Lisboa, 15 mai (Lusa) – A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está falhando na afirmação conjunta das nações lusófonas no Atlântico Sul, área de crescente importância estratégica, num hemisfério onde o português é a língua mais falada, alertaram especialistas ouvidos pela Agência Lusa.
Para José Adelino Maltez, professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), o primeiro problema é a falta de meios da CPLP, mas Portugal também tem um papel em alimentar uma “nova visão do Brasil sobre a África”.
Segundo ele, os portugueses devem aceitar a dar primazia aos brasileiros, “colocando-se no seu devido lugar para poder melhor servir um projeto maior”.
“Somando 200 milhões de brasileiros, com os futuros 50 milhões de angolanos e os futuros 20 milhões de moçambicanos, nós [Portugal] somos um “entrepostozinho” do sul na Europa”, afirmou o professor.
Além disso, Maltez acrescentou que “temos de rever toda a nossa maneira de pensar, como foi expresso de maneira lamentável por todas as reticências em relação ao acordo ortográfico”.
“Parece que não se percebe que [a CPLP] não são os Estados Unidos da Saudade. É a pilotagem do futuro no balanço da globalização. Basta perguntar quanto gasta cada país da CPLP no orçamento”, afirmou o acadêmico.
Apesar das dificuldades, “estamos condenados ao regresso de algum triângulo estratégico Luanda-Lisboa-Bahia/Rio de Janeiro/São Paulo” e o Brasil “tem um papel de destaque” na cena internacional, até porque quando “fala forte nos palcos internacionais está a representar-nos a todos”, afirmou.