Cultura imperial-autárquica. Otomanos

Tudo parece continuar como dantes, entre certo povo dos velhos do restolho, cujo lastro sempre foi o de comer chicote, calar cenoura e esperar por mais, admitindo a hierarquia dos filhos e enteados, especialmente quando quem manda depende do levantamento mediático que instrumentaliza o pedibola, ou que faz assentar o financiamento partidário na barganha dos resultados e das arbitragens, nesse conúbio mesquinho onde continua a pagar o justo pelo pecador, para gáudio místico dos vendedores da banha da cobra, que tanto comentam a encíclica como o défice, como se Jesus Cristo percebesse alguma coisa de finanças. E quase apetece passar para o estado de activa intolerância face aos hipócritas e falsários que, refugiados no colectivismo moral da seita em que se inscreveram, nos querem condenar às grades da dependência. O dominador sempre conseguiu controlar as esperanças e domar as ilusões, através do magistral uso do chicote e da cenoura, usando apenas o primeiro de forma selectiva, de maneira a liquidar as cabeças que se assumem como alternativas oposicionistas. A cultura imperial-otomana que nas amarfanha, pintando-se de bom pai tirano, ou fe filosofia ditadora, sempre soube manipular de forma magistral o pão e o circo, desde a jantarada à custa do dinheiro do contribuinte, às sucessivas farras e guitarradas, para que a rapaziada se embebede e não cuide da chefia da cidade, num ambiente por onde se semeiam subchefes inimputáveis, especialmente se têm vocação para director de colégio e tratam o patrão com um submisso “senhor director”. A canalha jagunçal que o primeiro grande manitu fabricou em subserviência, especialista na falência de muitas quintas de passarinhos, andou de vitória em vitória até à derrota final, pintando de colorido boato o governo da domesticação patriarcal, ao confundir o público com o doméstico, onde não faltavam pompadours que, quais santanetes, iam prodigalizando ao velho leão imperial os doces miminhos necessários para que se disfarçassem de perfumes os ambientes de apodrecida decrepitude que a todos nos ia enredando. Na corte nunca faltam os crepúsculos dos aristocretinos de carinha laroca, subsidiáveis pelo clientelar nepotismo, com muitos serralhos e pretensos bois do povo, pouco reprodutivos, a não ser nos coices e marradinhas. Há também muita estupidez fumacenta, manipulada por mestres em frustração, autores de páginas que ninguém lê, cita ou referencia, a não ser os próprios autores, quando para o colectivo remetem restos da escrita assexuada com que não querem borrar as escrita dos relatórios em que assinam com nome próprio. Os editorialeiros que nos plenificam de gozo leitoral não reparam que o oficiosismo é chatíssimo e que o situacionismo pode fazer com que a má moeda expulse a boa moeda, ao contrário do que poderá acontecer nas boas intenções dos economistas. E neste ambiente de acrítico louvaminheirismo continua a ser pecado produzirmos simples farpas que ousem sair da mediania estupidocrática dos produtores de hossanas aos contadores de histórias que ocupam as chefias. Porque ninguém ousa dizer em voz alta, mesmo sem berros, o que todos vão comentando pelo sussurro, sobre a total inutilidade de instituições que, sem ideias, apenas servem de corrimão para gentes viciadas em protagonismos balofos de falso mediatismo, apesar de as cortes se emprenharem em ilusionismos activistas.

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