Dez 19

OS MEUS VOTOS DE BOM NATAL, NESTAS VÉSPERAS DE SOLSTÍCIO, EM PLENA GUERRA QUE NÃO É FORMALMENTE GUERRA

Voltei agora do Rádio Clube Português, onde, sem música de natal e ida ao hipermercado para comprar prendinhas, me juntei às vozes dos que, na senda de Kant, de Cristo, dos estóicos ou de Confúcio continuam a clamar por uma paz que não seja a paz dos cemitérios, mas apenas a declaração do fim de guerra de todos contra todos, como é esta falsa ordem internacional ditada pela falsa paz dos vencedores. Porque, se a nível interno dos Estados de Direito conseguimos a imperfeita institucionalização dos conflitos, a que damos o nome de democracia pluralista, ainda não demos passos mínimos para acabar com o regime de estado de natureza entre os Estados e as soberanias. Ainda não assumimos o programa de Kant, datado de 1795, lançando as sementes de um verdadeiro direito universal, capaz de dar justiça aos homens de boa vontade.

A ditadura dos Estados a que chegámos e as páginas escritas pela história dos vencedores, entre as duas superpotências da guerra fria, esses escorpiões venenosos que se mordiam dentro de uma garrafa, e a presente desordem internacional bem organizada, com uma só república imperial e um cube de vencedores, expresso pelos membros permeanentes do Conselho de Segurança da ONU, constitui a negação da terra dos homens livres. Importa que a história volte a poder ser escrita pelos vencidos e pela esperança dos desesperados.

Criemos uma arquitectura institucional universal feita de acordo com os interesses e os valores da maioria da humanidade que ainda faz parte da história dos vencidos. Acarinhemos as liberdades individuais, da sociedade civil internacional e das nações que rimem com libertação e com comunidade de destino no universal. Entendamo-nos à maneira de Fernando Pessoa: o Estado está acima do Cidadão, mas o Homem está acima do Estado. A nação é apenas a forma de passagem para a super-nação futura. Tudo pela Humanidade, nada contra a Nação.

O homem internacional ainda continua a ser pior do que o hobbesiano lobo do homem. Muito lorenzianamente somos, cada vez mais, ratos do próprio homem. Só os valores universais do respeito pela institucionalização dos conflitos e um verdadeiro modelo de Estado de Direito universal nos poderá dar a necessária justiça, com a consequente paz na terra, para os homens de boa vontade.

Dez 17

Não tapemos o sol com uma peneira..

Acordo. Abro as janelas. Deixo entrar o sol desta quase invernia, plena de luz. Passo os olhos pelos jornais da “net”. Recordo a última tarde deste fim do Outono, quando os restos de sol acariciavam a cidade. Esqueço. Porque quando tentamos matar saudades da cidade, nessa procura do tempo perdido, acabamos sempre em cogitadelas sobre a fatalidade da globalização, quando tropeçamos com uma qualquer loja dita dos trezentos, ou com um muçulmano do subcontinente indiano a vender luzinhas de Natal, distribuídas pelos grossistas da Rua do Bemformoso. Vale-nos que noutra esquina dessa peregrinação, logo topamos com Fernando Pessoa a sair da Rua dos Douradores e nos reconciliamos com a pátria.
Leio os jornais da rede que me chegam ao computador. Reparo que as revelações de Carolina continuam a fazer parangonas, reagindo agora contra a quebra do silêncio do principal visado. Noto como o aparelho de Estado, pressionado pelo quarto poder, decidiu atacar a corrupção, analisando a folha de árvore da futebolítica, mas sem querer enfrentar a floresta. Temo que este uso de meios supremos para coisas modestas, ao analisar a parte não nos permita compreender o todo. Os pequenos crimes da corrupção desportiva são bem menos graves do que aqueles que afectam a confiança pública na democracia representativa. O mundo das relações jurídicas não é o mundo das relações sociais. O direito não é a vida. Se os órgãos do Estado decidiram juridificar o mundo desportivo chamando-o para o teatro da lei, dos polícias e dos tribunais cometeram o erro de violar o princípio da subsidiariedade, dado que uma ordem superior nunca deveria interferir na esfera de autonomia de uma ordem inferior. A chamada “verdade desportiva” nunca deveria ser estadualmente defendida, porque, se ao cairmos neste logro quase cometemos no mesmo vício da Inquisição, quando atribuiu ao braço secular a defesa de valores religiosos. Se um Estado laico não deve meter a sua “langa manus” na estrutura de autonomia jurídica de uma ordem religiosa, muito menos deve desperdiçar os bens escassos postos ao serviço da investigação criminal a saber como foram nomeados árbitros ou a demonstrar que a grande penalidade foi mal aplicada.
Menos Estado e melhor Estado implica reconhecermos que o direito estadual não é a única ordem normativa vigente. Importa reforçarmos a ordem normativa da moral, a ordem normativa das religiões e, naturalmente, a ordem normativa das próprias organizações desportivas. Atacar a corrupção desportiva, derperdiçando meios que deveriam ser usados para outros fins, nomeadamente o mundo do financiamento partidário ou da evasão fical é apenas continuarmos a tapar o sol com uma peneira. Os processos de compra de poder no mundo do futebol apenas deveriam interessar ao Estado quando fossem reveladores de interferência desse mundo na ordem superior, mas a metodologia de andar atrás da opinião pública pode revelar-se uma má conselheira. Acordo. Abro as janelas. Deixo entrar o sol desta quase invernia, plena de luz.

Dez 15

AS FRASES QUE NOS HÃO-DE SALVAR JÁ ESTÃO TODAS ESCRITAS, FALTA APENAS SALVAR-NOS

Atirei com bolas de oiro

à janela do morgado.
Acertei na morgadinha.
Ai Jesus! Estou desgraçado!
Ai Jesus! Estou desgraçado!
Ai Jesus vou p’rá cadeia!

Depois de sabermos que o Sporting de Braga conseguiu passar para a fase seguinte das competições europeias e de se confirmar a nomeação de Maria José Morgado para a centralização dos processos de investigação relativos à corrupção no futebol, o país acordou descansado e disponível para ouvir o chefe do grupo parlamentar do PP-CDS anunciar o lançamento da candidatura de Paulo Portas à substituição de Zé Ribeiro e Castro, agora que Maria José Nogueira Pinto está mobilizada pelo “não” à IVG e que Manuel Monteiro se congratulava com o discurso da magistrada Morgado no Congresso do seu PND. As tribos desavindas do Largo do Caldas continuam sem marcar um golo à Braga e assim não acederão à fase seguinte da competição política, nem com a gratidão da Conferência Episcopal Portuguesa.

Acertei na morgadinha
que estava a fazer meia.
Que estava a fazer meia
que estava no seu balcão.
Acertei na morgadinha
foi mesmo no coração.

Esperemos que a magistrada consiga transformar em prática os respectivos discursos em tudo o que é “agenda setting”, que consiga transformar as respectiva “verba” numa eficaz “res” para bem da coisa pública e da necessária confiança do povo naqueles que, constitucionalmente, administram a justiça em nome do mesmo povo, mesmo que agora tenha de encerrar-se na exigente gestão dos silêncios. Esperemos que a montanha não venha a parir os ratinhos que, às vezes, se sucedem aos gémitos imensos.

Foi mesmo no coração
onde havia de acertar!
Agora vou p’rá cadeia
ninguém me pode salvar.

Preferia que tudo acontecesse segundo as clássicas regras da eficácia, como aconteceu com a estrutura judiciária de Coimbra sobre o processo que envolve o presidente da AAC, que só veio para os jornais no dia seguinte, embora reconheça que, neste momento, a PGR tem que saber lidar com o facto consumado, dos presentes julgamentos populares da opinião pública. Preferia que, em vez das presentes tragicomédias, em ritmo de telenovela, surgisse por aí um ministro da justiça que repetisse o modelo do ovo de Colombo, batendo à porta de um qualquer José Alberto dos Reis e optasse por uma limpeza científica nesta sucessão de reformas processuais, para que o urgente Manuel Rodrigues não seja mais uma vez um ministro da Ditadura Nacional.

De outra maneira, poderá ser que se opte pelo modelo do relatório alienígena, como acontece com o presente relatório da OCDE sobre o ensino superior em Portugal, com Alberto Costa a utilizar o modelo de Mariano Gago, pedindo aos juízes Baltazar Garzón e António Prieto que façam um relatório sobre a nossa endogamia, conservadora do que está, depois de não saber conservar o que deve ser. E de relatório em relatório até podemos abdicar dos restos da nossa autonomia pensante, até podemos extinguir a nossa própria liberdade nacional, abrindo um concurso público internacional de consultadoria para a própria governação.

 

 

 

Depois de breve incursão naquele Portugal profundo que é a barresiana pátria, a terra sagrada pelos meus mortos, volto ao circuito capitaleiro, das grandes novas do Estado a que chegámos e do universo televisivo, feito à imagem e semelhança de um país bem pequenino: o dos valores dos colégios pretensamente finos do capitaleirismo que formaram esta geração que pretende controlar a nossa opinião pública, onde os heróis cívicos têm que ser ex-MRPPs como foi a mamã, nos velhos tempos do PREC, quando falava em libertação, só porque tinha no quarto um poster do “make love, not war”. Reparo que os discursos dos políticos continuam perdidos no inferno das boas intenções, onde continua a ter razão quem vence e onde, há muito, não vence quem tem razão.

Reparo que continuamos a ter medo de sermos quem devemos ser, esta mistura de pragmatismo e aventura que nos levou a dar novos mundos ao mundo, mas que hoje se vai diluindo nesta mesquinha procura do antes torcer que quebrar, com cedência aos neofeudalismos e neocorporativismos, especialmente quando a cidadania se esgota no indiferentismo. Porque continuamos dominados por aquela falta de organização do trabalho nacional que raramente consegue praticar a urgente avaliação do mérito.

Temo que continue esta falta de autenticidade dos políticos profissionais que tivemos de eleger e que se acentue o fosso entre as expectativas geradas e a constante falta de respeito pela palavra dada, levando a que se torne regra este processo segundo o qual, na prática, a teoria é outra. Bem gostaria que a honra voltasse a casar-se com a inteligência, que a moral voltasse a guiar os homens livres e que a economia não subvertesse a política.

Ouço que Saddam vai ser enforcado nos próximos trinta dias, temo que a guerra internacional contra o terrorismo assente na falsa ideia do conflito de civilizações e que a república imperial que resta não volta a ser luzeiro das liberdades e da justiça.
Reparo que Sócrates e os socialistas que nos governamentalizam correm o risco de nos continuar a salazarizar, em nome de uma Europa de merceiros e contabilistas, enquanto a sociedade civil continua a rimar com Pinto da Costa e o PSD não consegue ser oposição ao Bloco Central, ao memso tempo que o CDS não consegue sair da sacristia e todos se diluem num ritmo de “agenda setting” fiel ao conceito dos mecenas bancários.

Bem apetecia que a União Europeia caminhasse do Atlântico para os Urais e integrasse Bizâncio, para que a igrejinha de Mértola voltasse a ser templo, sinagoga, mesquita e capela do monte. Para que os socialistas fossem mais liberais por dentro, para que os comunistas se convertessem ao pluralismo e os direitistas se tornassem menos reacionários. Para que também desaparecesse este refúgio de um centro mole e difuso e surgisse o necessário centro excêntrico, onde muitos pudessem radicalmente militar, sem necessidade de serem queimados como extravagantes, só porque não querem descobrir o que já está descoberto, nem inventar o que já está inventado.

Dez 14

A GENTE SE TRANSFORMA NO CAMINHO DO MEIO, NÃO É NEM DUM NEM DOUTRO

Não há nada como dar uma volta pela imprensa brasileira, para nos vermos livres destas tenazes do “agenda setting” de certo portugalório. Foi com um breve sorriso que reparámos na circunstância de Luiz Inácio Lula da Silva, na passada terça-feira ter proclamado que “quem tem 60 anos e se diz de esquerda tem problemas, e quem é jovem e se diz de direita também tem”, argumentando também que, com o passar do tempo as pessoas deixam de adotar posicionamentos radicais em relação à política. “Quando a gente tem 60 anos, é a idade do ponto de equilíbrio, porque a gente não é nem um nem outro”, disse. “A gente se transforma no caminho do meio, aquele caminho que precisa ser seguido pela sociedade”.

Perante o coro de protestos que se levantou de sessentões e setentões que permanecem na esquerda e que o acusaram de camaleão, o presidente veio dizer que apenas disse uma brincadeira. Podemos concordar com todos. Ele não definiu esquerda nem direita, apenas definiu o situacionismo que gosta de dizer que não é de esquerda nem de direita, porque está acima das partes e dos partidos. Já Estaline quase tinha dito o mesmo. Tal como Salazar nunca se disse da esquerda e muito menos da direita. Aliás, o nosso fantasma, quando era militante de uma causa, num regime pluralista, apesar de imperfeito, o da I República, chegou a deputado de um partido dito do centro, apesar de católico, o qual não se eximiu de amplos elogios ao governo de António Maria da Silva, o símbolo máximo do republicanismo situacionista no pós-guerra. Por outras palavras, todos eram “bonzos”, como então se dizia de Silva, cercado por “endireitas” e “canhotos”.
Este mesmo António Maria da Silva acabou por ser derrubado pelo 28 de Maio, liderado pelo almirante Mendes Cabeçadas, um dos activistas do 5 de Outubro de 1910 e, depois, golpista contra Salazar. Mas também este acabou por ser ultrapassado por Gomes da Costa, militante dos radicais republicanos, para depois ser esmagado por Óscar Carmona, num jogo de empatas que veio a ser deglutido pelo tecnocrata Salazar que aproveitou os escombros e supendeu a política durante quase meio século, instaurando um sistema doméstico de poder, nesse paternalismo que é a melhor demonstração de regresso ao “oikos despote” das teorias aristotélicas-

Lula da Silva apenas disse o óbvio, pôs em voz alta o que pensam os homens do poder. Todos tendem a abusar do poder que conquistam, mesmo que o tenham conquistado pelas virtudes da democracia. E a única maneira de o evitarmos é estabelecermos o sistema dos travões proposto por Montesquieu, a tal separação de poderes e o tal estabelecimento de contrapoderes, ou de forças de bloqueio segundo os lamentos de Cavaco quando era primeiro-ministro, o tal modelo que faz a democracia contemporânea, onde, segundo Popper, interessa menos sabermos quem manda, mas antes como se controla o poder dos que mandam, como representantes do todo. Porque até a virtude precisa de limites, conforme o eterno mestre de La Brède.

 

 

Resposta dada ao Semanário “O Diabo” sobre o que mais receio e o que mais desejo para 2007:

Entre receios e desejos, bem apeteceria responder como homem comum, e dizer de forma democrática e pluralista, tanto o “saúde e fraternidade” da I Republica, como o slogan de Fernando Pessoa, a gozar com um dos primeiros lemas do Estado Novo “tudo pela Humanidade, nada contra a Nação”. Por isso temo que o socratismo nos continue a salazarizar, em nome de uma Europa de merceeiros mentais, que o PSD não lidere a oposição ao Bloco Central de interesses e que a autonomia da sociedade civil não assente nos homens livres da finança e dos partidos. No plano internacional, porque acredito que a Europa das liberdades nacionais e da autonomia das pessoas pode voltar a caminhar do Atlântico aos Urais, receio que não se siga a lição de Kant de 1795 e que continue esta anarquia ordenada e esta falta de ordem universal, marcada pela confusão que a república imperial que resta continua a fazer entre os sonhos da humanidade e o respectivo interesse nacional. 

Desejava mesmo que D. Sebastião não tivesse morrido, para podermos ter o verdadeiro poder dos sem poder, sem apocalipses nem teorias da conspiração. Para tanto, seria conveniente restaurarmos a “res publica”, a fim de cercarmos a coroa aberta desse império sem imperador com instituições de cidadania. Por nós, bastaria que entrássemos em verdadeira organização do trabalho nacional, partindo do respeito pela palavra dada por aqueles que têm o mérito de viverem como pensam, porque neste tempo de homens lúcidos convém ter a lucidez de continuar ingénuo. Daí exigir o regresso da justiça que sempre foi o de cada um conforme as suas possibilidades, para podermos dar a cada um conforme as suas necessidades, misturando a honra do “antes quebrar que torcer”, com a inteligência dos que não têm medo e não cedem à cobardia dos que dizem que tem razão quem vence, embora saibam que, por cá, continuam a vencer os que não têm razão.

Dez 13

DA NECESSÁRIA UNIVERSIDADE DE HOMENS LIVRES À MEMÓRIA DE MARCELLO CAETANO

Ora aí está uma excelente notícia, com a OCDE a descobrir aquilo que alguns têm vindo a proclamar: que universidades e politécnicos públicos passem, gradualmente, a ser fundações financiadas pelo Estado, mas geridas como se fossem do sector privado, e que professores e trabalhadores não-docentes das escolas percam o vínculo ao Estado e deixem de ser funcionários públicos. Por mim, julgo já o ter proposto, com as letras todas, numa conferência que proferi no Instituto Francisco Sá Carneiro em 3 de Outubro de 2000, a convite de José Manuel Durão Barroso, onde também denunciava, de forma veemente, a sistémica avalióloga que estava a emergir. Sofri as consequências persecutórias de ter tido razão antes do tempo.

Como liberal que sou, mas defensor da não fragmentação do papel supletivo do aparelho de Estado, quero que esta forma de comunitarização das universidades, à maneira das “corporations” anglo-americanas, nos consiga libertar das teias do salazarento corporativismo e do seu irmão gémeo negocista, com que muitos socialistas e sociais-democratas traduzem as belas ideias de desregulação e de desestadualização, ao reduzirem-nas aos fins do lucro e da subsidiocracia.

Porque a destruição do modelo pombalista, napoleónico e salazarista de universidade deve ser acompanhada pelo lançamento de uma forte política pública de criação de um sistema de creditação, que garanta a efectiva igualdade de oportunidades. Mas esta novidade, que, afinal, é um regresso ao conceito medieval de corporação de mestres e sociedade, além de ser flagrantemente inconstitucional, não tem raízes na nossa tradição de deduções cronológico-analíticas, embora seja a mais conveniente para as manobras de engenharia financeira do nosso combate ao défice orçamental, com o governo a poder lavar as mãos como Pilatos e a cair numa espécie de governação sem governo, típica das pilotagens automáticas que pouco se preocupam com as liberdades nacionais.

Com alguma desta gente educacionóloga e avalióloga, corremos o risco de uma asiatização do nosso sistema de ensino superior e poderemos cair nas garras sorridentes do grande negocismo, como ocorreu com o lançamento das quase defuntas privadas, cuja imagem de marca se perdeu no Tribunal de Monsanto. Mas vale a pena tentarmos. Os tempos que nos devoram exigem que a ideia de universidade passe a rimar com os homens livres.

Por estas e por outras é que ontem me calei em blogue. Há dias em que, de tanto dizermos diante de outros públicos, nada dizemos a esta anónima comunidade blogueira, com quem, quase quotidianamente interagimos, executando este papel de publicistas, onde procuramos não confundir o privado com o publicitado, o ramo da árvore com a floresta, os grupos institucionais de conflitos com a pátria e até as tecnocratices com a ideia de “universitas scientiarum”.

Ontem foi mais um dia de muitos outros onde não descobri o silêncio nem a falta de paraíso, com mais uma prova de doutoramento onde fui um dos arguentes e uma conferência em memória de um dos maiores professores universitários do século XX que, por acaso foi presidente mandador mor da nossa república. Um dos que viveu a angústia do conflito entre a ética da convicção, como deve ser a razão da Universidade, e a ética da responsabilidade, que faz submergir o humanismo no mar maquiavélico da chamada razão de Estado.

E Marcello Caetano, é dele que estamos falando, não conseguiu conciliar o lume da dita racionalidade finalística (a Zweckrationalitat de Weber) com o lume da dita profecia (Padre António Vieira), equivalente à weberiana racionalidade valorativa (Wertrationalitat). Ficou-se pela angústia, pela fidelidade a uma certa ideia eterna de universidade e pelo sonho de um certo patriotismo científico. Faz hoje parte da nossa história dos vencidos e por isso continua eterno.

Dez 13

Tratado dos Jerónimos

Hoje é dia dito de festa, pelo Tratado dos Jerónimos, à beira Tejo. E a cidade de Lisboa associou-se ao evento, com transportes gratuitos, bandeirinhas e os museus de porta aberta, sem bilhete de entrada. Sócrates e Amado, cansados, mas felizes, esqueceram a cena de ontem no parlamento europeu, com aquela meia dúzia de membros de um rancho folclórico que, não obedecendo aos ditames das duas principais multinacionais partidárias da Europa, exigiram que os povos referendassem o tratado. O primeiro, até logo os carimbou de “anti-europeus”. E com toda a razão. Pelo menos, o povo português apenas está dividido entre o Senhor Feliz e o Senhor Contente. Sobretudo pelas provocações que me gerou. Primeiro, a falta que faz um manual de memória estratégica do Portugal Universal. Sobretudo, para tratar da heterodoxia do abraço armilar. Por isso, recordei o lema que D. João II entregou ao futuro cunha do, quando lhe deu a armilar como símbolo: “spera, sphera, sperança”. Em segundo lugar, também recordar o plano estabelecido logo a seguir a 1640, visando a mudança da capital para o Rio de Janeiro, já programada por D. Pedro II. Em terceiro, para assinalar a jogada dos portugueses da terra de Salvador Correia de Sá para reconquistarem Angola, fundando uma nova São Paulo que agora apenas se conhece pela terminação “de Luanda”. E acima de tudo, a memória do José Bonifácio, o tal agente militar do Conselho Conservador que integrou um batalhão académico que resistiu a Junot. Porque sem a independência de Bonifácio não poderia continuar a América Portuguesa, sob o nome de Brasil. Claro que me apeteceu sonhar. Por exemplo na criação de um Instituto, ou numa Fundação, dita José Bonifácio de Andrade e Silva, visando a memória do abraço armilar e do reino unido que transformou o símbolo em binacional. E também me apeteceu outra provocação: a elaboração de uma história estratégica de Luso-Brasileira, onde se recolhessem estes heterodoxos que nos dão saudades de futuro. Espero que ele me dê resposta ao desafio. É a melhor maneira de comemorarmos o Tratado dos Jerónimos.

Dez 11

Porque já choveu em Santiago

Depois dos primeiros exercícios de miniférias dezembrinas, regressamos à rotina, preparando as próximas miniférias do Natal e do Ano Novo, ficando a saber que a Direcção Geral dos Impostos (DGCI) instaurou mais de um milhão de contra-ordenações por prática de infracções fiscais entre Janeiro e Novembro deste ano, que morreu Augusto Pinochet e que hoje se comemora o 10º aniversário da Fundação Mário Soares, enquanto o Portugal dos homens comuns exercita as memórias delatórias e a luta de invejas, lendo os parágrafos escaldantes de um caso de polícia, o da alternadeira feita primeira dama da futebolítica, e rindo de si mesmo com as glosas vérmicas do Gato Fedorento. Os meus votos de boas festas vão para a estrutura policial e do Ministério Público, para que tenham um ano novo e muitas prosperidades no cumprimento do respectivo dever, o de serem servidores do bem comum, contra a fragmentação neofeudal e os privilégios corporativos dos que se pensam fidalgos do “ancien régime”.

Quanto a Pinochet, que lhe mantenham a pedra em cima, mas que reparemos que ele não passa de mais um na longa fila dos traidores dos princípios. Basta recordar que também entre nós, nas vésperas do 28 de Maio de 1926, alguns governantes maçons, como era Salvador Allende, acabaram por nomear militares maçons, como era Augusto Pinochet, pensando que maçons e militares poderiam ser leais aos princípios e às instituições da legitimidade, assentes no voto popular. Que viva a democracia e o Estado de Direito e que não volte chover em Santiago, em Braga ou em Lisboa.

Quanto à Fundação Mário Soares, basta percorrermos o que está disponível na Internet para saudarmos a bela obra de recuperação da memória já semeada por um dos mais ilustres pais-fundadores deste regime, congratulando-nos com os parcos subsídios do Estado que a ajudaram a crescer. Que o exemplo fique para outros grandes políticos da nossa praça! Que escapem às garras dos caprichos de presentes e futuros ministros e dos eventuais salazarinhos subestais que ocupem a administração, directa ou indirecta, da dita administração do futuro aparelho de Estado! Ainda bem que, nesse exercício de serviço público, a coisa cabe a uma entidade publicamente constituída, mas dependente do estatuto dos homens livres… Já estou farto que actores políticos, em pleno exercício de funções públicas, tenham que comentar exposições de pintura de artistas mortos com a pneumónica ou que tenhamos de gramar exercícios espirituais de explanação ideológica por damas dos ditos.

Quanto ao mais recente caso de polícia, onde o “voyeurismo” delator já ocupou o conceito de livro, com a antiga editora de Snu Abecasis, depois de espanholizada, a entrar em concorrência com a imprensa sensacionalista, apenas nos enoja que certa populaça volte a ser animada pelos mais rascas atavismos que sempre conduziram ao descarrilamento moral da pátria.

Por outras palavras, cuidado com os pinochetinhos e os salazarinhos que nos continuam a vermizar. Podem chamar-se autoras de confidências policiais, ou manifestações de benfiquistas em hipermercados durante lançamentos de coisas chamadas “livros”, entre ódios e invejas. Prefiro estudar os sistemas dos Estados de Segurança Nacional e de autoritarismos modernizantes, semeados pelas doutrinas da CIA nos anos sessenta e setenta, relendo o tratado de geopolítica de Augusto Pinochet, os manuais de segurança nacional de Golbery do Couto e Silva ou as traduções em calão que, por cá, se fizeram dos ditos, num processo bem descrito pelas encíclicas do papa João Paulo II. Apenas espero que a Fundação Mário Soares abra um capítulo sobre a matéria, com toda a politologia que ainda lhe falta.

Ainda também não fizemos a necessária purga da verdade sobre o próprio 28 de Maio de 1926, com a longa lista de traidores à I República, transformados em “viracasacas” pelo Estado Novo, à imagem e semelhança dos traidores à monarquia liberal, transformados em “adesivos” pelo afonsismo. E já o podemos fazer, porque o nosso péssimo regime é o menos péssimo de todos quantos temos tido, dado serem insignificantes o mesmos tipos de traidores. Por isso, saúdo, de forma politicamente incorrecta, figuras como as de Mário Soares, de quem nunca fui seguidor ou membro da Corte, especialmente quando a presente sondajocracia o detesta, em nome das modas que passam de moda e das maiorias conjunturais, incluindo as dos blogues, até dos blogues meus amigos, que o elegeram como o pior português da história, como se a história dependesse dos apetites da populaça que gosta de transformar bestiais em bestas e bestas em bestiais.

Por isso, como homem do contra, continuo a preferir o poema de alguém que foi assassinado pelos mesmos césares de multidões, um tal Frederico García Lorca, que cantou sobre outra chuva, caída sobre outra Santiago e que será eterno:

Chove en Santiago
meu doce amor.
Camelia branca do ar
brila entebrecida ô sol.

Chove en Santiago
na noite escura.
Herbas de prata e de sono
cobren a valeira lúa.

Olla a choiva pol-a rúa,
laio de pedra e cristal.
Olla no vento esvaído
soma e cinza do teu mar.

Soma e cinza do teu mar
Santiago, lonxe do sol.
Ãgoa da mañán anterga
trema no meu corazón.

Dez 09

OS SALAZARINHOS, OS CACETEIROS E A FALTA DE CONFIANÇA NA PALAVRA PÚBLICA

Continuam as parangonas e as parábolas sobre os muitos salazarinhos que nos sitiam bem por dentro dos nossos fantasmas de direita e preconceitos de esquerda, sobretudo entre os tais centristas homens do poder que se transformaram nos feitores dos ricos, quando se mantêm autistas, reaccionários, implacáveis, mas parecendo sedutores e inteligentes, para roubar palavras a Fernando Dacosta. Porque eles são os escravos que nos sanguessugam, as eternas cadeias vivas da nossa servidão voluntária. Prendem-nos por dentro e alastram como mancha difusa nesta “fashion” capitaleira e burguesóide que vai proliferando sem botas de elástico. Salazar não passa desse estado de espírito que nos sustém porque o diabo são os outros, esse alguém semi-imaginário, semi-real, que vem sempre da outra banda de quem somos e de quem dizemos que tem o monopólio das mãos sujas só porque as não lavou como Pilatos.

Mas a grande burguesia que se amancebou com os restos do baronato devorista e que se continua a dizer fidalga de tantas concubinagens históricas, esconde-se atrás dos raros filhotes que eram da oposição, porque tinham as costas largas e dá ao tal diabo o carimbo das rurais origens e trejeitos, porque era das Beiras, falava “axim” e até tinha uma Dona Maria como governanta de São Bento, onde mantinha um galinheiro e morreu virgem.

Para os homens da finança que também invocam a circunstância de terem sido mecenas dos intelectuais antifascistas, depois de darem uns subsídios-anúncios à revista da PIDE, ele tanto era o catedrático que media o poder pelo saber, como o burocrata que geria corruptos, mas era incorruptível.

Mas Salazar não renasceu porque, afinal, nunca caiu da cadeira. Foi atirado ao mar por Dona Maria e volta agora com as marés vivas do desencanto que estão furando as dunas, entre a tecnocracia da “révolution d’en haut” e os micro-autoritarismos subestatais do neocorporativismo e do neofeudalismo que vão fragmentando a autoridade do Estado.

Não falta sequer o regresso do caceteirismo, conforme confessou publicamente uma dita veícula de transmissão, depois de quebrar o eixo na cabecinha de um vereador Bexiga, ex-deputado socialista e tudo. Esperemos que a turbulência não leve à tradicional manifestação de massas das elites, como já fizeram os deputados dragões no parlamento, porque seria uma má perua repetir a dita festança pelo natal.

Está em causa o dito aparelho de Estado que, segundo a Constituição, administra a justiça em nome do povo. Porque é o próprio povo institucionalizado em Estado que pode ser posto em causa, se os apitos e furacões se casapiarem e se camaratizarem, em ineficiências dilatórias e muitas barganhas que deslustrem o garantismo, sem conseguirem agarrar o Al Capone por uma simples fuga ao fisco. A cidadania pode desintegrar-se pelo indiferentismo, se não assumirmos que, no princípio, têm de voltar a estar os princípios, que, no princípio, tem de estar o fim, que, no princípio, será sempre o verbo e não a verba que voa.

Porque o elemento fundacional do próprio comunitário vivido é a palavra posta em discurso que, segundo o étimo grego, sempre foi logos, que não deve ser traduzido por um restrito conceito de razão, como simples soma analítica de rácios, conforme transparece da presente monomania tecnocrática do custo-benefício, onde Teixeira Santos esquece que também Cristo não sabia nada de finanças, ao contrário de Francisco Louçã e de Alberto João Jardim.

Porque, citando o primeiro, ilustre doutor em economia, “estamos à beira do maior perigo da corrupção no sistema social a apropriação brutal de piratas que mandam nos clubes de futebol, nas empresas de construção e que jogam na especulação imobiliária e em algumas câmaras municipais”.

Porque, citando o segundo, o mais maioritário dos nossos políticos da democracia, “não há que fazer o jogo daqueles que na área do PSD também querem estar a comer da gamela do sistema político”, “o inimigo número um do povo madeirense é o senhor Sócrates, o Senhor Santos e seus colaboracionistas”. “Nós vamos participar em todas as lutas políticas, em todas as lutas sociais, em tudo o que seja desencadeado para ajudar a derrubar o Governo Sócrates “, disse.

Talvez seja melhor regressarmos ao aristotélico e tomista estilo do conhecimento modesto sobre coisas supremas, não nos dispersemos nas picuinhices gélidas de certo filosofismo esotérico que nos faz definhar nessa espiral de metodologismos fragmentários que pensam obter um pretenso conhecimento supremo sobre coisas modestas. Por isso aí estão essas eternas discussões do sexo dos anjos entre os que se desgrenham em bizantinices que fazem da política um arrazoamento esdrúxulo que tudo reduz a discussões na especialidade de um orçamento de Estado que deixou de ser geral.

Dez 09

NESTE PORTUGALÓRIO DE MINÚSCULAS, ADESTE FIDELIS, VENITE ADOREMUS. AMEN!

Quem passar os olhos pelas parangonas, verificará como são mesquinhas estas ruelas traseiras das encruzilhadas da pátria, entre os diários íntimos do dramaturgo Diogo Freitas do Amaral e as intimidades de uma ex-companheira de certo objecto de menagem de presidentes, ministros, partidocratas e autarcas, para além das oportunas fugas de informação de certos processos judiciais, feitos romances de ficção policial, como os apitos e os furacões, neste ambiente de minudências, inconfidências e guerrazinhas de homenzinhos e mulheronas, com muito sexo dos anjos, mafomas, toucinhos, otomanos e bizantinos. Por isso, a tristeza vai devassando este portugalório de minúsculas, com muitos pequenos pulhíticos e grandessíssimos futebolíticos e bancopolíticos, entre mesquinhos apetites e magnos défices.

Vale-nos o épico do “in hoc signo” na campanha do referendo e a melodia do “adeste fidelis” enlevando as longas bichas dos hipermercados e dos centros comerciais, à espera dos barulhos computacionais dos choques tecnológicos das caixas registadoras que vão sugando o nosso suor através dos cartões de crédito, enquanto se mantêm os postos de vencimento onde quase todos vão fazendo greves de zelo, clamando contra a injustiça do mundo, a globalização neoliberal ou os dramas do alargamento a Leste e da adesão da Turquia. Vale-nos que na teatrocracia da União Europeia chegou uma dona sebastioa de cuidada plástica, graças à magia de um “lifting” que a coloca como a necessária barbie com sorriso de mona lisa. “Venite adoremus, venite adoremus”

Dez 09

Continuam as parangonas e as parábolas sobre os muitos Salazar

Continuam as parangonas e as parábolas sobre os muitos Salazar inhos que nos sitiam bem por dentro dos nossos fantasmas de direita e preconceitos de esquerda, sobretudo entre os tais centristas homens do poder que se transformaram nos feitores dos ricos, quando se mantêm autistas, reaccionários, implacáveis, mas parecendo sedutores e inteligentes, para roubar palavras a Fernando Dacosta. Porque eles são os escravos que nos sanguessugam, as eternas cadeias vivas da nossa servidão voluntária. Prendem-nos por dentro e alastram como mancha difusa nesta “fashion” capitaleira e burguesóide que vai proliferando sem botas de elástico. Salazar não passa desse estado de espírito que nos sustém porque o diabo são os outros, esse alguém semi-imaginário, semi-real, que vem sempre da outra banda de quem somos e de quem dizemos que tem o monopólio das mãos sujas só porque as não lavou como Pilatos. Mas a grande burguesia que se amancebou com os restos do baronato devorista e que se continua a dizer fidalga de tantas concubinagens históricas, esconde-se atrás dos raros filhotes que eram da oposição, porque tinham as costas largas e dá ao tal diabo o carimbo das rurais origens e trejeitos, porque era das Beiras, falava “axim” e até tinha uma Dona Maria como governanta de São Bento, onde mantinha um galinheiro e morreu virgem.  Para os homens da finança que também invocam a circunstância de terem sido mecenas dos intelectuais antifascistas, depois de darem uns subsídios-anúncios à revista da PIDE, ele tanto era o catedrático que media o poder pelo saber, como o burocrata que geria corruptos, mas era incorruptível.  Mas Salazar não renasceu porque, afinal, nunca caiu da cadeira. Foi atirado ao mar por Dona Maria e volta agora com as marés vivas do desencanto que estão furando as dunas, entre a tecnocracia da “révolution d’en haut” e os micro-autoritarismos subestatais do neocorporativismo e do neofeudalismo que vão fragmentando a autoridade do Estado.   Não falta sequer o regresso do caceteirismo, conforme confessou publicamente uma dita veícula de transmissão, depois de quebrar o eixo na cabecinha de um vereador Bexiga, ex-deputado socialista e tudo. Esperemos que a turbulência não leve à tradicional manifestação de massas das elites, como já fizeram os deputados dragões no parlamento, porque seria uma má perua repetir a dita festança pelo natal. Está em causa o dito aparelho de Estado que, segundo a Constituição, administra a justiça em nome do povo. Porque é o próprio povo institucionalizado em Estado que pode ser posto em causa, se os apitos e furacões se casapiarem e se camaratizarem, em ineficiências dilatórias e muitas barganhas que deslustrem o garantismo, sem conseguirem agarrar o Al Capone por uma simples fuga ao fisco. A cidadania pode desintegrar-se pelo indiferentismo, se não assumirmos que, no princípio, têm de voltar a estar os princípios, que, no princípio, tem de estar o fim, que, no princípio, será sempre o verbo e não a verba que voa. Porque o elemento fundacional do próprio comunitário vivido é a palavra posta em discurso que, segundo o étimo grego, sempre foi logos, que não deve ser traduzido por um restrito conceito de razão, como simples soma analítica de rácios, conforme transparece da presente monomania tecnocrática do custo-benefício, onde Teixeira Santos esquece que também Cristo não sabia nada de finanças, ao contrário de Francisco Louçã e de Alberto João Jardim.  Porque, citando o primeiro, ilustre doutor em economia, “estamos à beira do maior perigo da corrupção no sistema social a apropriação brutal de piratas que mandam nos clubes de futebol, nas empresas de construção e que jogam na especulação imobiliária e em algumas câmaras municipais”. Porque, citando o segundo, o mais maioritário dos nossos políticos da democracia, “não há que fazer o jogo daqueles que na área do PSD também querem estar a comer da gamela do sistema político”, “o inimigo número um do povo madeirense é o senhor Sócrates, o Senhor Santos e seus colaboracionistas”. “Nós vamos participar em todas as lutas políticas, em todas as lutas sociais, em tudo o que seja desencadeado para ajudar a derrubar o Governo Sócrates “, disse. Talvez seja melhor regressarmos ao aristotélico e tomista estilo do conhecimento modesto sobre coisas supremas, não nos dispersemos nas picuinhices gélidas de certo filosofismo esotérico que nos faz definhar nessa espiral de metodologismos fragmentários que pensam obter um pretenso conhecimento supremo sobre coisas modestas. Por isso aí estão essas eternas discussões do sexo dos anjos entre os que se desgrenham em bizantinices que fazem da política um arrazoamento esdrúxulo que tudo reduz a discussões na especialidade de um orçamento de Estado que deixou de ser geral