De qualquer maneira, os melhores momentos foram vividos por um popular espontâneo numa serração, quando equiparou os campanheiros visitadores de certos locais de trabalho a padrecas e sacristães, abusando do latim vulgar, na caça ao voto, quando bem poderia citar Robert Brasillach e acusá-los de turibuleiros que perderam o sentido dos gestos, diante dos altares, em regime de papa-missas. Com efeito, a liturgia das campanhas, com as visitas a feiras e a lares de cuidados paliativos, aqui e além, com viagens rápidas numa caldeirada de traineiras, para, depois, se desperdiçarem em comícios encenados, com mais bandeiras do que militantes e muita música de fundo, tal liturgia ainda marcada pelo ritmo gregoriano, anterior ao Vaticano II, já não está de acordo com as novas circunstâncias do tempo, a não ser para a selecção das velhas glórias do PREC, que se ficaram quase todas pela Intersindical e pelo PCP, em ritmo de festas do Avante. Só que o PCP não é um partido como os outros, dado ter uma dimensão metapolítica, com memórias de ordem religioso-militar, como nos ensinava o Professor Agostinho da Silva. A única coisa comparável em autentiticidade e mobilização de massas às missas de Jerónimo de Sousa são as peregrinações a Fátima, com sermões de D. José Saraiva Martins, ou as visitas da imagem peregrina aos santuários da outra banda, quando a presente campanha, apesar de tratar de uma coisa nebulosa, como é esse objecto político não identificado (OPNI), chamado União Europeia, não consegue integrar os candidatos a missionários do rito no hábito desleixado que os não faz monges daquilo que precisávamos. Quem se fia na virgem e não corre pode ainda pensar no salvamento das qimondas pelos elogios ao magalhães e pela distribuição de rosários de chipes pela maria de lurdes, apesar dos protestos dos jacobinos professores segundo o batuque de mário nogueira. Só que a mesa do orçamento nacional e europeu já foi chão que deu cerdeiras e uvas, quando apenas se vislumbra que as novas videiras produzam amarelecidas parras para a futura tanga deste saudoso oásis à beira mar plantado. Quando voltarmos ao ano de 1917 e as revoltas dos abastecimentos levarem a novos assaltos às padarias da fome, mesmo que não chegue a pneumónica nem sidónio, todos poderão concluir que o nosso vazio de metafísica não será propício a novas aparições do além e novos segredos para a conversão da General Motors. O “software” do magalhães já perdeu o prazo de validade, mesmo que se vista de Vital Moreira ou de Paulo Rangel. Qualquer “hacker” pode piratear coisa melhor para um desses telemóveis de última geração, onde vamos brincando ao “nintendo”.
Jun
02