Quem é catador dos almanaques da história, pesquisador de alfarrábios e coleccionador de papéis esquecidos, registando factos e analisando comportamentos, pode, sem qualquer arrogância de ciência certa, concluir que os tempos que, por agora, vão passando são mero crepúsculo, plenos de “guerrazinhas de homenzinhos”, onde têm direito a parangonas os mesmos pequenos literatos partidocráticos que consideraram Fernando Pessoa um poeta menor e nem lhe deram o lugar de bibliotecário em Cascais, ou os que escreveram artigos de primeira página num jornal de Lisboa contra o pretensiosismo de Alexandre Herculano. Não reparam que não passam de lixo cujos nomes nem constam da memória dos próprios investigadores desses caixotes, onde os polícias da ASAE são atacados por sopa quente na feira dos fenómenos do Entroncamento e sem recompensas de multinacionais a GNR recupera uma criança raptada, assim se demonstrando como os cidadãos da União Europeia da Roménia não são iguais aos do Reino Unido. Julgo que as senhoras adalgundes e marianas não constarão sequer de uma simples nota de página dos memorandos que relatarão as anedotas do tempo presente. Todas fazem parte de uma categoria que se aproxima daqueles insignes ficantes que pensam que, por fazerem parte de um grupo nominalmente antifascista, não podem cometer actos antifascistas, mesmo que os qualifiquem como o partir dos dentes à reacção. Da mesma maneira, actuam, aliás, os integrantes da procissão dos filhos dilectos de outra seita de sinal contrário. Destas boas intenções e colectivismos morais ficaram os gulagues totalitários cheios… Os pilatos de sacristia sempre lavaram as mãos face aos barcos que partiam para os desterros de Angra, de Timor e do Tarrafal…
Mai
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