Se as circunstâncias ditam e tudo depende do contexto

Descarregado numa dessas salas de espera de nossas doenças individuais e colectivas, confirmo que há sempre mais carga de doentes que de doenças, porque, neste nosso estado de falta de saúde, grande parte dos pacientes ainda se impacientam mais que proporcionalmente aos padecimentos do corpo e da alma a que estão. Comigo era só faringite, por enquanto. E o médico, um conhecido “blogues” que espirrava ainda mais. Já fui à farmácia e já tomei a dose.

Ontem a minha amiga de FB, Rita Ferro, clamava no programa do Hermann, por algumas regras de gramática que nem eu próprio talvez observe, mas que me envergonho quando as pontapeio. Talvez por não ter recebido aquele impulso instrutivo contra a calinada. Infelizmente, meu linguajar, apanhado ao ar livre das ruas do povo, continua a precisar de escola, gramáticos e ortográficos, dado que não chegam as canções e os poemas que ao verbo dão lições de harmonia, numa música espiritual que nos vai fluindo em respiração de alma colectiva. Porque as regras continuam necessárias, sobretudo quando há transgressores, como eu próprio assumo. Para se corrigir o que é com aquilo que deve ser. Ontem a Rita Ferro esteve muito bem.

“Todos os titulares de órgãos de soberania, incluindo deputados, jornalistas, agentes de execução e ministros de confissões religiosas”, exercem actividades que devem ser consideradas incompatíveis com o exercício da advocacia. Orientação aprovada no Congresso dos Advogados. Para não ser aplicada, neste país de biscateiros.

Quando os ministros da economia de Portugal marcam data para o fim da crise, eles logo entram no panteão das bruxas da Horta Seca. Pior ainda, quando dissertam sobre a queda de pontes, ao mesmo tempo que negoceiam com o Vaticano o fim das pontes. Esquecem que o papa é herdeiros dos pontífices, isto é, dos que faziam pontes para nos levarem à outra banda, a do rio Tibre.

Se as circunstâncias ditam e tudo depende do contexto, não me invoquem o texto fora do contexto. Logo, seguindo o conselho, sou obrigado a não ouvir a respectiva palavra, aqui e agora. Não quero ser reduzido a auditor de quem não sabe ser autor, e nem sequer consegue fingir que é actor, pelo mau guionista que escolheu. A banalidade é um pilar da ponte do tédio…

Num dia de tão álvara parlamentaridade, fiquei a saber, mui impávido e sereno, e sem gestinhos feios, que há certos feriados que são dotados de imobilidade. Daí a minha sugestão criacionista: ainda temos soberania calendária e podemos dar mobilidade aos sábados e domingos. Voltar à semana inglesa, não! Londres não faz parte do euro.

Os chamados mercados parece que não reagem positivamente às chicotadas psicológicas de Atenas e Roma. É neste ambiente que as Espanhas vão a votos. Portugal já foi. Franceses e alemães hão-de ir. O sobressalto continua.

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