Mar 23

Fasci di Combattimento, horário das 8 horas, marxistas brancos, neolibs, neocons e viva Ortega y Gasset

Hoje se recorda, para além da primeira tentativa oficial de estabelecimento do horário das oito horas de trabalho em Portugal, em 1891, lei que, contudo, só lá nos anos trinta se efectivaria fora do mundo agrícola e da criadagem, a fundação em 1919 dos “Fasci Italiani di Combattimento”, os quais, três anos depois, ameaçando uma Marcha sobre Roma que nunca concretizaram, apenas aproveitaram a ocasião para assumirem o poder, criando a ilusão, na primeira metade do século XX, de uma alternativa revolucionária ao revolucionário bolchevismo.

 

Olhando a coisa tão post-cipadamente quanto ela hoje já é defunta, e muito influenciado por tipos de análise, à Benedetto Croce, sempre direi que um dos piores males do tal fascismo foi ter sido encenado pelo militante socialista Benito Mussolini e amamentado pelo mesmo subsolo filosófico do primitivo neomarxismo italiano, onde Gentile e Grasmci são filhos da mesma mãe ideológica, cruzada em corno maquiaveliano. Coisa que os neofascistas envergonhados dos dias que correm não gostam de admitir, porque também eles não passam de uns meros marxistas brancos como os seus antecessores, dado que a respectiva estrutura não aguenta as doses massificadas de idealismo alemão à Hegel que têm de inocular em serial killer, para parecerem robustos.

 

Cá por mim, pobre e isolado herdeiro de algum tradicionalismo lusitano, consensualista e liberdadeiro, longe das importações “neolibs” e “neocons” com que se embebedam alguns arrependidos do marxismo e do fascismo que se assumem como consciências ideológicas de uma das facetas do situacionismo, ou do beatério banco-burocrático, continuarei a dizer que não há pensamento sem pátria, até para podermos reconstruir uma identidade enraizadamente europeia e aceder ao abraço armilar, pela via de uma nação que tenha saudades de diluir-se na super-nação futura.

 

Logo, de idealismo alemão por idealismo alemão, prefiro o mestre Immanuel, o tal Kant, bem os seus sucessores de Baden e Heidelberg que, em humanismo ibérico, se chamaram Ortega y Gasset, Sérgio, Gilberto Freyre ou Cabral de Moncada, para misturar maçons, protestantes e católicos na mesma fila. Já agora, quando é que um qualquer vereador da cultura da câmara municipal de Lisboa provoca a necessária homenagem ao homem da “Revista de Occidente” que sempre se assumiu como residente oficial nas nossas avenidas novas, enquanto durou o beatério autoritarista do franquismo?

Sempre receei esse terreno em pousio chamado direita, sobre o qual certos filhos-família da santa aliança decadentista, burguesóide e aristocretina, gostam de de implantar criaturas enxertadas em perfumes, pó de arroz e enxumaços apolíneos, esses epifenómenos societários de certa idiossincrasia histérica, massajados pelas mais ilustres leituras dos pretensos tempos modernos.

Mar 23

Que venha Bolonha, mas sem bolonheses! E alguns avisos aos homens livres da cunha estadual e suas cortes…

Já blogueei sobre Bolonha o suficiente para perceberem que, tendo de submeter-me para sobreviver, não deixarei de lutar para continuar a viver. Sou por Bolonha e não pela bolonhesa dessa legião de burocratas planeamentistas que a fauna dos educacionólogos, avaliólogos e outros ornitólogos fez crescer em banha, mas sem músculo, osso e nervo, a estrutura adiposa dos nossos ministérios, onde continua a mandar o ninguém.

 

Bolonha é a última bandeira dos profissionais da pseudo-reforma educativa, esse último reduto dos educacionólogos inventado pela veiga-simonice, onde as criaturas nem sequer têm a categoria do criador, dado que o respectivo papaguear da voz abstracta dos amanhãs que cantam foi recentemente retorcido pelos vários candidatos a reitor-primaz que passaram a circular pelas salas de consulta da renascida Junta de Educação Nacional, entre avaliadores encartadamente aposentados, mas que não dispensam novas aposentadorias, e superburocratas ressaibados que costumam fazer discursos abstractos contra o ensino tradicional, depois de uma viagem de turismo burocrático e sexo dos anjos.
Reparo que eles agora andam à solta, assentes numa gerontocracia dos que não sentem no quotidiano a realidade viva dos alunos e das novas gerações e pouco preocupados com as consequências de desemprego que as respectivas teorias e preconceitos ideológicos produziram, quando a lei atendeu a tal psicopatia sentenciadora. Que venha Bolonha, mas sem bolonheses! Basta usar um par de óculos… a verdade e o honesto esforço não cegam nem se reduzem à dimensão eclipsónica.

Em Portugal, importa notar, quem faz ciência são os cientistas que o praticam e não os metódologos que ocultamente a sentenciam, porque método é mais o caminho para … do que o discurso ideológico ou vingativo sobre o dito, segundo a teoria luisiana do depois de mim o dilúvio, habitual nas deduções cronológico-analíticas dos criadores de livros únicos e dos habituais rebanhos louvaminheiros das jovens viúvas. Ocultismo por ocultismo, prefiro o do regresso dos mágicos que esse ao menos não faz depender o respectivo conceito de investigador do computador que regista os estadualmente subsidiados, com pretende a colonização em curso do novo culturalmente correcto. Só é pena que passe a correr risco a liberdade de pensamento e a sua consequência criativa que é a de ensinar e de aprender. Como homem livre, resistirei!

Mar 23

Viagens ao país de Mariano Gago no século XXI, antes da chegada do MIT

Acabo de ouvir os noticiários radiofónicos do começo da tarde. Reparo no calendário e julgo-me no século XXI. Mas noto que, na primeira notícia, os sindicatos da função pública se manifestam contra as medidas de desburocratização que levam à utilização de novos meios tecnológicos, lançadas sem prévia audição dos trabalhadores e sem promessa de garantia dos respectivos direitos.

A segunda é mais interessante: contra as mesmas medidas clama a Associação dos Industriais de Fotografia, insurgindo-se contra as máquinas digitais, a serem instaladas nas repartições públicas e o cartão único, dado que assim acaba o negócio da fotografia tipo passe que é sessenta por cento da facturação do sector.

Apenas sorrio. E passo às notícias internacionais, com os jovens franceses a fazerem uma grande manifestação em solidariedade com os jovens portugueses que ainda não têm CPE para também protestarem, dado que vivem em regime de recibos verdes, sob um governo da esquerda socialista pura.