Jan 22

Entre incorruptíveis que gerem corruptos e corruptos que gerem incorruptíveis

Qualquer pescador de memórias dos bastidores, que se passeie pelas jantaradas capitaleiras, entre átrios de hotel e bares do Bairro Alto, pode recolher, mesmo sem isco, meia dúzia de informações que agravarão em certos desesperados alguma propensão para as teorias da conspiração. Os tais que, para dormirem descansados, precisam de encontrar culpados ocultos de qualquer manobra. Uns querem que o processo tal avance, outros que determinada operação de compra do capital resulte, e eu limito-me a sorrir quando vejo na televisão o diplomático encontro de corredor entre o engenheiro Mira Amaral e o Primeiro-Ministro José Sócrates. Porque ele não se realizou num cemitério, entre coveiros e carpideiras, dado que, graças ao plano tecnológico, até os coveiros são tecnólogos de cremação e enterramento e as carpideiras, especialistas em política de imagem e sondagem, e não apenas de sacanagem.

Pensando na relação bancária e política entre Londres e Lisboa, assinalo que, para além da Maddie e do Ultimatum, há também a Poor’s e o nevoeiro na zona de Alcochete e do futuro aeroporto do Barrete Verde, bem como a definição do capital de um semanário que teve a cobertura do BCP do Paulo Teixeira Pinto e agora anda às bolandas entre Tondela e os habitantes do mercado do Roque Santeiro, com Scotland Yard pelo meio. Apenas assinalo que, em pleno século XIX, também houve, por lá, em Londres, um processo dito do affidavit, que envolveu o nosso chefe do governo, António Bernardo da Costa Cabral, num tempo em que Guizot ainda proponderava, com a velha máxima do incorruptível que gere corruptos. O estilo manteve-se em muitos sítios no século XXI, não faltando até o corrupto que gere incorruptíveis, para que a soma dos bons e dos maus dê no sincrético estado a que chegámos, onde o crime da ilegalidade acaba por compensar, face à ditadura das situações de facto que se vão acumulando ao ritmo da golpada. Porque depois de instalados, o que interessa a declaração ”
a posteriori” da ilegalidade pelos órgãos competentes? O Estado de Direito é um brinquedo que os especialistas em Maquiavel manipulam, carimbando como incorruptível o anterior gestor e fabricante de corruptos, à velha maneira de Talleyrand e de Kissinger, rendidos agora o pensamento único da “social-democracia” e do “socialismo democrático” e dos seus “desinstitucionalizadores”…

Julgo que foram bem mais duras as palavras de outro antigo ministro das finanças de Portugal na RTP2, João Salgueiro, que ontem caracterizava a actuação deste governo como a pior no desempenho, nos últimos cem anos, e também a pior, na Europa. Depois de tantos silêncios de Cavaco, dos estrondos de Manuela Ferreira Leite, das campanhas de Medina Carreira ou do cáustico egotismo de Miguel Cadilhe, o tal que tem direito a ser egotista, já são cinco os ex-ministros das finanças que saem das meias palavras, nestas sucessivas aulas de leitura da realidade que as respectivas lentes nos vão comunicando. Por mim, apenas assinalo que não gostava de continuar a ser semicolónia de sua majestade. Digam tudo e encerrem os nevoeiros destes prenunciadores técnicos de dias de tempestade. Por mim, apenas fiquei entusiasmado com o crescimento eleitoral do FDP, o partido liberal alemão, desejando também boa sorte aos meus companheiros britânicos “liberais-democratas”…

Jan 22

Entre incorruptíveis que gerem corruptos e corruptos que gerem incorruptíveis

Qualquer pescador de memórias dos bastidores, que se passeie pelas jantaradas capitaleiras, entre átrios de hotel e bares do Bairro Alto, pode recolher, mesmo sem isco, meia dúzia de informações que agravarão em certos desesperados alguma propensão para as teorias da conspiração. Os tais que, para dormirem descansados, precisam de encontrar culpados ocultos de qualquer manobra. Porque ele não se realizou num cemitério, entre coveiros e carpideiras, dado que, graças ao plano tecnológico, até os coveiros são tecnólogos de cremação e enterramento e as carpideiras, especialistas em política de imagem e sondagem, e não apenas de sacanagem.  Pensando na relação bancária e política entre Londres e Lisboa, assinalo que, para além da Maddie e do Ultimatum, há também a Poor’s e o nevoeiro na zona de Alcochete e do futuro aeroporto do Barrete Verde, bem como a definição do capital de um semanário que teve a cobertura do BCP do Paulo Teixeira Pinto e agora anda às bolandas entre Tondela e os habitantes do mercado do Roque Santeiro, com Scotland Yard pelo meio. Apenas assinalo que, em pleno século XIX, também houve, por lá, em Londres, um processo dito do affidavit, que envolveu o nosso chefe do governo, António Bernardo da Costa Cabral, num tempo em que Guizot ainda proponderava, com a velha máxima do incorruptível que gere corruptos. O estilo manteve-se em muitos sítios no século XXI, não faltando até o corrupto que gere incorruptíveis, para que a soma dos bons e dos maus dê no sincrético estado a que chegámos, onde o crime da ilegalidade acaba por compensar, face à ditadura das situações de facto que se vão acumulando ao ritmo da golpada. Porque depois de instalados, o que interessa a declaração ” a posteriori” da ilegalidade pelos órgãos competentes? O Estado de Direito é um brinquedo que os especialistas em Maquiavel manipulam, carimbando como incorruptível o anterior gestor e fabricante de corruptos, à velha maneira de Talleyrand e de Kissinger, rendidos agora o pensamento único da “social-democracia” e do “socialismo democrático” e dos seus “desinstitucionalizadores”… Julgo que foram bem mais duras as palavras de outro antigo ministro das finanças de Portugal na RTP2, João Salgueiro, que ontem caracterizava a actuação deste governo como a pior no desempenho, nos últimos cem anos, e também a pior, na Europa. Já são cinco os ex-ministros das finanças que saem das meias palavras, nestas sucessivas aulas de leitura da realidade que as respectivas lentes nos vão comunicando. Por mim, apenas assinalo que não gostava de continuar a ser semicolónia de sua majestade. Digam tudo e encerrem os nevoeiros destes prenunciadores técnicos de dias de tempestade. Por mim, apenas fiquei entusiasmado com o crescimento eleitoral do FDP, o partido liberal alemão, desejando também boa sorte aos meus companheiros britânicos “liberais-democratas”…