Mai 03

A antiquíssima lógica do homem de sucesso continua a considerar que o poder pelo poder vale sempre uma qualquer missa.

Porque as metodologias e os subsolos filosóficos que ainda marcam as cabecinhas e as idiosincrasias de antigos activistas dos totalitarismos de extrema-direita e de extrema-esquerda, tardiamente convertidos ao pluralismo, são especialmente ressurgentes quando, em vez de um espontâneo processo de amadurecimento, lhes sucede a recidiva. Que até pode ser um desses encontros imediatos de primeiro grau provocados pelo oportunismo carreirístico que lhes deu a ilusão da conquista do poder. Indo estes falsos Saulos, a caminho de Viseu, pelo que julgam ser a estrada de Damasco, a luz que pensam vir-lhes do alto pode ser a continuidade da nebulosa índole saneadora e inquisitorial, onde apenas há mudança no objecto da persiganga. E, graças à pretensa Viradeira, ei-los que passam de revolucionários a reaccionários, ou vice-versa, por obra e graça do mero preenchimento de uma ficha partidária, onde até se aliam a antigos adversários de objectivos, mas que sempre com eles coincidiram na mesma metodologia totalitária. Porque todos eles continuam a considerar que, na política, os proclamados fins justificam todos os meios. A antiquíssima lógica do homem de sucesso continua a considerar que o poder pelo poder vale sempre uma qualquer missa.

 

Mai 03

A necessária pátria da discórdia criativa que tenha amor pela complexidade

Volto a denunciar o super-Estado eurocrata que usurpou a ideia de Europa, cedendo ao método bismarckiano dos Estados-Directores que instrumentalizaram o federalismo, transformando-o em instrumento da comissão de Bruxelas e da oligarquia partidocrática que, de vez em quando, visita Estrasburgo. A Europa, que devia ser uma democracia de muitas democracias, perdeu o sonho do Congresso de Montreux, de 1947, quando, segundo Rougemont, ainda era uma “pátria da discórdia criativa”, assente no “amor pela complexidade e num programa de “dividir para unificar”, dividir os estadualismos e soberanismos herdeiros de impérios antipolíticos e libertando nações sem Estado, retomar a senda da “res publica christiana” ou da república universal.  Ora, não me parece que a defunta constituição valéria, nascida de um acordo do PPE com o PSE, consiga que o projecto europeu se institucionalize, segundo os clássicos conselhos de Hauriou. Porque não bastam regras estatutárias, mesmo oriundas de uma constituição-pudim. Antes de tudo, é urgente uma ideia de obra ou de empresa e, depois, que se gerem manifestações de comunhão entre os membros da instituição. Se não houver esse plebiscito quotidiano, a Europa nunca será uma comunidade das coisas que se amam. Talvez por isso me veio à ideia a criação de um movimento rebelde que ajude à resistência dos homens livres que estão fartos desta santa aliança de socialistas e salazarentos que foi usurpando os meandros do ninguém da construção europeia e dos lóbis que não uivam do ensino dito privado, dito público, dito concordatário e dito cooperativo, onde uma gerontocracia abstracta, aliada a intelectuais e políticos frustrados nos continua a oprimir. Talvez tenha chegado a hora de um novo “studium generale”, de uma verdadeira unidiversidade, de uma “universitas scientiarum” que não esteja dependente do programa colectivista de reformas e da habitual camarilha que, depois de chorudamente aposentada, pretende continuar a mandar na liberdade de ensinar e aprender. Estou disponível para uma construção feita em nome da razão, da vontade e dessa terceira potência da alma a que sempre se chamou imaginação. Abaixo os bonzos da ciência e da universidade! Vivam os homens livres!

Mai 03

A necessária pátria da discórdia criativa que tenha amor pela complexidade

Não, hoje não vou falar no dia do nascimento de Nicolau Maquiavel, em 1469, prefiro a ética tradicional portuguesa de D. João II e recordar o que ontem conferenciei em Santarém, onde voltei a denunciar o super-Estado eurocrata que usurpou a ideia de Europa, cedendo ao método bismarckiano dos Estados-Directores que instrumentalizaram o federalismo, transformando-o em instrumento da comissão de Bruxelas e da oligarquia partidocrática que, de vez em quando, visita Estrasburgo.

 

A Europa, que devia ser uma democracia de muitas democracias, perdeu o sonho do Congresso de Montreux, de 1947, quando, segundo Rougemont, ainda era uma “pátria da discórdia criativa”, assente no “amor pela complexidade e num programa de “dividir para unificar”, dividir os estadualismos e soberanismos herdeiros de impérios antipolíticos e libertando nações sem Estado, retomar a senda da “res publica christiana” ou da república universal.

 

Ora, não me parece que a defunta constituição valéria, nascida de um acordo do PPE com o PSE, consiga que o projecto europeu se institucionalize, segundo os clássicos conselhos de Hauriou. Porque não bastam regras estatutárias, mesmo oriundas de uma constituição-pudim. Antes de tudo, é urgente uma ideia de obra ou de empresa e, depois, que se gerem manifestações de comunhão entre os membros da instituição. Se não houver esse plebiscito quotidiano, a Europa nunca será uma comunidade das coisas que se amam.

 

Voltou hoje ao ritmo das aulas na cidade capitaleira e entro numa universidade que está à espera do senhor ninguém, a que hoje damos o nome de bolonhocracia que é coisa que os magníficos reitores e o meu reitor-primaz negoceiam com a excelência ministerial das universidades, da ciência e dos dinheiros do FCT. Coisa tão abstractamente redutora e tão jacobinamente pombalista quanto foram as patetices da burocracia dita reformadora do veiga-simonismo, ou dita avaliadora do adrianismo, esses rolos compressores de homens livres que contribuíram para que a culpa morresse sempre solteira e que os cemitérios continuassem cheios de insubstituíveis, especialmente dos psicopatas sentenciadores que querem continuar a emitir deduções cronológicas e analíticas.

 

Reparo na notícia do “Correio da Manhã” sobre os 49 euros e não sei quantos com que o historiador-deputado não sei quantos, militante do santanismo, paga como renda de um andar, concedido pela vereação lisboeta também santanista, só porque ele tem um centro qualquer de que é o único sócio. E angustia-me ter que ir para uma dessas sessões universitárias, à espera de Bolonha, do Conselho de Reitores, do Ministro da Ciência ou dos eurocratas, onde manda quem não pode e tem que obedecer quem não deve.

 

Talvez por isso me veio à ideia a criação de um movimento rebelde que ajude à resitência dos homens livres que estão fartos desta santa aliança de socialistas e salazarentos que foi usurpando os meandros do ninguém da construção europeia e dos lóbis que não uivam do ensino dito privado, dito público, dito concordatário e dito cooperativo, onde uma gerontocracia abstracta, aliada a intelectuais e políticos frustrados nos continua a oprimir. Talvez tenha chegado a hora de um novo “studium generale”, de uma verdadeira unidiversidade, de uma “universitas scientiarum” que não esteja dependente do programa colectivista de reformas e da habitual camarilha que, depois de chorudamente aposentada, pretende continuar a mandar na liberdade de ensinar e aprender. Estou disponível para uma construção feita em nome da razão, da vontade e dessa terceira potência da alma a que sempre se chamou imaginação. Abaixo os bonzos da ciência e da universidade! Vivam os homens livres!