O partido mais à direita da direita parlamentar, continuando a ser a direita que convém à esquerda, gosta mais de dizer que é do centro-direita e até preferiria que pudesse haver um partido mais à direita, que lhe desse respeitabilidade junto da esquerda com quem gosta de nomear ministros. Continua a saga de termos um discurso programático à esquerda dos respectivos líderes, líderes à esquerda dos respectivos militantes e militantes à esquerda dos respectivos eleitores. Porque, na prática, a teoria é outra, de boas intenções está o inferno da direita cheio, onde a sucessiva deserção dos marechais provoca o desemprego das respectivas viúvas carpideiras, num tempo em que os partidos são cada vez mais grandes empresas públicas multinacionais, gerindo fundos estruturais europeus e estatais, mas onde a soma de todos os respectivos militantes pode mostrar que, em termos de eleições directas, os ditos não mobilizam mais gente do que os eleitores que se mobilizam para a eleição dos presidentes do Porto, do Sporting e do Benfica. Os partidos da direita que temos podem transformar-se em meros alvarás cobrindo um vazio de ideias de obra e de manifestações de comunhão entre os respectivos aderentes, gerando aquilo que um antigo hierarca de um deles dizia: somos um grupo de amigos que cordialmente se odeiam. A direita que temos, a tal que está à direita sem ser de direita, não precisa de ser mais à direita ou de pedir que venha um partido mais à direita para poder ganhar respeitabilidade junto dos parceiros de esquerda situacionista que os podem chamar para o poder. No fundo, a respectiva coluna invertebrada é tão moluscular quanto a de um primeiro-ministro socialista que veio da militância do PSD, quanto o anterior primeiro-ministro do PSD veio do MRPP, para não falarmos dos ex-PCP que agora são deputados da direita ou agentes dos capitalismo multinacional.