Jun 30

If you suspect it, report it

Para uma correcta identificação dos genes pluralistas que marcam o discurso do senhor ministro da saúde, basta reparar na sua primeira grande experiência governamental. De facto, se o Partido Socialista continuar a ser marcado por estes revivalismos gonçalvistas, nada melhor do que irmos outra vez para a Alameda, com o Edmundo Pedro, o Manuel Alegre e o Mário Soares. Ou então, recordarmos que a Maria da Fonte e o Padre Casimiro eram de bem perto de Vieira do Minho.

As minhas tendências patuleias, da secção malhada e liberdadeira, começam fazer-me um homem revoltado. Apenas espero que o Partido Socialista profundo continue a escolher o lado da liberdade e não receba lições de democracia de ex-governantes gonçalvistas, mal reciclados para o Estado de Direito.

Porque não é com estes discursos que se resolve uma questão de empregomania do rotativismo, nestes bailados da velha ditadura da incompetência. O “slogan” da Scotland Yard não pode aqui ser traduzido em calão pelo se suspeitares da falta de lealdade a ex-gonçalvistas governamentais cá em baixo, bufa para cima…
Etiquetas: bufos, correia de campos, malhado

Jun 29

Estas tortuosas cedências ao estadão salazarento e aos epifenómenos das vigilâncias revolucionárias

O PS sempre foi um partido das liberdades. Quase todos os PSs meus amigos têm aquela coerência de viverem como pensam. Os crescentes sinais de micro-autoritarismo subestatal que envolvem certos invocadores do carimbo PS provam que, para muitos “boys”, na prática, a teoria é outra, por causa dos “jobs”.

O cartaz jocoso, ácido em ironia para uns serviços públicos de saúde, afixado por um funcionário da CDU, levou ao afastamento do director, acusado de falta de lealdade. Não são precisos mais comentários. Até porque críticas à direita ou piadas vicentinas também levaram Balbino e Charrua ao espectáculo a que todos assistem.

Apenas estranho muitos dos silêncios públicos de muitos deputados e hierarcas do PS que, em privado, se têm indignado com estes sinais de crispação. A história dos macacos cegos, surdos e mudos não pode desculpar-se com sondagens. Todos vamos vendo, ouvindo e lendo, já ninguém pode ignorar. A não ser que se fiem no desencanto das maiorias silenciosamente cobardes, coisa que não se compreendem quando alguns desses micro-autoritários subestatais não passam de arrivistas, oriundos do estalinismo que só tardiamente se encostaram ao PS antitotalitário.

Se os subsolo ideológico de justificação do poder que marca alguns destes desvarios do regime de chefes de repartição pegar de estaca não tarda que se exija a identificação de todos os blogueiros de cada serviço público, bem como a listagem de dos funcionários que militam em partidos e associações cívicas que criticam o governo e o situacionismo.

Aliás, também seria útil que todos os programas de ensino fossem submetidos à mãozinha censória e, a nível do ensino, em cada aula deveria existir um vigilante que fizesse um adequado relatório a ser remetido para uma adequada central de registo dos não formatados pelo conceito de modernidade vigente.

Por mim, garanto que já fui sujeito a estes condicionamentos de forma não larvar. Para não falar no favoritismo dos chefes que praticam o regime do governo dos espertos, de acordo com a caracterização de Hannah Arendt fez da administração otomana. Isto é, com a elefantíase legislativa e regulamentar, a lei vigente é distorcida em favoritismo para os amigos e seguidores, mesmo que o chefe seja PS e os apoiantes da extrema-direita, e madrasta perseguidora para os que se opõem ou não vão a gabinte de sua excelência meter cunha ou dobrar a coluna em salamaleques.

Se o PS se deixar enredar nestas tortuosas cedências ao estadão salazarento, com alguns epifenómenos de vigilância revolucionária, os afastamentos regulamentares e disciplinares tornar-se-ão numa vaga de saneamentos e na consequente ditadura da incompetência. Os sinais são crescentes e não basta que alguns socialistas proclamem que estão de consciência tranquila e não recebem lições de democracia de ninguém.

Posso dar exemplos históricos de muitos partidos socialistas de outras eras que se deixaram enredar tanto em colaboracionismos com o totalitarismo nazi, como com o totalitarismo soviético. Felizmente, sempre houve partes sãs dos mesmos partidos socialistas que assumiram a dissidência e logo encabeçaram as resistências. É destes que reza a história da liberdade…

PS: Acabei de ver e ouvir a conferência de imprensa de um ministro da saúde sobre o caso Vieira do Minho. Palavras para quê? É mais um artista português que não usou pasta medicinal de Estado de Direito. O pior é que apareceu um tipo com coragem previamente, o médico causador do “fait divers”, que até confirmou que a ex-directora chegou a levantar o adequado auto face ao incidente. Palavras para quê? O excelente ministro pós-licenciado na Escola Nacional de Saúde Pública até foi presidente do Instituto Nacional de Administração. Isto é, além de nos tratar da saúde também já foi responsável pela alta formação dos “jobs” para os nossos “boys”. Por isso é que arranjou esta desculpa para o recrutamento do sucessor da tal “coitada”, cujo adjectivo ministerialmente emitiu do alto do seu microfone. Seria melhor que lesse Montesquieu, a fim de poder distinguir negócios públicos de negócios domésticos. Não quero ministros com este tipo de discurso, próximo da origem etimológica da palavra Corte. A democracia merece mais. E o PS outro tanto. Arrependa-se, senhor “servus ministerialis”! Porque se este for o paradigma, o que farão os muitos subservidores e os subservientes que querem agradar aos donos do poder?

Jun 28

A turbulência noticiosa deste quotidiano decadentista

Depois do deserto de Mário Lino, eis que a Ordem dos Economistas se tornou na montra das gafarias governamentais: agora foi a vez de Correia de Campos sugerir que a Associação Nacional das Farmácias deveria entregar os desperdícios de medicamentos aos… pobres. Ao menos, no tempo de el-rei D. Dinis, a rainha, que era aragonesa e depois foi santa, sempre lhes dava rosas e eu pensava que, com tanto socialismo e tanta social-democracia, já não havia pobres, ou melhor, já não havia ministros que sugerissem caridadezinha a confederações patronais, instrumentalizando os ditos do alto de um palanque discursivo, como se eles fossem alienígenas. Aliás, tal só pode acontecer no mesmo país em que alguns dos patrões mais ricos do país assumem na comunicação social o monopólio do carimbo do liberal, só porque recrutam um ou dois intelectuais que costumam prestar serviço no lóbi que o grupo de Paulo Portas mobiliza.

E lá acordo para a turbulência noticiosa deste quotidiano decadentista, depois de um dia de ontem onde estive mobilizado tanto pela comissão científica do senado da minha UTL, como, de tarde, tive de aturar um deserto onde os ilustres monopolistas da representação disseram que os situacionistas eram caravana, para insinuar que os opositores ladravam e que o caminho em que todos estávamos já era um deserto, onde, aliás, os camelos não ladram. E tudo acabou no final da tarde, onde fui fazer a gravação de um programa televisivo sobre os lóbis, em companhia de J. Martins Lampreia.

Só depois fui informado sobre o caso Saldanha Sanches, esse querido colega académico, a quem aqui deixo o meu testemunho de amiga solidariedade e de universitário reconhecimento pela elevação cultural e a coragem que tem dado provas como animal cívico e paradigma de professor, tanto em aulas como nas sucessivas provas públicas de prestação de serviço à comunidade. Apenas recordo as não raras conversas de bar na faculdade onde fui aprendendo com ele uma perspectiva do mundo e da vida que me levou a muitas leituras, numa atitude de diálogo universitário que publicamente agradeço.

Por mim, sem genealógica cobertura de qualquer ascendente devorista, resta-me também o direito àquela sátira anti-situacionista, isto é, plebeiamente violentista, anticlerical, antifidalgota e antibancária, restos de alguns genes daqueles meus avoengos que tanto andaram pela revolta do grelo como pelos confrontos com os GNRs de Salazar nos finais dos anos trinta, e que levaram alguns deles a também a malhar com os ossos, durante anos, nos cárceres do “ancien régime”. Julgo que Saldanha Sanches tem um destino a que não pode renunciar, desse ter tempo para ganhar o tempo e o poder perder numa actividade de muitos escritos só aparentemente inúteis, feitos de muitas divagações e especulações, nessas viagens que andam sempre na procura de um tempo que não é o “time is money”, o tal tempo da teoria que é o exacto contrário do tempo do “nec-otium”.
Nada estou a dizer sobre a soberania de um júri, ou com qualquer “inside information”, embora já todos saibam, no universo dos jornais e dos fiscalistas, quem foram os três do sim e os maioritários do não. Estou apenas a referir que as provas em causa se realizaram de acordo com uma certa legislação pré-abrileira, ofensivamente anticonstitucional quanto ao modelo de votação, e durante a “vacatio legis” de uma nova lei que eliminou tal anacronismo. Estou apenas a dizer que o silêncio dos claustros unversitários deveria estar fechado aos ruídos da conjuntura, embora devesse estar aberto ao sereno escrutínio dos valores universitários que se esgotam no serviço público.

Apenas digo ao José Luís Saldanha Sanches, com quem, mesmo aqui, tenho publicamente discordado, até nas recentes disputas cívicas, que a vida continua e que não há fins da história. Todos precisamos dessa voz académica e cívica.

Jun 26

Breve contributo para a necessária limpeza das memórias

Depois de ler mais uns nacos de prosa de um recente José Agostinho de Macedo e a solicitação de um ilustre órgão de comunicação paroquial, junto remeto a lista de um conjunto de cerca de duas centenas e meia de portugueses dos últimos dois séculos que não figuraram no recente inventário pidesco de uma colorida revista semanal de circulação nacional. Pedimos desculpa por nela figurarem dezenas e dezenas de ministros, chefes de governo, oficiais das forças armadas, deputados e outros, de escritores a bispos, de professores a poetas, passando por médicos ou filósofos, entre os quais um abominável prémio Nobel.

Qualquer informação sobre o paradeiro dos próprios ou dos seus não desculpáveis descendentes deve imediatamente ser comunicada ao Grupo de Vigilância do Eles Andam por Aí, a fim de os mesmos serem banidos dos nomes das ruas e das instituições que os homenageiam, bem como de eventuais estátuas e outros sinais desse passado terrível que conduziu à recente crise patriótica. Desde já se informa que foi desencadeada multitudinária petição a apresentar ao Parlamento Europeu, denunciando tanto as heresias como o terrorismo carbonário que nos sustentam:
Águas, João Estêvão / Aguiar, António Augusto de / Almeida, António José de / Almeida, Artur Duarte da Luz de / Almeida, Celestino Germano Pais de / Almeida, José Alexandre de Campos / Alves, César Justino de Lima / Amado, Luís Ernâni Dias / Andrada Machado e Silva, António Carlos Ribeiro de / Andrada Machado e Silva, José Bonifácio de / Andrade, Gomes Freire de / Antas, 1º conde 1838 , 1º visconde 1836 e 1º barão 1835 das. Francisco Xavier da Silva Pereira / Araújo, José Maria Xavier de / Arnaut, António / Atouguia, António Aluísio Jervis de 1º Visconde de Atouguia desde 1853. / Ávila, António José de 1º Conde de Ávila, desde 1864. Marquês de Ávila e Bolama desde 31 de Maio de 1870. Duque de Ávila desde 14 de Maio de 1878. / Ávila, Joaquim Tomás Lobo de 1º Conde de Valbom, desde 1875 / Avilez Juzarte de Sousa Tavares de Campos, Jorge 1º Conde de Avilez desde 1838 / Azevedo, Américo Olavo Correia de / Azevedo, Aníbal Lúcio de / Azevedo, António de Araújo (1º Conde da Barca desde 1815) / Bandeira, Sá da. Barão em 1833. Visconde em 1834. Marquês de Sá da Bandeira desde 1864. Bernardo Sá Nogueira de Figueiredo / Barbosa, João Tamagnini de Sousa / Barbosa, José / Barradas, Fernando Luís Pereira de Sousa / Barreiros, Joaquim António Velez 1º Barão, desde 1847, e 1ºVisconde, desde 1854, de Nossa Senhora da Luz / Barreto, António Xavier Correia / Barreto,D. Nuno de Moura / Barros, João de / Basto, Eduardo Alberto Lima / Bastos, João Pereira / Bayard, Ildefonso Leopoldo / Bissaia Barreto Rosa, Fernando Baeta / Bombarda, Miguel Augusto / Bonfim, 1º Conde do. José Lúcio Travassos Valdez / Borges, António França / Borges, José Ferreira / Braamcamp de Almeida Castelo Branco, Anselmo José (Braamcamp Senior) / Braamcamp, Anselmo José / Braga, Alexandre / Branco, António Roberto de Oliveira Lopes / Branco, Camilo Botelho Castelo 1º Visconde de Correia Botelho Desde 1885 / Brandão, António Emílio Correia de Sá / Breyner, Pedro de Melo / Cabeçadas, José Mendes / Cabral, António Bernardo da Costa 1º Conde / 1845 e 1º Marquês de Tomar 1878 / Cabral, João Gualberto Pina / Cabral, João Rebelo da Costa / Cabral, José Bernardo da Silva Costa Conde de Cabral em 1867 / Cabral, Leonel Tavares / Cabreira, Tomás António da Guarda / Caldeira Castelo Branco, Manuel António Velez / Camacho, Manuel Brito / Câmara, Manuel de Sousa da / Camoesas, João José da Conceição / Campos e Almeida, José Alexandre Caetano de / Campos, Francisco António de / Cardoso, Alfredo Ernesto de Sá / Cardoso, Francisco António Gonçalves / Carlos, Adelino da Palma / Carmo, Bento Pereira do / Carmona, António Óscar de Fragoso / Carneiro, Manuel Borges / Carvalho, Antão Fernandes de / Carvalho, António Germano Ribeiro de / Carvalho, António Pires de / Carvalho, Joaquim da Costa / Carvalho, Joaquim Martins de / Carvalho, José da Silva / Carvalho, José Liberato Freire de / Carvalho, Manuel António de 1º Barão de Chanceleiros / Castelo Branco, Euletério Francisco de / Castilho, António Feliciano de / Castro, Álvaro Xavier de / Castro, Alberto Osório de / Castro, António Manuel Lopes Vieira de Abade de S. Clemente de Basto / Castro, Bernardo José de Abrantes e / Castro, Filipe Ferreira Araújo e / Castro, José Augusto Soares Ribeiro de / Castro, José Joaquim Gomes de Visconde / Chagas, João Pinheiro / Coelho, Francisco Duarte / Coelho, Manuel Maria / Coimbra, Leonardo José / Correia, Francisco Gonçalves Velhinho / Cortesão, Jaime Zuzarte / Costa, Afonso Augusto da / Costa, Francisco José Fernandes / Coutinho, Carlos Viegas Gago / Coutinho, José Joaquim de Almeida Moura / Curson, António Augusto / Dantas, Miguel Martins / Dias, Miguel António / Dinis, Júlio / Enes Júnior, António José / Estevão Coelho de Magalhães, José / Falcão, Joaquim José / Faro, José Portugal e. Ver Lumiares, Conde de / Felgueiras, João Baptista / Féria, Ramon Machado de la / Ferrão, Francisco António Fernandes da Silva. / Ferraz, Flórido Rodrigues Pereira 1º Visconde de Castelões desde 1851 / Ferreira, António Aurélio da Costa / Ferreira, António Vicente / Ferreira, José Dias / Fonseca Magalhães, Rodrigo da / Fonseca, Tomás da / Freire, Agostinho José / Freitas, José Joaquim Rodrigues de / Galhardo, Herculano Jorge / Gama, D. Alexandre de Saldanha da 1º Conde de Porto Santo desde 1823 / Garcia, António Alberto Torres / Garcia, José Elias / Gomes, António Paiva / Gomes, Ricardo Pais / Gouveia, D. António Aires Bispo de Betsaida / Graínha, Manuel Borges / Granjo, António Joaquim . / Guedes, João Teixeira de Queirós Vaz / Guerra, António Guerreiro Mimoso / Guerreiro, Emídio / Guimarães Júnior, Isidoro Francisco Visconde da Praia Grande de Macau desde/ Herculano de Carvalho Araújo, Alexandre / Lacerda, José Joaquim de Almeida e Araújo Correia de / Lança, Armando Pereira de Castro Agatão / Leal Junior, José da Silva Mendes / Leão, António José da Silva 1º Barão de Almofala Desde 1847. / Leite Pereira da Silva, Duarte / Lemos, Francisco Correia de / Lemos, Manuel Gaspar de. / Lima, João Evangelista Campos / Lima, Sebastião Magalhães / Lopes, Francisco Pina Esteves. / Loulé, 1º Marquês de Desde 1799- 8º Conde de Vale dos Reis. Agostinho Domingos José de Mendonça Rolim de Moura Barreto / Lumiares, 4º Conde. José Manuel Inácio da Cunha e Meneses da Gama e Vasconcelos Carneiro de Sousa Portugal e Faro / Macieira Júnior, António Caetano / Maciel, Miguel Baptista / Magalhães, Félix Pereira / Magalhães, João Evangelista Pinto de / Magalhães, Joaquim António de / Magalhães, José Alfredo Mendes / Maia, José Carlos da / Marcos, Padre. Ver Preto, Marcos Pinto Soares Vaz. / Margiochi, Francisco Simões / Marques, A. H. de Oliveira / Martins, D. António Alves / Martins, Francisco José da Rocha / Matos, José Mendes Ribeiro Norton de / Medeiros, Manuel Goulart de / Melo, António Maria Fontes Pereira de / Melo, José Pinheiro de / Melo, Marcelino Máximo de Azevedo e. Visconde da Oliveira. / Melo, Martinho Nobre de / Meneses, João Catanho de / Meneses, João Duarte de / Miranda, Manuel Gonçalves de / Molelos, 1º Barão desde 1815 e 1ºVisconde desde 1826 de. Francisco de Paula Vieira da Silva e Tovar1774-1852 / Moniz, António Caetano de Abreu Freire Egas / Monteiro, Manuel. Joaquim Rodrigues / Morais, José António. Mantas / Nemésio, Vitorino / Neves, José Alberto Pereira de Azevedo / Nobre, Augusto Pereira / Nunes, Jorge Vasconcelos / Olavo Correia de Azevedo, Américo / Oliveira, 1º Visconde da desde 1842 Marcelino Máximo de Azevedo e Melo / Oliveira, António Dias de / Oliveira, Francisco de Paula de 2º Barão de Almeida Desde 1845 / Oliveira, Joaquim José de / Pais, Sidónio Bernardino Cardoso da Silva / Paiva Manso, 1º Visconde de desde 1869 Levi Maria Jordão de Paiva Manso / Paiva, Vicente Ferrer de Neto / Pamplona Corte Real, Brigadeiro Manuel Inácio Martins / Parati, 2º Conde de. D. João Inácio Francisco Paula de Noronha / Pascoaes, Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos / Passos, José da Silva (Passos José) / Passos, José Gerardo Ferreira / Passos, Manuel da Silva (Passos Manuel) / Pato, Álvaro António Bulhão / Pedro IV, D. / Peniche, Conde de / Pereira, D. Francisco Xavier da Silva. Ver Antas. / Pereira, Domingos Leite / Pereira, Frederico Guilherme da Silva / Pestana Júnior, Manuel Gregório / Pinto, Agostinho Albano da Silveira / Pinto, Alberto Moura / Portela, Raúl Lelo / Póvoas, Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho e / Praia Grande de Macau, Visconde da / Queirós e Almeida, José Joaquim de / Queirós, Tomé José de Barros / Quintela, Manuel Inácio da Costa / Ramos, Francisco Luís / Ramos, João de Deus / Rego, Jaime Daniel Leote do / Relvas, José Maria Mascarenhas / Ribeiro, Hélder Armando Santos / Ribeiro, José de Freitas / Ricardo, João Luís / Rocha, Albino Vieira da / Rocha, Ernesto Maria Vieira da / Rodrigues, Manuel Maria Sarmento / Saldanha, Conde desde 1827 , Marquês desde 1834 e Duque desde 1862 de. João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun/ 1790-1876 / Sampaio, António Rodrigues / Sanches Machado da Rosa, Júlio Gomes da Silva / Santos, António Maria de Azevedo Machado / Santos, José Cortês dos / São Luís, Frei Francisco de nome beneditino dado a Francisco Justiniano Saraiva,Também conhecido como o Cardeal Saraiva / Sepúlveda, Bernardo Correia de Castro e / Serra, Abade José Francisco Correia da / Severino, Bartolomeu de Sousa / Silva, António Maria da / Silva, Eduardo Ferreira dos Santos / Silva, Fernando Augusto Pereira / Silva, Inocêncio Francisco da / Silva, Frei Patrício da / Silveira, Alberto Carlos da / Silveira, José Xavier Mouzinho da / Simas, Frederico António Ferreira de / Soares, João Lopes / Soares, Joaquim Pedro Celestino / Sobral, Hermano José Braamcamp de Almeida Castelo Branco 2º Barão, 1º Visconde desde 1838 e 1º Conde desde 1844 do Sobral / Sotto Mayor, João da Cunha / Sousa Júnior, António Joaquim / Sousa, Jaime Júlio Velho Cabral Botelho de / Sousa, Manuel de Castro Pereira de Mesquita Pimentel Cardoso e / Tomás, Manuel Fernandes / Torres Novas, Conde de. Ver Vasconcelos Correia / Valbom (Ávila, Joaquim Tomás Lobo d’) / Valdez, José Lúcio Travassos. Ver Bonfim. / Vargas, José Marcelino de Sá / Vasconcelos, António Barreto Ferraz de 1º Visconde da Granja Desde 1847 / Vasconcelos, Matias de Carvalho e / Veiga, Augusto Manuel Alves da / Xavier Dias da Silva, Cândido José / Xavier, António Maria Eurico Alberto Fiel

Jun 25

Neste nosso querido socialismo de consumo, onde nacionalizámos os prejuízos e privatizámos os lucros..

Depois do São João e do Santo António e antes do São Pedro, com tantas marchas, sardinha assada e martelinhos de plástico, nada melhor do que passar os olhos, de soslaio, pelas duas dúzias de parangonas da política à portuguesa que enquadram o dia de hoje:

· Menezes critica Mendes por querer referendar Tratado da UE
· Lisboa está no centro mundial das TIC, diz Sócrates
· Baixa-Chiado: Nogueira Pinto admite estudar convite do PS
· Jardim defende mais «poder legislativo» para a Madeira
· BE acusa Rui Rio de «não ser homem de palavra»
· Açores: PSD e PS reúnem-se terça-feira na ilha Terceira
· Severiano defende programas de cooperação entre FA da CPLP
· Tratado da UE: Santana diz ser cedo para falar de referendo
· CML: Independentes dominam lista de Garcia Pereira
· Relações entre EUA e Portugal são «inconcebíveis» sem Açores
· UE: Marques Mendes insiste em referendo para cumprir promessa
· Portugal e Peru assinam acordo bilateral
· Telmo Correia: Câmara deve apoiar instituições de apoio à vida
· Negrão pede demolição de prédios onde foi filmado «Zona J»
· Jerónimo: governo quer usar Presidência da UE como «biombo»
· PSD nega que esteja a criar dificuldades ao avanço do tratado
· A4 traz «solidariedade e justiça» a Bragança, diz Sócrates
· CML: António Costa defende vias encerradas para desporto
· PM: Auto-estrada entre Vila Real e Bragança «é prioridade»
· Assessor de Santana responderá a livro de assessor de Sampaio
· Primeiro-ministro inaugura hoje último troço da A24
· CML: PS, CDU, BE, MPT e Roseta juntos por mais espaços verdes
· PR: resultado Cimeira corresponde ao que Portugal pretendia
· Cavaco visitou EUA para cumprir promessa eleitoral a emigrantes
· Montalegre: PM inaugura obras só possíveis com a adesão à UE.

Lidas e relidas daqui a um mês, a um ano ou a uma década, elas revelarão como nenhum destes ramos da árvore marcou a floresta.

Este é o país onde está prevista a construção de 40 000 000 de habitações, para apenas 10 000 000 de residentes, mas onde ainda temos uma lei das rendas que mantém o essencial da lei excepcional de Bernardino Machado que marcou a entrada da República na Grande Guerra, de 1914-1918. Este é o país onde o socialismo das nacionalizações revolucionárias do 11 de Março de 1975, nunca nacionalizou, ou municipalizou, o direito de superfície dos solos urbanos, como muitos países liberais fizeram. Este é necessariamente o país dos patos bravos e dos apitos dourados e consequente financiamento partidário através dos micropoderes.

Pelo menos, inventámos um socialismo de consumo, onde nacionalizámos os prejuízos e privatizámos os lucros, nesta nossa querida economia mística, bem expressa pelas escutas aos presidentes dos clubes de futebol que os jornais vêm publicando. É por isso que daqui a um pedaço irei à festa-procissão de São Berardo no CCB, onde o Joe vai gozando com o regime e os seus antecessores champas, amorins e belmiros, ao mesmo tempo que anuncia a urgente regeneração do capitalismo popular, como podemos ler em Vita Leggende e Miracoli del Santo Pescinese con la storia della Confraternita.

Jun 25

Um pouco de Locke, contra a nova procissão dos Senhores dos Paços

Um pouco de Locke, contra a nova procissão dos Senhores dos Paços e do conselho de ministros da guerra junqueiro, para quem me chama parvo  Muitos excitam-se entretidamente sobre o conceito de tratado constitucional e o futuro da Europa, da chancelera e dos gémeos, para não falar nos que reduzem a macropolítica doméstica às teorias das conspirações de assessores e chefes de gabinete. Seria melhor notarmos que o poder, incluindo o poder supremo da governação, é uma simples rede de poderes, um gigante assente nos muitos pés de barro dos micropoderes, incluindo o da falsa autonomia da sociedade civil, donde veio tanto o clandestino financiamento partidário como o formidável arquipélago das cunhas  em que assenta a nossa poliarquia, incapaz de compreender o que é uma sociedade aberta, pluralista e competitiva.  Logo, quem ascende ao vértice de tal pirâmide neofeudal, por mais celestial que seja a mística discursiva que instrumentaliza, pode cair na primeira casca de banana que lhe estendam nos seus Passos Perdidos, sejam encontros imediatos de primeiro grau, sejam degraus mal calculados pela engenharia civil e a política do ambiente, donde se possam estatelar na alcatifa do corredor, mesmo que seja de fundo.  Porque o senhor é parvo/ Parvo é o senhor/ Senhor dos Passos/ Paços do Concelho/ Conselho de Ministros/ Ministro da Guerra/ Guerra Junqueiro/ Junqueira Alcântara …   Com tantas habitações para construir e com tanto betão de fundos da coesão para lançar, é natural que um regime feito de patos-bravos e donos de mercearias se tenha modernizado pelo consumo e não pela produção, ao mesmo tempo que se enreda na mesma teia que destruiu o rotativismo da monarquia liberal, onde o acordo de credores internacionais de 1902, conseguido por Carrilho, nos proibiu o acesso durante cinquenta anos ao mercado internacional de capitais e nos obrigou ao pagamento durante noventa e nove anos dos desvarios dos concessionários, que permitiram os luxos de palácios como o de Burnay, à Junqueira, ou o do Foz, aos Restauradores. A história faz sempre prescrever os crimes de corrupção, para que Proudhon possa continuar a dizer que a propriedade é um roubo…  Porque foram os neodevoristas das obras públicas do fontismo que assassinaram o rei e esgotaram a esperança da I República, obrigando os três ramos do partido da tropa a ter que pedir uma aliança entre a cavalariça e a sacristia, chamada 28 de Maio, onde, apesar de Jesus Cristo não saber nada de finanças, acabou por ser um catolaico a mandar nisto, por causa do acordo de 1902.  Daí que queira estar atento ao novo discurso dos neo-sacristas diante dos velhos três ramos, antes de ler o artigo do meu amigo sintrense sobre a Portela mais dois, até porque também havia um heliporto lá para os lados da actual Expo, para gáudio dos autarcas de Loures, tal como a Porcalhota também foi aerodinâmica nos tempos da I República, para orgulho dos gestores dos terrenos do ex-campo de aviação da actual Amadora…   Com efeito, qualquer mudança pós-revolucionária, num país, onde, para citar Afonso Costa, há muitos pés descalços e poucas botas, gera regimes de “animal farm” onde todos são iguais, mas há sempre alguns que, vivendo no intervalo do pau ir e vir e folgarem as costas, se tornam mais iguais do que outros. Eles são os eternos devoristas que transformam aquilo que, segundo Locke, deveria ser um depósito de poder (“trust”) naquele tipo de fundações, onde o instituidor povo deixou de ser o beneficiário institucional.   Voltando a Locke, apenas podemos superar a presente crise se perspectivarmos o poder político à imagem e semelhança da figura privatística do depósito (trusteeship), entendendo-o como mera delegação parcial dos poderes dos indivíduos em certos homens, através do consentimento que tanto pode ser expresso como tácito, por mera adesão, aceitação ou aquiescência.  Onde o poder governamental, por seu lado, deve ser entendido como mero poder-dever, como uma missão, um encargo que o povo confia aos que o representam e onde os governantes são vistos como membros do corpo político, pelo que os membros do povo não têm obrigação contratual face ao governo.  Só desta forma se ultrapassa o dualismo do pactum subjectionis, dado que o poder governante não se transforma num soberano exterior à sociedade. Acresce que, para Locke, a força, por si só, não legitima o direito, dado considerar que o direito precede o Estado e que o povo é superior aos governantes.  Aliás, o poder legislativo (legislature), apesar de ser um supream power não é um poder absoluto, estando limitado pelo fim para que foi instituído o governo, que é a protecção da vida, da liberdade e da propriedade dos homens: the legislative being only a fiduciary power to act for certain ends, there remains stil in the people a supream power to remove or alter the legislative when they find the legislative act contrary to the trust reposed in them… thus the community perpetually retains a supream power.  Se, por um lado, nega a possibilidade de um poder absoluto por parte dos governantes, quando considera que a comunidade popular mantém sempre a supremacia de destituir o poder constituído, eis que, por outro, também não perspectiva a vontade popular como omnipotente, fazendo-a depender de uma lei natural que identifica com a lei divina: it is a a mistake to think that the supream or legislative power of any commonwealth can do what it will.  O poder político, distingue-se assim do poder paternal e do poder despótico, desse poder arbitrário e absoluto, bem como da conquista, e da usurpação, onde a primeira é entendida como uma usurpação vinda do exterior e a segunda, como uma conquista doméstica, colocando-se em clara oposição à tirania, esse exercício do poder para além do direito.  Que graça!!! /Senhora da Graça/ Senhora da Graça/ Senhor dos Passos/ Senhor dos Passos/ Paços do Concelho/ Paços do Concelho/ Conselho de Ministros/ Conselho de Ministros/ Ministro da Guerra/ Ministro da Guerra/ Guerra Junqueiro/ Guerra Junqueiro/ Junqueiro há no Mar/ Junqueiro há no Mar/ O Mar tem Estrelas/ Estrelas do Mar/ O Mar é na China/ A China é na Ásia…/ Essa tem Graça!!!  PS: O comendador, ao partir tanta porcelana “fake” desta loja dos trezentos, assume-se como o verdadeiro maestro da verdadeira operação furacão, assumindo a necessária loucura competente que tanto importunou a PT, o BCP, o CCB e o SLB, com passagem pela Ota. Ele está para estes restos de pátria, como os gémeos para a madrasta Europa. É um verdadeiro arrancador dos mantos diáfanos de certa fantasia que continuam a tapar as verdades nuas e cruas das circunstâncias. Agora que ele pôs gravata e camisa sem ser preta, se repetir a mobilização das origens humildes contra os sangue azul, pode efectivamente constituir o movimento dos descamisados, cujo lema terá de ser “ou há moralidade, ou comem todos”. Continuo em Vale de Lobos, com Ota à vista…

Jun 24

Os jogos florais da reforma do sistema político e da alteração da lei eleitoral…

Na passada sexta-feira, tive mais uma intervenção comentarista na TSF, a pretexto da chamada reforma do sistema político. Porque, depois do PS ter levantado a bandeira da reforma do parlamento, o PSD, usando a técnica da melhor defesa ser o ataque, decidiu seguir o conselho de Jaime Gama e tratou de lançar mais uma das eternas apostas de reforma do sistema político, dando este nome aos velhos e desgastados projectos de reforma do sistema eleitoral.

Por outras palavras, os partidocratas dominantes continuam a sua antiquada táctica dos jogos florais, fingindo que chamam a sociedade civil a debater o que apenas está dependente de um acordo neofeudal entre os dois partidos-sistema. Basta, aliás, recordar que as próprias revisões constitucionais vieram de acordos de salão entre o PS e o PSD, como o poderão atestar Marcelo Rebelo de Sousa, Fernando Nogueira ou António Vitorino, quando funcionaram como notários do regime.

Trata-se do habitual bailado da oligarquia dona do poder, desse clube fechado, de rigoroso direito de admissão, e seria tolo pedirmos aos que usam e abusam dessa posição dominante para se auto-subverterem, através das habituais reformas vindas de cima para baixo, onde quem está em cima nunca deixará que se gere uma subversão vinda de baixo, ou do lado.

Porque, tal como na União Europeia, também no plano doméstico vigora o princípio da hierarquia das potências, com dois partidos directores, o PS e o PSD, e vários poderes secundários, onde os primários não querem a subida dos secundários e os secundários se unem aos primários, na exclusão dos marginais que se colocam à porta do sistema.

Basta recordar que a lei eleitoral vigente ainda vem de um grupo de trabalho criado pelo I Governo Provisório, da era pré-PREC, assim confirmando como, em Portugal, duram especialmente as reformas emitidas em ditaduras revolucionárias e reformistas.

Como as que foram lançadas pela ditadura das finanças salazarista, com o 28 de Maio; pelo laicismo afonsista do governo provisório da república, em 1910-1911; pela liquidação das alcavalas do “ancien régime” semeadas por Mouzinho da Silveira na regência do Duque de Bragança, ex-rei D. Pedro IV; ou pela arquitectura de Estado do despotismo ministerial do Carvalhão.

Talvez seja melhor notarmos que o actual sistema político, com a sua partidocracia controleira, não passa, hoje, de um simples subsistema, onde a maioria dos factores de poder já não são nacionais. E onde até o próprio poder político está fortemente condicionado pela união dos interesses económicos.

Aliás, tanto a integração europeia como a globalização transformaram o PS e o PSD em meras secções de multinacionais europeias que nem sequer têm autonomia programática, principalmente em matérias de projecto europeu, porque partido integrado, deles, se pisar o risco leva expulsão.

Pior do que isso: face a este concentracionarismo capitaleiro e castífero, a partidocracia nem sequer tem força para fingir que não é dominada pelos grupos de pressão patronais, como é bem patente na saga aeroportuária.

A CIP, que nem sequer vai a votos, como a sua antecessora da I República, até se permite patentear guerras de patrões como os seus colegas nortenhos.

Mesmo velhas heranças da democracia da sociedade civil, como eram os liberais clubes de futebol, acabam por poder ser comprados por singulares capitalistas, através de uma simples OPA.

Isto para não falarmos da reforma do ensino superior, impulsionada pela cláusula geral do espírito de Bolonha, onde corremos o risco de não nacionalizarmos a racionalidade importada, e tendo como ideia matricial o mesmo relatório da OCDE exportado para a Coreia.

Por isso é que não me admiriria que pedissem à secção de engenharia da delegação indiana do MIT para, em nome do salto tecnológico, escrevinharem umas linhas matriciais para a reforma do nosso pronto-a-vestir eleitoral, mesmo que seja um simples plágio do relatório emitido para o reino do Butão.

Até poderiam chegar à conclusão que a melhor solução para Portugal passa pela extinção do governo e da governação, pondo a concurso público internacional a gestão da coisa por uma qualquer firma de consultadoria da Patagónia. Eu até já vi um estudo estratégico-económico de um ilustre cipense pondo a hipótese de encerramento da Ilha do Corvo, tal como poderei ver outro, vindo dos vizinhos de Harvard, confirmando a inviabilidade da autonomia portuguesa, com esta classe política a que chegámos.

Entretanto, seria bem mais aconselhável que os lusitanos que restam tivessem um reforço da autonomia das suas autarquias locais e regionais, entre zonas livres e zonas estipendiárias, que se federariam numa segunda câmara, a instalar no Porto, enquanto se continuariam a realizar eleições directas por sufrágio universal apenas para um parlamento partidocrático de listas nacionais e para um presidente que bem poderia ser um rei eleito.

Julgo que o dinheiro dos portugueses poderia ser melhor gerido, evitando assim a nossa provável expulsão da zona euro, caso se mantenha esta confusão entre o mundo dos negócios, do futebol e da política, com lobistas, que são mais ratos do que lobos do homem, a não terem que se refugiar sob os honrados nomes de advogado e de deputado.

Até não teríamos que levar outros lobísticos dirigentes partidários, a acumularem direcções de clubes de futebol e de associações patronais, com intervalos deputáveis cheios de muita barganha e requerimentos, em nome do realismo económico e ao serviço de quem lhe paga. Lobi há, oligarquia o põe. Em choco. Com gripe das aves a ameaçar, para que volte a Passarola.

Jun 23

Europa, viva o sim pelo não! Obrigado, Charles de Gaulle…

Todos os povos da Europa entoaram na madrugada de ontem um enorme hino de alívio, porque os seus ilustres representantes cupulares, na cimeira de Bruxelas, conseguiram um desses acordos, onde todos concordaram no que estiveram, estão e estarão em desacordo. Até considero justos os elogios de bom aluno que já recebeu do professor-presidente. Contudo, não posso deixar de notar que, noutros traseiros do regime, acontecem paradoxos, como os morosos oito anos que levaram a uma acusação de corrupção sobre o tratamento de águas ambientais na Beira Interior, ou ao pingar diário de mais acusações sobre actuais e passados presidentes de clubes de futebol. Não vou gastar hoje meu latim neste normal de haver anormais, até porque nas duas viagens ferroviárias que fiz ao Norte li semanários políticos em demasia e fiquei enjoado com tantos solavancos deste pensamento dominante que vai lavando as cabecinhas das chamadas classes A e B, este portuguesmente correcto que usa e abusa dos nossos destinos.  Reparei apenas como em época de exames surgem coloridos anúncios universitários, públicos e privados, com muitas publicidade enganosa de agências especializadas em figurantes e figurões, prometendo futuros radiosos e chouriçadas do costume, assim contribuindo para o engrossar dos proletários intelectuais, gerados por este falso planeamentismo que está a transformar o que deviam ser universidades em hipermercados com muitas caixas registadoras de propinas. Apenas noto que estou farto dos falsos gestores que transformam venerandas instituições em manobras de péssimo “marketing”, onde se usa a técnica daquela terra queimada de qualquer invasor, para o beneficiário, depois, andar a pedir melhor emprego noutras paragens. Volto à Europa, recordando até que, na noite de sexta-feira, a debati com socialistas do Porto, onde voltei a ser nacionalista, federalista e liberal, sem qualquer choradinho sobre a resistência de um “Welfare State”, onde todos podem obter o cartão europeu de utente dos serviços públicos de saúde, fazendo bicha numa qualquer loja de cidadão. Porque, em pleno euro, sem ser por culpa do euro, a minha bolsa minguou e nem sequer me permite ir comprar caramelos a Badajoz.  Ainda bem que chegámos a acordo sobre o que estámos em desacordo, coisa que é bem melhor do que darmos música celestial a gongóricos textos que ninguém quer comunitariamente receber, quando não há suficientes símbolos que transformem a Europa numa comunidade de amor, numa ideia e num valor pelo quais valha a pena morrer como cidadãos. O erro dos comandantes do convencionalismo foi o de instrumentalizarem os belos símbolos da nossa “nation des nations” numa tecnocratice, especialmente quando começaram a dizer que a participação directa dos povos era menos legítima do que a decisão dos mesmos povos que indirectamente os canalizou como eurocratas. Esses que, no segredo das cimeiras e dos corredores das mesmas, negoceiam nossos destinos, em nome de falsas legitimidades que os levam a considerar-se como superiores à vontade geral de todos e cada um de nós, os homens comuns.  Ainda bem que, na recente cimeira europolaca, triunfou o método da cooperação política, essa herança gaullista do “oui par le non”, como tão bem a qualificou Maurice Duverger. Pelo menos, alguns europeístas como eu, sempre podem perder a carga demonizante de herético, com que eram qualificado pelos “yes, minister” dos bismarckianos, habsburgos e napoleónicos, atirando-nos para a nebulosa do anti-europeísmo ou do euro-cepticismo, categorias inventadas pela engenharia inquisitorial da burocracia e dos seus anexos de intelectuários, avençados ou subsidiados para colóquios sobre o futuro da Europa, com muitos censores de serviço, dependentes das gavetas de fundos dos patrocinadores.

Jun 22

Retalhos da vida quotidana de um acoimado, dito utente

O futuro das universidades, depois da ofensiva lançada por Gago no dia de anteontem, foi ontem abalado pela reacção do situacionismo da endogamia vigente, onde o CRUP alargou a sua frente de resistência aos discursos anti-vitalmoreira de Jorge Miranda, Marcelo Rebelo de Sousa e Adriano Moreira. Continuo a repetir o que ontem aqui enunciei. Se me entalarem entre estes dois extremos, prefiro a primeira opção, dado que sempre abre umas janelas donde poderá vir uma ventania regeneradora que, apesar de causar alguns resfriados, afastará certos bafios bolorentos.

Entretanto, continua a saga da campanha autárquica lisbonense, onde Monteiro chama Ginjas ao Manuel do Bexiga, conquistando tanto tempo de antena quanto Paulo Portas, que pôs o seu Bexiga a lexiviar “grafitti” com uma electrónica máquina de sulfatar. Já na cimeira de Bruxelas, depois do teatro, todos foram para o bilateral da hierarquia das potências, com Bismarck e Napoleão III a desconfiarem dos amigos de Peniche, embora seja provável que Sócrates herde um qualquer fumo que não será preto nem branco, mas da cor que tem o cinzento de Barroso.

Cavaco discursou em Wasshington, mas Bush não teve agenda para o receber, que também por lá vigora a hierarquia das potências. Por cá, para além dos discursos de Berardo sobre o futuro banco Benfica, numa espécie de magazine que substitui o habitual espaço dos gatos fedorentos, ficámos a saber que um sacerdote foi preso em plena cerimónia baptismal, enquanto Pinto da Costa continua a ter os efeitos arguidosos, lançados por um certo “best seller” nascido da raiva ex-conjugal.

Por mim, fui acoimado. Estacionei o carro sem recorrer ao parquímetro durante alguns minutos e quando voltei tinha um papelucho amarelo da Dona Emel que, errando na indicação do artigo do Código da Estrada que teria violado, me ameaçava com uma penalização entre 30 e 150 euros, ao mesmo tempo que me mandava fornecer uma série de cerca vinte dados de identificação pessoal.

No papel, eu, cidadão e munícipe, era carinhosamente alcunhado como “utente” e convidavam-me a visitar um “sítio” que cliquei, mas que estava apenas em desactivada construção.

Tive que telefonar e fui recebido por alguém, meio simpático, que se assumiu como especialista em direito rodoviário e me explicou que tanto podia ser autuado por papéis brancos, os dos agentes das firmas subcontratadas pela Emel, que passam multas mais pequeninas, as quais se podem pagar por multibanco imediatamente, como por agentes autuantes da dita Emel, que passam os amarelinhos mais duritos. Porque face a estes, receberemos outro papel acoimante que, se for pago dentro de cinco dias, atingirá apenas os 30 euros.

Fiquei esclarecedíssimo sobre a utilidade da campanha eleitoral autárquica e decidi não votar ou votar no que mais facilitar a destruição criadora deste domínio do senhor ninguém e do seu comunismo burocrático.

Aliás, nada me disseram sobre esta possibilidade legal da Dona Emel poder constituir uma base de dados privativa, dado que, neste regime de simplex, o autuante, com delegação de poder estatal, apenas deveria ser autorizado a recorrer, de forma limitada, à base de dados específica do Estado sobre a matéria.

Também fiquei esclarecido sobre o cumprimento do princípio da igualdade. Pode haver atrás de mim cinquenta carros em segunda fila e cem em cima do passeio, mas o autuante que usa postais amarelos apenas me pode lixar a mim, porque nessse dia e nessa hora não passou por lá a firma subcontratada que usa papelinhos brancos nem o agente da PSP.

Julgo que seria melhor ao Estado delegar o seu poder autuante, não numa empresa municipal que o pode subdelegar em subfirmas, mas num qualquer cidadão aposentado ou reformado, para que este entregue os fundos obtidos pelos mal estacionados aos administradores dos prédios da rua, para que estes possam cumprir mais um diploma que, invocando Bruxelas, vai controlar a eficiência energética.

Este leviathan lá vai cantando e rindo e a malta já nem sequer pode protestar. Viva o simplex desta cidadania com muitas lojecas de enganar os papalvos.

Jun 21

Tenho a certeza que a justiça continua a ser uma deusa de olhos vendados

Um qualquer cidadão terá apresentado uma qualquer queixa-crime contra outro qualquer cidadão e este, em resposta íntima, acaba de fazer um belo elogio do Estado de Direito que, a seguir transcrevo. Tenho a certeza que a justiça continua a ser uma deusa de olhos vendados cuja espada está ao serviço do todo e não se confunde com a do Leviathan, nem com o báculo que este tem na contramão e faz confundir um opositor com um pecador. O cidadão justamente queixoso é um dos máximos símbolos da democracia portuguesa. Tem o direito de defender os seus direitos e a sua imagem pelo recurso ao sistema de administração da justiça. Mas também vai ser, durante seis meses, o máximo símbolo das democracias europeias.

Nixon também era o máximo símbolo das democracias ocidentais e não consta que tenha sido ele a assaltar o edifício do Watergate. Mas por causa de uns dislates de uns pequenos agentes teve que abandonar o máximo poder mundial em plena Guerra (Fria). Parece que nos USA se gravavam todas as conversas do Presidente em plena Casa Branca. Parece que seríamos todos estúpidos se confundíssemos a árvore com a floresta. Só que uma só árvore, ou um só ramo de uma delas pode apodrecer toda a imagem da própria floresta:

Desta vez, ao contrário de 24 de Outubro de 2004 , não bateram à porta da minha velha casa, em Alcobaça, pelas 7:00, ainda o sol não tinha nascido, dois inspectores da Polícia Judiciária e um procurador-adjunto por causa da suspeita do gravíssimo crime de… desobediência simples (do qual fui absolvido depois em tribunal, veredicto confirmado pela Relação de Coimbra) – não fui acusado de qualquer violação de segredo de justiça. Não pensei que fosse o padeiro – aliás, se à hora do lobo oiço vozes no patim e o batente soa, nunca mais penso que seja o padeiro… Eu não abri a porta estremunhado, um olho aberto, outro fechado, nem divisei três vultos. Não responderam que eram da Polícia Judiciária. Não começaram por entrar – e só se percebe, acreditem, o que é alguém entrar em vossa casa sem pedir licença a primeira vez que se sofre essa humilhação sem poder reagir – e me mostraram o mandado da juíza (que, todavia, não os autorizava a apreender-me correspondência…).

Desta vez, não lhes pedi para vestir umas calças, já que não os queria atender em pijama. Não me perguntaram, em tom solene, quantas pessoas estavam em minha casa. Não os avisei que minha mulher ainda descansava no quarto, como quem lhes fazia notar que tivessem a decência de a respeitar.

Desta vez, não os levei ao escritório exíguo onde escrevo. Não lhes abri o computador, com a intenção de lhes mostrar a pasta onde guardo os meus escritos, para mo desligaram imediatamente, que “podia ter uma instrução automática para formatar o disco…” Não lhes indiquei as pastas de arquivo com etiqueta “Política” (de 1 a 7), folhas bem arquivadas pois era por causa de política que vinham buscar a casa onde vivo e que foi de meus avós. Não lhes mostrei os papéis, não me questionaram sobre a sua origem, não me confiscaram os apontamentos manuscritos que tinham contactos de jornalistas nem ignoraram ostensivamente uma folha com o contacto de um assessor de tribunal (a quem tinha pedido legitimamente o link de uma página da internet de uma dado acórdão já público).

Desta vez, os meus dois filhos não apareceram assustados na sala da minha pobre casa, sem que eu lhes pudesse explicar quem eram aquelas pessoas. Só consegui fazê-lo passados dois dias – perante o eco duro da pergunta consecutiva do mais novo, que repetia a cada explicação minha: “mas… pai: tu fizeste algum crime?…” Não é fácil sossegar os olhos francos de uma criança que vê nos polícias – as crianças não sabem o que são procuradores – os homens que prendem os “maus”, que o pai não fez crime algum e que a família tinha sido atingida devido a motivos justos e ao serviço cívico da comunidade, com a preocupação fundamental de defesa das crianças da Casa Pia vítimas comprovadas de abusos sexuais. Se a polícia te buscou, algum defeito te achou… As crianças não conhecem o que é a violência e a desvergonha do sistema. Não obstante, devem ter sentido que sofreram alguma violência na sua intimidade porque a minha filha sentiu-se mal na escola no dia seguinte e telefonaram imediatamente a minha mulher para a levar para casa.

Desta vez, não lhes pedi para me ir arranjar que daqui a pouco tinha aulas em Santarém, obtendo a resposta, esclarecedora para a desnecessidade de terem acordado a minha família pelas 7:00 quando o alvo (eu) só saía de casa às 9:00: “o sôtor entra às 10 horas, não é?…” – entrava… Um polícia não surgiu com o meu telemóvel na mão que, depois, não confiscaram – perguntei se era escutado, riram-se…

Desta vez, a minha mulher não surgiu na sala, onde, mesmo assim, apresentou um “bom dia” seco, enquanto se dirigia às crianças para que se arranjassem para a escola. Eu não soube depois que lhe tinham revistado o carro dela sem mandado, já com os filhos lá dentro, quando ela se aprestava para seguir para o trabalho.

Desta vez, na minha curta sala, onde o retrato sóbrio dos meus avós reclamava outro respeito – em vez da boca de um agente para outro “em princípio, aqui não chove…” – entretanto mais apinhada com mais dois inspectores que se tinham reunido aos outros e ao procurador, ninguém me ajudou a redigir o requerimento a pedir cópia dos ficheiros académicos que dois dias depois… indeferiu – só me entregaram a tese de doutoramento (de que lhes expliquei não ter outra cópia) em CD sete meses mais tarde. Não me levaram o computador para só mo devolverem largos meses depois – o programa de tradução Babylon é que nunca mais funcionou. Eu não fui comprar um computador nesse dia – por imprudência, ainda nem sequer encomendei o próximo… Não tive de dar entrevistas para tornar mais complicado abaterem-me sem consequência.

Desta vez, não soube que tinham ido outros dois inspectores à mesma hora (7 horas em ponto, ainda de noite, nesse 27 de Outubro de 2004) a casa de minha mãe, a dois quilómetros do sítio onde eu, casado e com dois filhos, vivo – aliás já não vivia em casa de minha mãe desde que me casei em 1993. Que tocaram à campainha de uma mulher, de 78 anos e paciente cardíaca, mas “recta como o sol” – como dela dizia o meu avô Balbino -, e de uma prima ainda mais idosa, para lhe buscar a casa, com mandado autorizado por uma juíza de instrução – a quem, além de outro, prometo escrever, se cá estiver, no dia em que minha mãe nos deixar – por causa do gravíssimo crime de desobediência simples do filho… A minha mãe não perguntou aos agentes o motivo da busca, tendo acrescentado que, porém, não deveria ser por causa de corrupção ou droga, tendo os polícias, envergonhados, explicado que era “por causa de umas coisas que o seu filho escreveu”… Depois de uma busca pela casa, telefonaram para alguém – provavelmente o procurador que estava em minha casa e dirigia a busca – e levaram um computador velho de 11 anos, um IBM 433 DX, que ela tinha comprado para os filhos antes de eu me casar e que mantinha lá com o fito que os netos nele se entretivessem, o que faziam muito raramente. A minha mãe que no tempo da ditadura teve, porém, gentileza menor: a polícia agora, em 2004, tinha ido pessoalmente revistar-lhe a casa “por causa de umas coisas que o seu filho escreveu” em vez da maçada da notificação, em 1973, para comparecer na GNR junto ao Governo Civil de Leiria devido a ter ousado pôr um ministro em tribunal por este ter sancionado um concurso em que havia sido preterida, se julgava com direito e veio a vencer após recurso.

Desta vez, não me comovi com o texto que minha irmã, melhor do que eu, gritou em 16 de Novembro de 2004 sobre a violência que foi provocada à nossa mãe “por causa de umas coisas que o seu filho escreveu”. Um homem não chora.

Desta vez, não consta que tenha sido instaurado o inquérito para demonstrar neutralidade processual e equidistância face ao Horror, para compensar a sistémica vozearia orquestrada queixosa de alegado desfavor.

Desta vez, minha mãe não apareceu em casa a chorar por causa de um interrogatório manhoso – já não bastava a busca!! – relacionado com a apreensão que lhe fizeram tal computador, por funcionário judicial indigitado para o trabalho – “minha-senhora-o-seu-filho-disse-nos-que-o-computador-era-dele…” – “se-o-meu-filho-disse…” – “assine-aqui-por-favor…” Pensava eu que ela tinha ido ao tribunal por causa de uma tentativa de roubo que lhe foi feita por uma mulher, toxicodependente, com uma faca, em que sugeriram que desistisse (minha mãe queria até perdoar à mulher…) e, afinal, era para se livrarem da embrulhada da apreensão do computador de que é proprietária que lhe devolveram nessa altura – o que é, no fim de contas, uma simples tentativa de roubo com faca a uma senhora com 78 anos se comparada com a gravidade de uma desobediência simples do filho?…

Desta vez, não fui procurar alguém, com um carregador Nokia no bolso, à cautela por causa de alguma eventualidade – e só depois me advertiram que aí não deixam usar telemóvel -, com o propósito de obter uma explicação e a esperança de não o encontrar.

Desta vez, não abriram o meu computador sem a minha presença ou do meu advogado, aliás nem reparei em qualquer selo quando por lá o encontrei depois. Um computador com a minha conta bancária e de minha mulher, cartões de crédito, declarações fiscais, passwords, registo de tráfego – além de artigos, trabalhos, lições, exames e notas meus, fotografias da família, escritos de minha mulher, desenhos e jogos das crianças, etc.. Nem vi escarrapachados nos apensos detalhados do processo em cinco volumes grossos, impressos os meus mails, os tais que não estavam autorizados a apreender, e os meus recados do Outlook do tipo da gravidade de mensagens criptológicas como “comprar pneus para o carro”.

Desta vez, não fui, ainda, a julgamento – mas irei, que não me perdoam a verdade (factos, factos, factos)… – e, portanto, não senti em quem julgava a cólera devida ao grande criminoso que eu era, nem me mandaram calar por ter arriscado a citação do subversivo Padre António Vieira (“se servistes a Pátria…”), nem impedem o meu combativo advogado, Dr. José Maria Martins, de me questionar directamente nem de me fazer certas perguntas inconvenientes, embora no interrogatório me possam exigir que descruze as pernas onde tenha assente algum bloco para escrever. Respeitinho!