Continuo a integrar o partido de el-rei D. Dinis, como me ensinou mestre Agostinho, lá na Travessa do Abarracamento de Peniche, entre gatinhos e sinais templários, com algum lume da profecia e muito mais lume da razão. Mas não tenho pergaminhos espirituais suficientes para tal missão. Como jurista de base e mau cristão, sou cartesiano e laicista demais para poder dialogar com o infinito e, além disso, potencial vítima de um qualquer hierarca decretino em excesso de zelo, que bem pode mandar um dos seus espiões ler estas linhas, para imediata denunciação de ouvida junto do senhor director, ou da senhora inspectora, neste ambiente onde a história continua a ser o género literário mais próximo da ficção. Ao contrário dos que julgam que estou a fazer ironia, tenho de confessar publicamente que já fui vítima deste inquisitorialismo de trazer por casa, quando me processaram com toda a lícita desonestidade. Vale-nos que ainda há activistas do Espírito Santo e uma ampla maioria de socialistas liberdadeiros, com quem lutei pela liberdade, quando muitos cristãos-novos do actual partido da rosa ainda eram idiotas úteis dos nossos totalitarismos e autoritarismos. Hoje não passam de burocratas executores do salazarismo permanecente. Nem sequer foram promovidos a intelectuários, apesar de orgânicos.