Jun 23

Não é um partido de raça pura, mas antes uma entidade marcada pela complexidade mestiça…

Ontem foi dia de reunião PSD. Dessa federação de militantes, grupos de interesse e grupos de pressão que talvez constitua o primeiro dos partidos do actual sistema político. Já se quis inscrever na Internacional Socialista, mas o PS não deixou. Já foi do Grupo dos Liberais e Reformistas. É actualmente do Partido Popular Europeu. Não é um partido de raça pura, mas antes uma entidade marcada pela complexidade mestiça, no que tem o melhor e o pior da respectiva natureza. Tanto aparenta ser conservador do que está, nos valores, quando transacciona convicções com o bloco tradicional católico, como assume a vestimenta reformista, para, na essência, ser fundamentalmente predador, quando se trata da conquista e manutenção do poder.

 

 

Hoje é Manuela Ferreira Leite e considera que, tal como os sindicatos estavam para o PCP, assim estão as autarquias e um governo regional para o PSD. Aguentou bem a pressão dos barões internos e contornou os caciques. Não cedeu ao eleitoralismo de uma imagem que não se cola com o seu aspecto de respeitável senhora e até não seguiu os conselhos de Marcelo Rebelo de Sousa e as provocações de Luís Filipe Menezes. Contudo, manteve alguns dos emplastros dos “jobs for the boys and girls” nas suas primeiras listas. Exagera na pose ministerialista e até se recorda muitas vezes que foi uma exclente directora-geral da contabilidade pública. Sobretudo, está dependente das transferências de expectativas que os povos depositam em Cavaco, vendo nele o verdadeiro líder da oposição.

 

 

Acresce que tem má imprensa e, às vezes, quando desce as escadas e contacta com os homens do microfone e do “zoom”, saem-lhe metáforas que os adversários deglutem e glosam em insulto. Não me refiro à pensada crítica ao casamento dos homossexuais, que teve o apoio dos convictos católicos e foi ponderada, mas à colocação fora do contexto da suspensão da democracia por seis meses. Deveria ter dito governo alemão de grande coligação ou suspensão das hostilidades partidocráticas, pelo menos entre os irmãos-inimigos do bloco central. É evidente que os adversários, como os socrateiros, elevaram o texto sem contexto a críticas que foram pior emenda do que o mau soneto, mas, de qualquer maneira, a líder do PSD tem de treinar mais estas aparições palavrosas.

 

 

Precisa, sobretudo, de fazer um ataque mais frontal à corrupção, mostrando arrependimento de um partido que tem a imagem real de dar cobertura aos piores negocismos do bloco central de interesses. Como deveria ter um programa ousado de reforma do sistema partidocrático, porque ninguém vai passar um cheque em branco a uma máquina que também internamente é predadora e já tem dezenas e dezenas de ocupantes do oposicionismo, mas que são substancialmente situacionistas de memória futura reclamando contrapartidas. Eu conheço alguns que, até há pouco, fizeram as mais vergonhosas cedências ao PS, até na persiganga, juntando-se a todo um naipe de assaltantes da máquina do Estado, onde, em nome do poder pelo poder, agregaram salazarentos, estalinistas e fascistas cobardes. E desconfio que tenham reclamado o estatuto de mministeriável. Pelo menos, já reparei que algumas das suas viúvas aparecem na televisão como emplastros da vitória de Pirro de Rangel.

Jun 23

As desventuras das pequenas confrarias endogâmicas em dia de sol a mais e mar azul

Relativizemos o caso, mas não deixemos de assinalar que o presidente de Portugal aceitou ser colocado, no mesmo tempo, local e nível que honorificou o grão-mestre da ordem do uísque. O que é bom para os escoceses pode não ser o melhor para a promoção de Portugal, quando Ronaldo atinge o esplendor de ser o mais bem pago do mundo na sua arte. Na Heriot-Watt University, não foi apenas a Mary Portas a ser doutora honoris causa, mas também o músico Steve King e o Chairman da Scotch Whisky Association (em letra miúda e no fim do texto, a lista completa).

 

É evidente que as reportagens nacionais sobre a questão apenas seleccionaram a feira das vaidades das honrarias, a fim de adocicarem o registo mensal da quebra das receitas fiscais e o crescimento avassalador do desemprego, enquanto o discurso oficial deste interregno governamentalista continua todo ele Magalhães-mais-choque- tecnológico, mas já sem barraquinhas de inaugurações que o vento teimava em levar, esquecendo-se todos, como ontem também recordou o chefe Costa, da autarquia lisbonense, que as obras não são de quem as inaugura, mas de quem as paga. Queria insinuar que ele, Costa, é que pagou o túnel de Santana, tal como este disse que pagou o derrube do Casal Ventoso soprado por Soares. Esqueceram-se os dois que quem efectivamente paga é o Zé, porque o Estado não são eles, mas nós todos, incluindo a maioria absoluta dos que não votaram nas anteriores eleições gerais.

 

Ai das instituições quando caem nas garras da vindicta e da persiganga dos micro-autoritarismos sub-estatais, com a inevitável adulação e do consequente sindicato das citações mútuas. Que venham novos pretensos porta-vozes, com os seus beatos discursos sobre a pretensa ética da responsabilidade, a que chamam segredo de Estado, mas onde o privado do grande chefe parece superior ao público. Julgo que importa conservar a serenidade dos que não subscrevem as teorias do homem de sucesso, considerando que a longo prazo estamos todos mortos, na tal paz do cemitério dos insubstituíveis.

 

Há quem não se rebaixe elevando os chefezinhos das modas que passam de moda à categoria de inimigos. Quem prefira continuar a procurar a eternidade e a dialogar com o universal talvez tenha outros fins bem mais ambiciosos e não deve perder-se nas miudezas viscerais dos vermes, na contabilidade merceeira e nas arcas endogâmicas dos corredores dos pequenos poderes domésticos. Desses jogos de soma zero, onde o chefezinho, cantarolando para os seus botões, manda entoar aos serviçais que quem não está com ele não está no mundo. Não nos deixemos asfixiar por esta clausura autoreprodutiva dos pequenos quintais capitaleiros, com as suas notas oficiosas decretinas. O mundo tanto é maior quanto pode ser melhor.

 

Ainda hoje bastou-me ver a mãe rola conduzindo os seus filhotes pelo caminho da fonte, os perdigotos fazendo algazarra por entre as ervas do monte, enquanto a passarada vai trinando. O dia está pleno de sol e de azul. Os micro-autoritários e os ajudantes do papão, podem ir de vitória em vitória até ao esquecimento final, pensando que a essência do poder é procurar manter-se. Apenas perdem as instituições que eles transformaram em bonecas que escarfuncham para procurarem, por entre a palha, uma simples agulha que pensam ser a chave da arca do segredo, quando o segredo é apenas não haver segredo.

 

Insisto: terramotos destes apenas levam ao vazio da ideia de obra, à destruição das manifestações de comunhão entre os formais detentores da cidadania e à flagrante violação do mínimo das regras que permitem a continuidade das coisas seculares. Porque deixa de haver direito quando as regras apenas são o que o príncipe diz e quando este não está sujeito às próprias regras que pode fazer, favorecendo os amigalhaços e punindo os dissidentes. E iguais em indignidade são os Pilatos que pensam poder lavar as mãos, libertando Barrabás e pensando que serão ministros na próxima legislatura. Voltemos ao mar, esse “hiper-cluster”, o dia está azul demais para vermes…

 

Mary Portas, Creative Director of Yellow Door, will be awarded a Doctorate of Letters in recognition of her distinguished career and her outstanding and creative contribution to the advancement of marketing and brand communications within the retail sector. (Ceremony 11.00am, Friday 19 June, Galashiels)His Excellency Professor Anibal Cavaco Silva, President of the Republic of Portugal, will be awarded a Doctorate of Letters in recognition of his distinction in the discipline of Economics and in public service in the Republic of Portugal. (Ceremony 10.00am Tuesday 23 June, Edinburgh Campus)Mr Steve King, Musician and Musician-in-Residence at Heriot-Watt University, will be awarded a Doctorate of Letters in recognition of his distinction in the field of music and his outstanding contribution, through music, to the cultural and educational life of Heriot-Watt University and the wider Scottish community. (Ceremony 10.00am Tuesday 23 June, Edinburgh Campus)Mr Ian Marchant, Chief Executive of Scottish and Southern Energy, will be awarded a Doctorate of Engineering in recognition of his distinguished career and outstanding contribution to sustainable development of the Scottish energy industry. (Ceremony 1.30pm Tuesday 23 June, Edinburgh Campus)Mr Robert Graham, Chairman of Graham’s Dairy, will be awarded a Doctorate of the University in recognition of his outstanding contribution to Scotland’s dairy industry and for his demonstrated leadership in the context of small and family owned businesses. (Ceremony 10.00am Wednesday 24 June, Edinburgh Campus)Mr Gavin Gemmell, ex-Chair of Heriot-Watt University Court and Chair of Archangel Informal Investments Ltd., will be awarded a Doctorate of the University in recognition of his contribution to the governance and progress of Heriot-Watt University and of his outstanding career and leadership in the financial sector. (Ceremony 1.30pm Wednesday 24 June, Edinburgh Campus)Ms Carol Ann Duffy, Poet Laureate, will be awarded a Doctorate of Letters in recognition of her artistic achievements as poet, playwright and promoter of creative writing. (Ceremony 1.30pm Wednesday 24 June, Edinburgh Campus)Dr Ben Goldacre, writer, broadcaster and medical doctor, will be awarded a Doctorate of Science in recognition of his outstanding contribution to scientific journalism and in the promotion of public engagement with and greater understanding of science. (Ceremony 10.0am Thursday 25 June, Edinburgh Campus)Mr Paul Walsh, CEO of Diageo and Chairman of the Scotch Whisky Association, will be awarded a Doctorate of Letters in recognition of his distinguished career and, through his leadership, an outstanding contribution to sustained development and economic success within the global drinks industry. (Ceremony 1.30pm Thursday 25 June, Edinburgh Campus)Mr Alan Shaw, Chartered Engineer, will be awarded a Doctorate of Engineering in recognition of his services to the energy generation industry and of his many years of support and advocacy of Heriot-Watt University. (Ceremony 10.00am Friday 26 June, Edinburgh Campus)