Mai 21

Não é o hábito que faz o monge, tal como não é o órgão que gera a função

Não há meio de perceberem que não é o hábito que faz o monge, tal como não é o órgão que gera a função, quando o que interessa é ter o órgão ao serviço da função. Logo, não devemos continuara a julgar que só é público o que mede verticalmente, de cima para baixo, conforme a tradição absolutista do centralismo e do concentracionarismo. Porque, se viajarmos pelo fundamento da velha república romana, notaremos que o máximo da coisa pública estava na horizontalidade dos pactos, nomeadamente quanto à qualificação de uma lei, que só era verdadeiramente pública quando os magistrados a propunham num comício do povo. Com efeito, só é efectivamente público o que reside na horizontalidade dos consensos pactistas. Porque a comunidade é superior ao principado, dado que a república vale mais do que o aparelho de poder e a nação é superior ao Estado. Por outras palavras, não devemos trazer para a praça pública aquilo que, para ser eficaz, não deve sair do espaço da intimidade familiar e, muito menos, passar para o largo do pelourinho. Como jurista que continuo a ser, embora dessa ciência não faça modo de vida, até diria que a melhor sociedade é aquela onde todas as regras são espontaneamente cumpridas, nomeadamente aquela onde as tais questões de consciência não precisam do “casse tête” da guarda, dos manuais e códigos de processo penal e das grades prisionais… Os bons situacionistas encontram-se sempre no sindicato dos elogios mútuos. E a Razão de Estado sempre seguiu a máxima maquiavélica, segundo a qual os fins superiores da governação permitem a literatura de justificação dos homens de sucesso. Tudo depende dos exércitos disponíveis e do desespero dominante. Apenas acrescento que em encruzilhadas onde não se vê luz ao fundo do túnel, o populismo é directamente proporcional aos sucedâneos messiânicos, mesmo que usem vestidos fora de moda, mas com muitos lacinhos de tecnocracia… Entretanto, alguns generais têm feito declarações muito críticas sobre o défice de democracia e liberdade no país. Parece que vão além da mera autodefesa corporativa, tendo algo de recado dos pais fundadores do regime face à presente decadência de um sistema que vai amarfanhando o regime. Mais grave parece ser a intenção governamental de lei da rolha, num processo de compressão da liberdade de expressão que também afecta certas secções universitárias, onde alguns conselhos directivos e certas inspecções parecem reduzir instituições marcadas pela honra e pela inteligência a dependerem dos discursos oficiosos da hierarquia verticalista de certo estilo “decretino” e quase hierocrático…

 

Mai 21

Sobre o estilo decretino e quase hierocrático…

Continuo farto dos que aprenderam cultura nos bancos torquemadas de pregações e homilias contra as heresias que fogem do situacionismo politicamente correcto. Desses que continuam à espera da chegada daquele laico ofício que possa mandar queimar em efígie os dissidentes. Continuo farto destas cadaverosas persigangas vestidas de tecnocracia neopositivista, onde ebriamente se deslumbram fascistas, estalinistas e ressabiados, só porque passaram a respeitáveis donos do poder, assentes na engenharia distribuidora dos fluxos orçamentais que os Pombalizaram, especialmente quando aplicam, agora, ao sector não privado, o exercício falimentar e cogumélico da privatização dos lucros, com nacionalização dos prejuízos, métodos que os fizeram homens da esquerda baixa e prebendada, ou da direita cobarde e colaboracionista.

Mai 21

Continuo farto dos que aprenderam cultura nos bancos torquemadas

Continuo farto dos que aprenderam cultura nos bancos torquemadas de pregações e homilias contra as heresias que fogem do situacionismo politicamente correcto. Desses que continuam à espera da chegada daquele laico ofício que possa mandar queimar em efígie os dissidentes. Continuo farto destas cadaverosas persigangas vestidas de tecnocracia neopositivista, onde ebriamente se deslumbram fascistas, estalinistas e ressabiados, só porque passaram a respeitáveis donos do poder, assentes na engenharia distribuidora dos fluxos orçamentais que os Pombalizaram, especialmente quando aplicam, agora, ao sector não privado, o exercício falimentar e cogumélico da privatização dos lucros, com nacionalização dos prejuízos, métodos que os fizeram homens da esquerda baixa e prebendada, ou da direita cobarde e colaboracionista. (2008) Quase todos os que se apresentam como candidatos ao protagonismo estadual, partidário ou das pequenas quintarolas burocráticas, que permitem o micro-autoritarismo da mesa do orçamento ou da engenharia dos subsídios, utilizam a invocação, directa ou suliminar, de serem homens de esquerda. Uns, pelo oportunismo do politicamente correcto, para melhor se inserirem no situacionismo. Outros, como literatura de justificação para todos dos desmandos, esquecendo-se que Estaline e Pol Pot também eram homens ainda mais à esquerda, quando não invocavam as novas tecnologias da guilhotina positivista.