Os engenheiros de campanha, desde os fabricantes das miudezas do “agenda setting” aos angariadores de figurantes para as excursões dos comícios, passando pelos falsos catedráticos em recrutamento cívico e pelos eméritos salazarentos em golpadas de salão, todos estes especialistas em casca de árvore, ao ritmo da cansativa música celestial do vira-o-disco-e-toca-o-mesmo, por mais que promovam conspirações de avós e netos entre a gerontocracia dos coloquiantes, em seminarismo de verão e sermões de fim de semana da televisão pública, e a verdura teórica dos jotas da tradução em calão, não conseguem disfarçar que o vazio de causas ocupou os interstícios daquilo a que chamamos campanha eleitoral. Quando agora peroram sobre a roubalheira bancária que atingiu o irmão-inimigo do partido feito à sua imagem e semelhança, atirando pedradas às vidraças do vizinho, é natural que, ao chegarem a casa, encontrem as suas quebradas. Isto é, com tantas bombas de fragmentação, todos têm o corpo de campanha cheio de estilhaços, ao mesmo tempo que lançaram alguns dejectos sobre o Banco de Portugal e a Presidência da República, enquanto se continua a lançar lixo sobre ambas as magistraturas. A campanha que agora atinge o seu auge apenas confirmou que o aparelho de poder do principado continua a asfixiar a comunidade, ou república, confirmando-se a falta de autonomia da sociedade civil e continuando-se este processo de desinstitucionalização em curso. Mas o que aconteceu aos professores, quase se repetiu com magistrados, polícias, médicos, farmacêuticos e todos os outros grupos que escapavam às garras do hierarquismo da administração directa do Estado e que não liam pela cartilha do pensamento único. Os resultados estão à vista, com o crescimento dos apoios sociológicos ao Bloco de Esquerda e à continuidade do cunha lismo, transformando a república dos portugueses num caso “sui generis” de contraciclo na União Europeia, onde a jangada de pedra está a rumar cada vez mais para o estrondo islandês, dado que os nossos glaciares assentam cada vez na subsidiodependência de um voto marcado por uma visita a uma unidade de cuidados continuados de um “Welfare State” transformado em conspiração de avós e netos, entre a economia salazarenta e engenharia subsidiocrática do socratismo, à procura do primeiro “Magalhães” que nos iluda e obtenha a concessão perpétua pela autarquia de mais um terreno gratuito para o alargamento da fabriqueta…
Jun
01