Mesmo à berinha do embarque para o Rio, noto que, nas eleições realizadas ontem, a lista de Oliveira Salazar obteve 41%, contra 19% de Cunhal, assim obtendo a quase maioria absoluta para se instalar no hospital Júlio de Matos e aí governar Portugal, numa altura em que a Europa se transforma numa facção, balizada pelos convites recebidos de Belém, onde não entram soaristas nem santanistas. Por isso é que vou, mais uma vez, pelo Atlântico a caminho do Sul, à espera de reencontrar portugueses à solta, livre de preconceitos de esquerda e de fantasmas de direita, neste “spoil system”, onde o poder, sem autoridade, continua a ser considerado uma coisa que se conquista e que se mantém. Noto que os jornais estão extremamente preocupados com a circunstância de listas ditas da extrema-direita poderem participar nas eleições universitárias. Julgo que deveriam recordar que também Salazar não deixava que listas comunistas, republicanas e monárquicas participassem na procissão das respectivas eleições. Por outras palavras, cada um tem a sua liberdade condicionada e o seu conceito específico de interesse nacional. Logo, não posso discursar sobre a Europa deles.
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