Set 25

“O Mundo é hoje tão complexo e os desafios da economia global são tão grandes que precisamos da ajuda de todos…”

“O Mundo é hoje tão complexo e os desafios da economia global são tão grandes que precisamos da ajuda de todos…”, afirmou o presidente de uma certa petrolífera, elogiando o lóbismo de uma certa fundação, à saída de uma audiência de um certo presidente, que disse não querer ser rainha de Inglaterra, com outro ex-presidente, cada vez mais como a passada rainha-mãe, no mesmo dia em que mais outro presidente, não nacionalizado nem nosso, Ahmadinejad, do Irão, na Universidade de Columbia, proclamava: “Nós não temos isto em nosso país. Não sei quem lhe disse isso”. Por outras palavras, os devotos e puritanos ahmadinejadistas, se não recebem lóbis académico-petrolíferos, fazem lóbi junto de fundacionais universidades da globalização. Todos os loibos uivam, embora os nossos, no perder é ganhar tudo é desporto, nos tenham emocionado, e bem, com a simples restauração de um símbolo nacional, tal como Scolari, de outras eras, pôs milhares e milhares de outro símbolo, em nossas janelas e varandas. Até eu pus a azul e branca em minha casa da Junqueira, para provocar o meu vizinho belenense que tem Pátio dos Bichos.

 

 

 

 

Ao que consta, o iraniano não estava a referir-se aos quase oito mil militantes sociais-democratas dos Açores que não puseram as quotas em dia, mas que ainda as podem regularizar, alterando as regras do jogo, já quase nos últimos minutos da segunda parte, embora, para muitos outros, o princípio da igualdade levasse a que fossem menos iguais no impugnável acto. Porque “em democracia as coisas são assim. As pessoas discutem umas com as outras, têm divergências ou não, mas isso não tem nada a ver com as relações pessoais entre elas”. Talvez por isso é que as futebolistas “nuestras hermanas” do Torrejón, decidiram pedir subsídio às petrolíferas iranianas, pousando em privado olhar patrocinador, como mostra a imagem supra, que hoje ocupa as parangonas dos grandes jornais da globalização, a tal coisa tão complexa como os loibos que hoje vão defrontar a Roménia e que certamente não irão repetir a cena das torrejonetas.

Coisa que engenheirada por um lóbi energético sempre lhes poderia acrescentar o pecúlio de nosso tão complexo mundo, onde o último a rir que feche a porta. Os “cartoonistas” dinamarqueses e suecos que se cuidem. O prometido jogo de futebol para superar a crise do Médio Oriente, conforme proposta de Diogo Freitas do Amaral, já não é a prioridade das prioridades da nossa política externa. Mas um jogo em Teerão entre os lobos, trajados de forcado, e as torrejonetas, como vieram ao mundo, com o patrocínio de Madail, de fato e gravata, bem ajudava que discutíssemos as energias alternativas e as alterações climáticas, sem recurso a escutas da Universidade Independente ou a bagatelas de gémeos e mugawianos…

Set 25

Breves notas, mui metafísicas, contra os bacanais do ódio

Ontem, impressionou-me o discurso de Gordon Brown ao “Labour”. Não tanto pelo que disse e mais por aquilo que a cultura política do respectivo ambiente o obrigou a dizer. Disse o que poderia dizer um “tory”, pelas mesmas razões que levam a que as ideologias passem e as culturas fiquem, quando assumem que só é novo aquilo que se esqueceu, porque só é moda aquilo que passa de moda. De facto, não há pensamento sem pátria, sobretudo entre os filhos da primeira das revoluções atlânticas que conseguiu ser eficaz porque, como ensina Hannah Arendt, foi uma revolução que fez o exacto contrário de uma revolução. As revoluções apenas servem para que os escravos prefiram a utopia, dos sítios sem lugar, à subversão da justiça e à eficácia das reformas. Pior ainda são os serôdios revolucionários frustrados que, decretinamente, nos despacham contra a lei e o direito, cumprindo aquela previsão do meu saudoso amigo Mário Sottomayor Cardia, quando falava na subversão a partir do aparelho de poder… Porque os nomes nunca conseguiram fazer a coisa, eis que o hábito de reformador, mesmo que usado por um revolucionário arrependido, não gera, por si mesmo, o monge criador de qualquer “ratio studiorum”, sobretudo quando esta impõe que se faça crescer para cima e para dentro. Há palavras que só podem acontecer, sentidamente, quando se vive como se pensa. E há dias de, assim, viver o segredo de viver. Dias em que voltamos ao prazer da criação. Dias de olhar quem somos, em sinfonia. Neste esvoaçar da metafísica de um som que nos dá sonho. Para colhermos, na emoção da paisagem, uma simples semente de liberdade. Há dias peregrinos, de todo o mundo ser espaço de passeio, neste caminhar por caminhar, sem procurar chegar. Há dias de sorver todo o azul que nos trouxe o tempo de mudança, dias de viver inteiro, sem que os muros nos detenham. Porque hoje não apeteceu sulcar os meandros eruditos, académicos de tantos livros que não li. Preferi recordar Antígona: não nasci para odiar, mas para amar. Há húmidos caminhos do sublime, esse fluido dos deuses onde, vencendo os limites, não varamos as regras eternas e imutáveis que ninguém sabe como surgiram e que, de nenhum decreto, tiveram vigência. É esse o sinal distintivo da criação. Que seria de nós, simples mortais, se não ousássemos, de vez em quando, o mais além? Sem esse prazer de viver, viver não teria sentido… Sou tanta gente antes de mim que, quando por mim dentro me procuro, é em todos os outros que me confundo. E assim, com os outros, em comunhão, sou bem mais do que me penso. O antigo já foi moderno, de que o moderno há-de ser antigo. Só há o verdadeiro no tempo, mas fora do tempo…