Mainstream. Politicamente correcto.

Quando, depois de um movimento de rotação em espiral, de um sorvedouro, ou de uma voragem, dita remoinho, ou redemoinho, surge uma corrente que devora as correntes secundárias, aí temos, na hidrografia da opinião pública, aquilo a que se chama mainstream, equivalente ao politicamente correcto. E ai dos vencidos, ai dos que querem ser do contra, do contra-corrente. Acontece que as bacias hidrográficas tanto podem ser no universo da blogosfera, dos corredores de um partido, dos jornais de referência ou dos semanários de fim de semana. Nem a vontade de contra os bretões marchar, em nome dos heróis do mar, onde em vez de bretões pusemos canhões, nos pode valer. Eu que sou assumidamente contra-corrente, nem por isso costumo ser inundado de mails de protesto, mas desta feita, por causa de nosso primeiro, recebi significativas cacetadas, tanto à direita como à esquerda. Pouco me importa. O meu estatuto de homem livre está nos testemunhos quotidianos que aqui deixo, mesmo quando cometo erros ou vou a tribunal assumir-me como testemunha de defesa de malditos, da mesma maneira como não me importo de defender a extrema-direita contra certos devaneios policiais ou passar a ser vítima da mesma nos processos eleitorais da minha escola ou na negação dos arrastões de Carcavelos. A verdade e justiça costumam ser da contra-corrente, porque as maiorias conjunturais, mesmo que sejam absolutas, podem ser contra a opinião da melhor parte, isto é, dos que pensam de forma racional e justa.

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