Sempre gostei que comigo entrassem em contradita, pelas ideias a que me dou e manifesto e não pelos fantasmas que alguns dizem que tenho, só porque não penso aquilo que convém, quando sinto ter o dever de pensar, mesmo quando o professo em contra-corrente. Por isso não me amedrontam os adjectivos diabolizantes dos pequenos inquisidores que caçam nas névoas dos bruxedos. Penso o que tenho o dever de pensar e cumpre-me dar disso testemunho, mesmo que corra o risco de estar em minoria. Porque ter coragem é não contabilizar a opinião quantitativa e não procurar saber de que lado sopra o vento. Os que julgam ter razão no curto prazo podem perdê-la no médio e longo prazos e, no plano das ideias, não é verdade que, a longo prazo, estejamos todos os mortos. Há muitos que, assumindo os desafios, vivem a aventura de não renunciarem a serem vagamundos que querem cumprir as rotas e os princípios. Muitos que sentem poder ir além das teias e algemas que os enredam. A noite estrelada e branda ainda nos pode assinalar novos caminhos de esperança e diante de quem somos, há sempre novos espaços por cumprir que mãos livres podem semear.