Depois de 48 horas de info-exclusão, só porque o Kanguru ainda não conseguiu dar o salto para as Flores e o Corvo, apenas uma frase de uma jovem açoriana de 25 anos, durante uma visita aos Estados Unidos: “sobre Portugal, pode-se afirmar que é o menos europeu e, ao mesmo tempo, o mais europeu dos países europeus” (Natália Correia). Apenas digo que ainda ontem vivi essa observação fisicamente, sobretudo quando, depois de uma travessia num frágil semi-rígido, desembarquei naquela ilha do Corvo que Mercator escolheu para meridiano anterior ao de Greenwich, porque, no seu tempo, a agulha de marear não sofria nenhuma declinação. E mais emocionadamente o pensei, quando a pátria, das malhas que o império teceu, construiu um recente monumento, em Vila Nova do Corvo, em memória de dois soldados corvinos falecidos em combate, lá mais longe, em Moçambique. Daí ter lido, neste mais Portugal do grande mar-oceano, a “Relação breve da grande e maravilhosa vitória dos moradores da ilha do Corvo, contra dez poderosas naus de Turcos. Anno MDCXXXII”. Porque, eu, português coimbrinha, também sei de Isabel de Aragão, a rainha santa que nos introduziu o quase herético culto do Espírito Santo e que, também perto da minha terra, na serra do Açor, há uma Santa Maria dos Açores, invocação que deu nome ao arquipélago, por causa da primeira ilha descoberta, tal como as doze estrelas da Europa vêm de um vitral da mesma invocação mariana, que ainda está na catedral de Estrasburgo, símbolo que o próprio Padre António Vieira usou para bandeira do quinto-império do poder dos sem poder que aqui foi comunitariamente assumido, neste paradoxo da pátria amada, azul de mar, com lágrimas de sal. E não foi um acaso, tudo ter sido cumprido pelo grão-mestre daquela Ordem dos Templário que o consorte de Isabel de Aragão, el-rei D. Dinis, transformou em Ordem de Cristo, nestas encruzilhadas de um espírito que nos continua a dar alma atlântica. ele <��n<h’�Xs�le=’font-size:10.0pt;mso-bidi-font-size:11.0pt;line-height:115%;font-family: “Sylfaen”,”serif”;mso-fareast-font-family:Calibri;mso-bidi-font-family:”Times New Roman”; color:red;mso-ansi-language:PT;mso-fareast-language:EN-US;mso-bidi-language: AR-SA’>provincianismo caciqueiro que costuma subsidiar as bandas filarmónicas ditas unânimes do montículo. Bem me referia, há dias, um meu amigo russo, quando salientava que o sub-sistema de medo dos modelos pós-autoritários radicava na falta de institucionalização dos conflitos, assentando em rebanhos educados para ninguém ter opinião crítica. Por isso, noto como, nalgumas ilhas, certas plantas exóticas de origem tibetana se tornaram numa praga, ameaçando os próprios muros feitos de hortênsias e a beleza dos dragoeiros. Porque mesmo um Estado de Direito pode viver segundo o ritmo dos unanimismos micro-autoritários, tal como acontece em muitas das zonas pós-comunistas da Europa, onde vinga a cultura da corrupção e da bandocracia. Quando, importa “espremer gota a gota o escravo que cada tem dentro de si”. As autonomias infra-estaduais já tiveram o seu estado de graça libertador. Agora, muitas enredaram-se no partidarismo e nas personalizações do poder, caindo nas teias dos velhos donos do poder que as podem manobrar para um regresso ao passado e ao poder perdido. As autonomias só têm sentido quando as comunidades vivas as conquistaram e não deixam que elas se transformem em concessões da revolução, do Estados, das constituições ou dos decretos regulamentares e homologações administrativas. As autonomias só são reais se resultarem do direito natural e dos pactos de união pelas coisas que comunitariamente se amam.