Jul 21

O lobo não é lobo do homem, como insinuava Hobbes

Os lobos não atacam animais da mesma espécie. Por isso, actualizemos o dito, conforme Konrad Lorenz: há certos homens que gostam de ser ratos dos homens. Esta sucessão de casos condiciona “a política de verdade do PSD, mas favorece, sobretudo, “a agonia lenta de um sistema partidocrático que está a envenenar o regime”. “PSD e PS têm os mesmos telhados de vidro e entretêm-se a atirar pedras um ao outro, só que vivem numa vivenda geminada”. Daí ser urgente que “os grandes partidos, juntamente com o Presidente da República, assumam um pacto de que não atiram pedras um ao outro, peçam desculpa ao povo” para “entrarmos numa nova era”. Quando esta carapuça deixar de fingir que é futuro condicional, isto é, quando for remetida para o lugar que merece, o pretérito imperfeito, todos reconhecerão que, afinal, não há mal que sempre dure. É o que me apetece observar sobre ostracismos coxos e cobardes declarações de sacristia ou alfurja, emitidas do púlpito ou do palanque, por déspotas que já nem sequer são iluminados. Chapéus há muitos, caro palerma! Qualquer correspondência da anterior declaração com um, ou vários, macro ou micro-autoritarismos não passa de mera coincidência degenerativa, face à manutenção dos sub-sistemas de medo. Não pensem já no governo PS, ou nos micro-governos do PSD que por aí pululam. E os bufos que fizerem “copy & paste” desta coisa, para a levarem aos ditos, que lhes paguem o serviço. Quem reprime, apenas mostra medo do reprimido. O problema é que o Hobbesianismo se transformou numa ideologia que se libertou do criador, com base numa metáfora que não era assente nas teses da recente etologia. Mas o essencial está no que diz. Aliás, Thomas nasceu antes do tempo, quando a mãe, sobressaltada, temia o assalto da dita Invencível Armada. E como ele próprio reconheceu: “eu e o medo somos irmãos gémeos”. Confesso meu temperamento de radical que se apaixona por causas e não entende a racionalidade como um afrouxar das paixões. Como se os cinzentos seres que sempre, como números dois dos pelotões de fuzilamento, pudessem, alguma vez, ter o prazer da criação. Porque não há direita, esquerda, extremos ou meio-termo. Há vencedores e vencidos e quem vence, reparte o que ganhou à custa do lombo de quem perdeu.