Sou girondinamente federalista, nacionalista, europeísta e adepto da república universal, logo, ostensivamente metaconstitucional, cometendo o pecado mortal de afrontar o jacobinismo centralista. O que vai do Marquês de Pombal a Cavaco Silva, passando por Afonso Costa e Oliveira Salazar . Também não subscrevo o seu irmão-inimigo, o internacionalismo, bastardo de Marx, contrário ao cosmopolitismo. Porque, para os que confundem o socialismo, a democracia-cristã e a social-democracia com o estatismo, continuo orgulhosamente adepto de Adam Smith. Porque, no tocante ao transcendente situado, como sou um homem religioso, mas sem Igreja, nada ateísta e pouco agnóstico, mantenho o panteísmo de Espinosa, de Kant e do krausismo, isto é, liberal à antiga, azul e branco, ou verde e amarelo. Infelizmente, as regras, os fantasmas e os preconceitos que dominam a sociedade portuguesa transformam todos os que assim pensam em marginais do centro excêntrico, ou da direita que não convém à esquerda, porque estão na esquerda da direita, mas que gostariam de ser como os liberais radicais que ainda têm direito a partido em França, em Itália, na Grã-Bretanha e noutras democracias, polidas e civilizadas, desta Europa da boa razão, onde, nem nas tormentas, se perde a boa esperança. Porque ainda tenho saudades dos repúblicos tradicionalistas, conjugando esperança e meritocracia, pode ser que ainda se organize um partido português de matriz efectivamente liberal, mas sem João Franco ou Sidónio, porque prefiro o António José de Almeida, juntando vintistas, setembristas, patuleias, manuelinos e republicanos, a que imediatamente aderirei, embora como senador de base, e simples militante de ideias. E tudo pode ser surpreendentemente explosivo.
Jan
03