dado que a respectiva estrutura não aguenta as doses massificadas de idealismo alemão à Hegel que têm de inocular em serial killer, para parecerem robustos.

 

Cá por mim, pobre e isolado herdeiro de algum tradicionalismo lusitano, consensualista e liberdadeiro, longe das importações “neolibs” e “neocons” com que se embebedam alguns arrependidos do marxismo e do fascismo que se assumem como consciências ideológicas de uma das facetas do situacionismo, ou do beatério banco-burocrático, continuarei a dizer que não há pensamento sem pátria, até para podermos reconstruir uma identidade enraizadamente europeia e aceder ao abraço armilar, pela via de uma nação que tenha saudades de diluir-se na super-nação futura.

 

Logo, de idealismo alemão por idealismo alemão, prefiro o mestre Immanuel, o tal Kant, bem os seus sucessores de Baden e Heidelberg que, em humanismo ibérico, se chamaram Ortega y Gasset, Sérgio, Gilberto Freyre ou Cabral de Moncada, para misturar maçons, protestantes e católicos na mesma fila. Já agora, quando é que um qualquer vereador da cultura da câmara municipal de Lisboa provoca a necessária homenagem ao homem da “Revista de Occidente” que sempre se assumiu como residente oficial nas nossas avenidas novas, enquanto durou o beatério autoritarista do franquismo?

Sempre receei esse terreno em pousio chamado direita, sobre o qual certos filhos-família da santa aliança decadentista, burguesóide e aristocretina, gostam de de implantar criaturas enxertadas em perfumes, pó de arroz e enxumaços apolíneos, esses epifenómenos societários de certa idiossincrasia histérica, massajados pelas mais ilustres leituras dos pretensos tempos modernos.

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