Abr 07

nesta resistência de quem procura uma real-utopia

Por cá, nesta resistência de quem procura uma real-utopia, ou tenta encontrar a essência na existência, dizendo que o transcendente afinal pode estar está situado em qualquer raiz do mais além, a tal revolta, que alguns consideram hipérbole e outros metáfora, apenas é registo de um alerta, neste sismógrafo de um “observador comprometido”. Basta repararmos nos impunes burocratas e consultores desta sociedade de Corte que, assumindo o título de reformistas, só porque bebem do fino, continuam o seu trabalho de sapa de inconsciente destruição institucional daquilo que era um dos últimos focos da autonomia nacional e que tinha a ver com um certo conceito cultural de resistência nacional. Veja-se o caso do velho partido dos funcionários que colocava a ideia de competência acima da ideia de lealdade e que nos garantia a continuidade certa perspectiva racional-normativa do Estado Moderno, contra a perspectiva patrimonialista e feudal dos activistas do partido dos fidalgos, do partido dos revolucionários, do partido dos partidocratas e do recente partido dos eurocratas. Outro elemento que vai sendo aniquilado é o partido dos becas, ou magistrados, que, brincando ao Estado dos Juízes, deixou de ter uma ideia de direito e, invertendo a hierarquia, também deixou de reparar que a lei é inferior ao direito e o direito inferior à justiça, aceitando a tolice positivista de não entenderem kantianamente o Estado de Direito, dado confundirem-no com o Estado de Legalidade do “primauté de la loi”. Assim se explica como, nesta encruzilhada, tenham sido assaltados pela simples luta pelos privilégios adquiridos, reduzindo-se a mera “boca que prouncia as palavras da lei”, mas de uma lei que se afasta cada vez mais da vida e transforma os processos em teatro de fingimento, onde “in actis” não está o “mundo”. Já, aliás, tinha sido destruído o velho partido dos tropas, quando, em nome da racionalidade importada das superpotências e das organizações internacionais, os profissionalizaram, impedindo-os do necessário serviço como “espelho da nação” e supremo quadrado da “pátria em perigo”. Infelizmente, regressaram aos quartéis que acabaram transformados em activos imobiliários para uso dos tecnocratas dos patos bravos e das secretarias-gerais das consultadorias multinacionais. Prepara-se agora novo assalto ao que restava da antiga ordem do clero, a universidade, mais por culpa dos universitários que dos inconscientes tradutores em calão da falsa racionalidade importada a que vamos dando os nomes de reforma do ensino superior, de avaliação e de espírito de Bolonha e a que se ligam os nomes de certa gerontocracia que tem como fotografias Veiga certos hierarcas, mediaticamente transformados no selo de qualidade de um processo deixado ao ninguém burocrático de uma certa mentalidade geométrica e unidimensionalizadora que não entende o “esprit de finesse” da unidade na diversidade. Os mesmos que transformaram a autonomia das universidades numa explosão de cogumelos endogâmicos, unidos de forma neocorporativa e neofeudal, através de uma rede de amiguismos e favoritismos, preparam-se agora para uma encenação reformista que, cortando a torto e a direito, tende optar por um “pronto a vestir” feito de índices objectivamente cegos, entregando a sargentos verbeteiros uma missão que devia caber a avaliadores do mérito. Não tardará que os três primeiros anos do novo ciclo de estudos se reduzam ao velho sétimo ano dos liceus ou ao actual 12º ano, para que o 2º ano do novo ciclo de estudos transforme os actuais mestrados no que hoje são as licenciaturas e os futuros doutoramentos, nos actuais mestrados. O mesmo Senhor Estado que definiu “numerus clausus” e planeou licenciaturas, conforme as pressões da lei da selva, espera, agora, que um mercado rigorosamente vigiado e condicionado liquide cerca de quarenta por cento das instituições rechonchudas que as vaidades descontroladas erigiram em fábricas de “sôtôres” pela pressão dos caciques e dos burocratas, quando se exigia centralismo na organização dos concursos para professores e rigoroso controlo de uma oferta estadual descentralizadora das competências, à semelhança dos modelos vigentes nos nossos vizinhos europeus. Basta recordar que, em nome do corporativismo da indústria dos pareceres, consultas e avenças, chegámos a ter trinta faculdades de um curso, mas mantendo-se o mesmo número de doutores do tempo em que só havia duas delas em funcionamento.

Abr 07

Tabus cavacais, pantanais guterristas, fugas de durões e estados de graça socráticos

Anda meio mundo em bicos-de-pé e outro tanto de pé-atrás, dizendo que a culpa é sempre do outro que não nossa: do governo anterior, do regime anterior, do partido que estava, do partido que está, do chefe visível ou da oposição difusa.  Que manda quem pode e obedece quem deve, como dizia António Feliciano de Castilho, mas que quase todos interpretam de forma antiliberal, confundindo o dito com um “slogan” da propaganda salazarenta .  Para mim, é tudo mais simples: há falta daquilo a que metaforicamente se chama espinha. Porque o nosso colectivismo moral, de longas raízes inquisitoriais, recentemente pintadas de esquerdismo, ao variar de “ismo” conforme as modas que passam de moda, continua a cobardia de dizer que tem razão quem vence, fingindo que vale mais um pássaro na mão que dois a voar e que enquanto o pau vai e vem folgam as costas. Prefere o torcer da cobardia ao risco de quebrar e, cedendo à Corte, nunca vive como diz pensar. O que é comum não é de nenhum, como era o lema das nossas aldeias comunitárias, mas que todos interpretam contra os bens públicos. O problema da democracia e das instituições actuais está na circunstância de continuar a existir uma plurissecular má relação entre o Estado e o Povo.  Mantemos um Estado estrangeiro e não conseguimos fazer casar a honra com a inteligência.  Ainda não decepámos as raízes do mal autoritário, ainda não esprememos, gota a gota, aquele escravo que temos dentro de nós e que está sempre disponível para saudar a chegada do usurpador totalitário. O micro-autoritarismo que um difuso subsistema de medo pós-salazarento deixou gerar nas instituições subestatais é a causa da falta de sentido que marca as larvares crises estatais que nos comandam e que levará a que, de um momento para o outro, o estado de graça se afunde nos tabus cavacais, nos pantanais ou nas fugas.

Abr 07

Tabus cavacais, pantanais guterristas, fugas de durões e estados de graça socráticos

Apenas para marcar a agenda e recordar que, hoje, 7 de Abril, data do nascimento de São Francisco Xavier, em 1506, e de Almada Negreiros, em 1893, também D. Pedro foi obrigado a abdicar de Imperador do Brasil (1831) e começou a conspiração de Saldanha contra os Cabrais, que vai dar origem à Regeneração (1851).

 

Já em 1921 surgia o “Diário de Lisboa” e, em 1983, no Algarve, numa reunião da Internacional Socialista, era abatido Issam Sartawi, coisa que levou a que recriássemos, quase à pressa, aquilo que são hoje os nossos serviços de informação.

 

 

 

Dos tempos que hoje nos circundam, apenas os tento digerir, em dor de solidão ou minoria. Anda meio mundo em bicos-de-pé e outro tanto de pé-atrás, dizendo que a culpa é sempre do outro que não nossa: do governo anterior, do regime anterior, do partido que estava, do partido que está, do chefe visível ou da oposição difusa.

 

Que manda quem pode e obedece quem deve, como dizia António Feliciano de Castilho, mas que quase todos interpretam de forma antiliberal, confundindo o dito com um “slogan” da propaganda salazarenta.

 

Para mim, é tudo mais simples: há falta daquilo a que metaforicamente se chama espinha. Porque o nosso colectivismo moral, de longas raízes inquisitoriais, recentemente pintadas de esquerdismo, ao variar de “ismo” conforme as modas que passam de moda, continua a cobardia de dizer que tem razão quem vence, fingindo que vale mais um pássaro na mão que dois a voar e que enquanto o pau vai e vem folgam as costas. Prefere o torcer da cobardia ao risco de quebrar e, cedendo à Corte, nunca vive como diz pensar.

 

 

 

 

O que é comum não é de nenhum, como era o lema das nossas aldeias comunitárias, mas que todos interpretam contra os bens públicos.

 

O problema da democracia e das instituições actuais está na circunstância de continuar a existir uma plurissecular má relação entre o Estado e o Povo.

 

Mantemos um Estado estrangeiro e não conseguimos fazer casar a honra com a inteligência.

 

Ainda não decepámos as raízes do mal autoritário, ainda não esprememos, gota a gota, aquele escravo que temos dentro de nós e que está sempre disponível para saudar a chegada do usurpador totalitário.

 

O micro-autoritarismo que um difuso subsistema de medo pós-salazarento deixou gerar nas instituições subestatais é a causa da falta de sentido que marca as larvares crises estatais que nos comandam e que levará a que, de um momento para o outro, o estado de graça dos Sócrates se afunde nos tabus cavacais, nos pantanais guterristas ou nas fugas dos durões.

Abr 07

O pronto a vestir unidimensionalizador e o fim do pluralismo das velhas resistências nacionais (funcionários, becas, tropas e professores)

Quando tenho mais de meia hora em plenitude para viajar na blogosfera, vou notando muito cair da folha por parte dos tais que, chegando (veni) e mal vendo (vidi), logo dizem que venceram (vinci), para, mais depressa, se irem desta nova zona de comunicação humana para outra secção do Estado-Espectáculo, onde lhes paguem, depois de, aqui, procurarem polémicas para contadores de visitas e se candidataram a papas da vaidade. Nunca os citei ou referenciei, porque, como agora se demonstra, não valia a pena.

 

Apenas resisto neste devagar do semear navegador. Porque, por cá, nesta resistência de quem procura uma real-utopia, ou tenta encontrar a essência na existência, dizendo que o transcendente afinal pode estar está situado em qualquer raiz do mais além, a tal revolta, que alguns consideram hipérbole e outros metáfora, apenas é registo de um alerta, neste sismógrafo de um “observador comprometido”.

 

Basta repararmos nos impunes burocratas e consultores desta sociedade de corte que, assumindo o título de reformistas, só porque bebem do fino, continuam o seu trabalho de sapa de inconsciente destruição institucional daquilo que era um dos últimos focos da autonomia nacional e que tinha a ver com um certo conceito cultural de resistência nacional.

 

Veja-se o caso do velho partido dos funcionários que colocava a ideia de competência acima da ideia de lealdade e que nos garantia a continuidade certa perspectiva racional-normativa do Estado Moderno, contra a perspectiva patrimonialista e feudal dos activistas do partido dos fidalgos, do partido dos revolucionários, do partido dos partidocratas e do recente partido dos eurocratas.

 

Outro elemento que vai sendo aniquilado é o partido dos becas, ou magistrados, que, brincando ao Estado dos Juízes, deixou de ter uma ideia de direito e, invertendo a hierarquia, também deixou de reparar que a lei é inferior ao direito e o direito inferior à justiça, aceitando a tolice positivista de não entenderem kantianamente o Estado de Direito, dado confundirem-no com o Estado de Legalidade do “primauté de la loi”. Assim se explica como, nesta encruzilhada, tenham sido assaltados pela simples luta pelos privilégios adquiridos, reduzindo-se a mera “boca que prouncia as palavras da lei”, mas de uma lei que se afasta cada vez mais da vida e transforma os processos em teatro de fingimento, onde “in actis” não está o “mundo”.

 

Já, aliás, tinha sido destruído o velho partido dos tropas, quando, em nome da racionalidade importada das superpotências e das organizações internacionais, os profissionalizaram, impedindo-os do necessário serviço como “espelho da nação” e supremo quadrado da “pátria em perigo”. Infelizmente, regressaram aos quartéis que acabaram transformados em activos imobiliários para uso dos tecnocratas dos patos bravos e das secretarias-gerais das consultadorias multinacionais.

 

Prepara-se agora novo assalto ao que restava da antiga ordem do clero, a universidade, mais por culpa dos universitários que dos inconscientes tradutores em calão da falsa racionalidade importada a que vamos dando os nomes de reforma do ensino superior, de avaliação e de espírito de Bolonha e a que se ligam os nomes de certa gerontocracia que tem como fotografias Veiga Simão, Adriano Moreira ou Mariano Gago, mediaticamente transformados no selo de qualidade de um processo deixado ao ninguém burocrático de uma certa mentalidade geométrica e unidimensionalizadora que não entende o “esprit de finesse” da unidade na diversidade.

 

Os mesmos que transformaram a autonomia das universidades numa explosão de cogumelos endogâmicos, unidos de forma neocorporativa e neofeudal, através de uma rede de amiguismos e favoritismos, preparam-se agora para uma encenação reformista que, cortando a torto e a direito, tende optar por um “pronto a vestir” feito de índices objectivamente cegos, entregando a sargentos verbeteiros uma missão que devia caber a avaliadores do mérito. Não tardará que os três primeiros anos do novo ciclo de estudos se reduzam ao velho sétimo ano dos liceus ou ao actual 12º ano, para que o 2º ano do novo ciclo de estudos transforme os actuais mestrados no que hoje são as licenciaturas e os futuros doutoramentos, nos actuais mestrados.

 

O mesmo Senhor Estado que definiu “numerus clausus” e planeou licenciaturas, conforme as pressões da lei da selva, espera, agora, que um mercado rigorosamente vigiado e condicionado liquide cerca de quarenta por cento das instituições rechonchudas que as vaidades descontroladas erigiram em fábricas de “sôtôres” pela pressão dos caciques e dos burocratas, quando se exigia centralismo na organização dos concursos para professores e rigoroso controlo de uma oferta estadual descentralizadora das competências, à semelhança dos modelos vigentes nos nossos vizinhos europeus. Basta recordar que, em nome do corporativismo da indústria dos pareceres, consultas e avenças, chegámos a ter trinta faculdades de um curso, mas mantendo-se o mesmo número de doutores do tempo em que só havia duas delas em funcionamento.