Em tempo de homens ditos realistas, importa ter o realismo de ser idealista

Começo por recordar. Que na data de hoje, em 1914, com a declaração de guerra de Viena à Sérvia, se iniciaram oficialmente as hostilidades daquilo que, então, se assumiu como a Grande Guerra, que seria a última, mas que, afinal, não passou da I Guerra Mundial, depois de haver a Segunda. E a maior parte dos problemas que podem provocar as guerras mundiais de hoje ainda são problemas que este primeiro confronto pseudo-gnóstico não resolveu.

Comemorava então o seu aniversário, pelas doze primaveras, um tal Karl Raimund Popper, que a si mesmo se veio considerar como o último filósofo das luzes e a quem devemos a explosão solar que, na estrada para Damasco, cegou, de tanto brilho, alguns ex-ilustres marxistas-leninistas-estalinistas lusitanos, os tais que, mantendo ainda hoje a metodologia do georgiano, mas mudando de amanhãs que cantam, ainda por aí cantarolam o popperismo, procurando candidatar-se a supremos inquisidores da palaciana república. Por mim, já conhecia Popper antes de os ditos desembarcarem na biblioteca onde abriram as respectivas páginas pela primeira vez e continuo a não obedecer-lhes, embora tenha obediência.

Pedimos desculpa por esta interrupção dos nossos comentários de guerra. Vou ler em arquivo directo a última intervenção de Bush, porque os nossos propagandistas do dito talvez tenham cometido o erro de serem mais bushistas do que o próprio Bush. Queria acrescentar que, apesar de tudo, em matéria de política internacional, ainda sou do partido de Woodrow Wilson que, em tempo de homens lúcidos, tinha a lucidez de ser ingénuo. Até Hannah Arendt, que era judia, militaria aqui. Onde esperamos receber o mais lúcido contributo do próprio Bento XVI. Não tardará muito. Dizem que está a ler o relatório sobre o bombardeamento de alguns conventos no Líbano e a retomar o discurso de João Paulo II sobre o espírito de Assis.

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