O décimo segundo candidato: “não queremos ver Lisboa a arder”

Reparo, através do registo dos motores de busca, que este blogue foi muito visitado por aqui ter transcrito uma frase atribuída ao rei D. Carlos e que, em parte, fez parte do alegado insulto do ex-deputado Charrua ao Estadão. Apenas respiro de alívio depois de tomar conhecimento dos recados do presidente Cavaco, do meio-termo assumido por Sócrates e da boa prestação televisiva de ontem de Jorge Coelho sobre a matéria. E bem poderia enumerar o que, em privado, mas em pleno edifício público, ouvi de altos hierarcas do Partido Socialista, num assunto que não deve servir para conflitos entre oposicionistas e socialistas, mas antes para que eliminemos todas as dúvidas sobre o ar livre em que todos queremos continuar a viver.

Prefiro rever a bela prestação do ministro Mário Lino na Ordem dos Economistas, dado que aquela do não há gente, escolas, hospitais, comércio, onde não há indústria nem hotéis, com cancerígenos ataques aos pulmões, falta de um braço e de uma perna, foi outro dos habituais exageros do ex-bloguista em figura humana, que teve o condão de nos despertar uma dessas saudáveis gargalhadas, à imagem e semelhança da que deveria findar com o episódio Charrua. Com ministros destes, não há, felizmente, bananas que coincidam com sacanas. Nesta terra da boa gente que ainda resta, até eu sou capaz de apoiar o partido da Ota, se me continuarem a convencer com risadas e argumentos racionais e a não confundirem a opção com tiradas iberistas.

Aliás, basta reparar como as candidaturas à autarquia dos alfacinhas de gema e clara já atingem esse símbolo da plenitude que é o número dos trabalhos de Hércules e dos meses do ano, isto é, tantos quantas as estrelas da bandeira da Europa que, por acaso, era a do Quinto Império, conforme a descrição do Padre António Vieira. A plenitude lisbonense está assim condenada a dar à luz um destes ratinhos: António Costa, Manuel Monteiro, Telmo Correia, Garcia Pereira, Pinto Coelho, Câmara Pereira, Fernando Negrão, Ruben de Carvalho, Sá Fernandes, Carmona Rodrigues, Helena Roseta e o último que será o primeiro. Até porque talvez todos convidem Maria José Nogueira Pinto para embaixadora da saudade capitaleira.

 
Mais mobilizadoras parecem ser as ilustres figuras dos mandatários e das comissões de honra e de apoio, pelo que corremos o risco de haver comícios, colóquios e almoçaradas com a presença de Afonso de Albuquerque, Febo Moniz, Rosa Araújo, Elias Garcia, Duarte Pacheco e Fernando Santos e Castro, lado a lado com Karl Popper, Karl Marx, Mao, Mussolini ou Che Guevara, todos falando através da Pomba Gira que, nos intervalos, com o apoio do firme e hirto Professor Alexandrino, fará interpretações de Amália Rodrigues, Max e Alfredo Marceneiro, depois da recente mensagem que recebeu do além da própria princesa Diana. Porque tudo isto é triste, tudo isto é fado…

Apenas me apetece furar alguns segredos e, através deste meio, anunciar que o décimo segundo candidato à autarquia lisbonense é, nada mais, nada menos, do que o senhor Pinto da Costa que, na próxima sexta-feira, anunciará a novidade, na Casa do Dragão, que tem a sua sede no restaurante da Assembleia da República. O manifesto tem sido preparado em segredo por alguns ilustres poetas da nossa praça, tendo como título: “Não queremos ver Lisboa a arder”.

 

Aliás, entre os vereadores propostos pela lista, consta o senhor Emplastro, para o pelouro da mobilidade, sendo seguras as informações que apontam, para a comissão de honra, os nomes de Luís Filipe Vieira, Soares Franco e Alberto João Jardim e para Belmiro de Azevedo e Henrique Granadeiro, como mandatários financeiros.

Consta também que o arquitecto Siza Vieira é o autor do projecto que permite instalar o novo aeroporto na ilha do Bugio, enquanto Manoel de Oliveira se ofereceu para elaborar os tempos de antena. Pedro Santana Lopes, que terá obtido, quase em silêncio, um doutoramento em arquitectura e engenharia civil pela universidade Platoon de Bali, apresentará o projecto de novo túnel para travessia do Tejo.

Espera-se pela presença entusiástica dos senhores presidentes da câmara de Oeiras, Gondomar e Felgueiras, enquanto um ilustre eclesiástico abençoará o lançamento do primeiro carril do novo metro de superfície entre a Estação do Rossio e o novo santuário da Cova de Iria. Dizem também as más línguas que António Costa, num derradeiro esforço, teve um encontro discreto com Fernando Seara e Dias Ferreira, num bar da Segunda Circular, ameaçando com um grande buzinão, contra esta finta de génio, que baralhará todas as contas das próximas eleições.

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