De qualquer maneira, o cerco ao situacionismo pode vir a acirrar-se, com mais uma crise importada, equivalente às vacas magras que liquidaram o marcelismo por causa do primeiro choque petrolífero, acelerando a chegada do 25 de Abril de 1974. E talvez não chegue o “agenda setting” ou essa subtil forma de controlo social que resulta da difusão do crédito hipotecário, por causa da compra da casinha que faz dos portugueses servos da gleba bancária e, consequentemente, gente que teme os riscos da mudança e despreza a criatividade, dado que grande parte dos rendimentos vai direitinho para angústias dos juros, já sem a barateza que nos deu o euro e o Banco Central Europeu. Gerou-se assim uma nova casta banco-burocrática, reforçada com as companhias das “golden share”, bem representadas pela Galp e pela Edp, para onde os governos mandam alguns restos de certos prebendados pelo sistema, criando-se uma espécie de infracapitalismo de Estado, dentro da tradição do mercantilismo e do absolutismo e das novas formas de sociedade de Corte, onde até ninguém repara que os mexias foram ministros do santanismo, dado que a face empresarial deste, santificada pelo dinheirinho, não tem o cheiro dos santaneiros da politiquice.
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