Jun 08

O rosto de uma partidocracia sempre-em-pé, quando fala muito e não diz nada

Portugal tem o sistema partidário mais estático e mais hipócrita da União Europeia. Porque conservando o que está, o poder pelo poder, já passou a fronteira do reaccionário, com todos os tiques da esclerose salazarenta. Nem sequer compreendemos que o principal líder da União Europeia passou a ser Obama, apesar da muitas empresas de sondagens darem alento artificial ao situacionismo. Mas bastava a da LSE, mais antiga, e abrangendo todos os 27, para compreendermos como nos falha uma universidade pública como referência de estabilidade, não dependente das contratualizações. Vitalino teve a coragem de dar a cara, mas ninguém do grupo parlamentar do PS nem da presidência do parlamento apareceu em solidariedade. E não transformem Vital Moreira em bode expiatório!

Jun 08

O Bloco de Esquerda

O Bloco de Esquerda são dez anos de investimento político de antigos revolucionários profissionais. Exerce a função tribunícia dos Verdes europeus, ao ritmo da esquerda revolucionária, vive, sobretudo, da palavra e já é mais do que mero contrapoder. Porque o Partido Socialista deixou de ser soarista, isto é, reciclador de ex-comunistas e ex-extrema-esquerda.  Portugal tem o sistema partidário mais estático e mais hipócrita da União Europeia. Porque conservando o que está, o poder pelo poder, já passou a fronteira do reaccionário, com todos os tiques da esclerose salazarenta . Nem sequer compreendemos que o principal líder da União Europeia passou a ser Obama, apesar da muitas empresas de sondagens darem alento artificial ao situacionismo. Mas bastava a da LSE, mais antiga, e abrangendo todos os 27, para compreendermos como nos falha uma universidade pública como referência de estabilidade, não dependente das contratualizações. Vitalino teve a coragem de dar a cara, mas ninguém do grupo parlamentar do PS nem da presidência do parlamento apareceu em solidariedade. E não transformem Vital Moreira em bode expiatório!

Os principais aliados da CDU e do Bloco de Esquerda são os feitores da direita dos interesses e os capatazes desta economia privada sem economia de mercado, com lenta administração da justiça e um Estado com muita adiposidade de aparelhos, pouco músculo e quase nenhum nervo. A política passa a viver ao ritmo de comissões parlamentares de inquérito e de buscas do MP e da Judiciária. Como é difícil ser liberal em Portugal e assumir o ritmo da restante Europa… A democracia foi derrotada pela falta de comparência. Sitiada pela corrupção e pelo indiferentismo, caso não volte a confiança pública, podemos encenar uma democracia sem povo, mas com muita partidocracia, onde vencer poder equivaler ao ser vencido. A abstenção não é uma causa da futura crise. Foi apenas um sintoma, quando a indiferença já é azedume e pode volver-se em explosão, se se confirmarem os sinais do “out of control”.

 

Jun 08

Portugal em contraciclo

É muito complicado traduzir para o politiquês lusitano, sobretudo entre os que proclamaram o Europa é nossa, o modelo político europeu. Não há ninguém que aqui represente a terceira e a quarta das famílias políticas do Parlamento Europeu, isto é, os Liberais e os Verdes. Nem sequer a direita radical anti-europeia existe. Os três prováveis deputados do Bloco de Esquerda e os dois da CDU podem não conseguir ser a Primavera dos setecentos e trinta e seis. Apenas se confirma que mandamos 10 para o PPE (mais três, apesar de termos passado de 24 para 22) e 7 para o PSE. Primeiro, porque o PSD, que quis ser da Internacional Socialista e passou pelo grupo Liberal e Reformista, acabou, através de Francisco Lucas Pires, no PPE. Segundo, porque o CDS, que começou no PPE, com Diogo Freitas do Amaral, foi, depois, expulso, mas acabou por regressar à família. Os resultados eleitorais são meras consequências do paralelograma das forças vivas que nos pressionam, onde o estadão da partidocracia continua a desertificar a velha democracia da sociedade civil. Mas quem sair da endogamia partidocrática desta jangada de pedra e ousar compreender o todo da gestão de dependências e de interdependências, pode concluir que os principais factores de poder que a presente governação sem governo tem de gerir já não são maioritariamente domésticos. Entrámos definitivamente em contraciclo, não tanto por questões ideológicas, mas antes porque nos resignámos face ao instinto de crescimento do poder deste estado a que chegámos, a que a não-direita chama esquerda, e a que a não-esquerda justifica com o Keynesianismo de timbre salazarento, mas que, afinal, não passa de um um mero piloto automático que não nos deixa mudar de rota. Esta é a pesada herança de um capitalismo clientar e fidalgote que nos veio do mercantilismo, gerando-se esta economia privada que tem medo do risco e do mercado, enquanto prossegue a desinstitucionalização dos grandes corpos da democracia consociativa, que o discurso ministerialista chama de corporações. Falhando a imaginação e coragem da pilotagem do futuro, não é possível uma estratégia de patriotismo científico, capaz de nos fazer flexível estrada boiante, como eram as naus de outrora, as que fizeram de Portugal o porto de uma Europa que quis abraçar o mundo.

 

Jun 07

Portugal em contraciclo

Os resultados eleitorais são meras consequências do paralelograma das forças vivas que nos pressionam, onde o estadão da partidocracia continua a desertificar a velha democracia da sociedade civil.  Mas quem sair da endogamia partidocrática desta jangada de pedra e ousar compreender o todo da gestão de dependências e de interdependências, pode concluir que os principais factores de poder que a presente governação sem governo tem de gerir  já não são maioritariamente domésticos.  Entrámos definitivamente em contraciclo, não tanto por questões ideológicas, mas antes porque nos resignámos face ao instinto de crescimento do poder deste  estado a que chegámos, a que a não-direita chama esquerda, e a que a não-esquerda justifica com o keynesianismo de timbre salazarento, mas que, afinal, não passa de um um mero piloto automático que não nos deixa mudar de rota. Esta é a pesada herança de um capitalismo clientar e fidalgote que nos veio do mercantilismo, gerando-se esta economia privada que tem medo do risco e do mercado, enquanto prossegue a desinstitucionalização dos grandes corpos da democracia consociativa, que o discurso ministerialista chama de corporações. Falhando a imaginação e coragem da pilotagem do futuro, não é possível uma estratégia de patriotismo científico, capaz de nos fazer flexível  estrada boiante, como eram as naus de outrora, as que fizeram de Portugal o porto de uma Europa que quis abraçar o mundo.

Jun 06

Eu, radical do centro excêntrico e, portanto, contra a esquerda e a direita a que chegámos, confirmei que, afinal, estou no extremo-centro da Europa!

A campanha acabou. Hoje é dia de reflexão, para passarmos, amanhã, da sondajocracia à democracia. Também eu aproveitei o retiro espiritual para tentar saber onde depositar o meu voto. Fui ao EU.Profiler, respondi a meia dúzia de questões, por vezes pouco adequadas ao nosso ritmo, tirei as consequências e dei comigo a menos de um milímetro do extremo-centro das opções partidárias europeias. Não desesperei, fiz a transposição para o resto da Europa. No âmbito do Estado Espanhol, era Ciudadanos-Partido de la Ciudadania, Partido Nacionalista Vasco, Esquerra Republicana de Catalunya, Coalicion Canaria e Bloque Nacionalista Galego. Assim mesmo, o que é verdade.

 

 

 

 

Em França, andava pelo Mouvement Républicain et Citoyen. Na Alemanha, Freie Wähler e Freie Demokratische Partei. Em Itália, próximo de Bonino, tinha pinta de Italia dei Valori. Na Holanda, claramente Democraten 1966. No Reino Unido, um pedacinho de Conservative Party e quase todo com os Liberal Democrats, para, de forma irlandesa, ser quase Fine Gael.

 

 

 

Fiquei reconfortado. Não tenho que ir contra o monstro, à maneira de Louçã, que assim repete um slogan do seu colega de ISEG, Aníbal, e, muito menos, que cair nos conselhos de Mário Soares e gritar slazarentamente com Vital que ela é nossa, não a Angola, mas essa frustração de império chamada Europa.

 

 

 

Afinal, sinto-me em pleno centro da Europa, tão europeísta que não tenho de me disfarçar com os hábitos da partidocracia dominante, os quais, afinal, não nos fazem monges. Aliás, ainda ontem, ao regressarmos a casa depois do jantar, demos com um comício jantante de um dos partidos concorrentes, com bandeira, cabeça de lista, presidente do partido, cônjuges e demais comitiva. Atingiam a módica quantia de dez pessoas. Sorri.

 

 

 

Recebi um SMS de outro, porque gosto imenso da respectiva cabeça de lista. Quebrei a tentação do voto de protesto no Jerónimo. Solidarizei-me com toda a íntima admiração por um meu antigo professor e revoltei-me, ao lado dele, contra as falsas notícias académicas que bufaram indevidamente e mandei-lhe abstractamente um abraço. Mas, se for às urnas, porque amor com amor se paga, estarei em protesto com a Professora Manuela Magno. E a ela ainda não comuniquei directamente que, em confiança, se tornou na minha vacina contra a abstenção. Encimo o postal com a bandeira do partido que gostava de ver fundado em Portugal.

Jun 05

Quem me dera, com a arma do voto, o urgente golpe de Estado sem efusão de sangue!

Os dados estão lançados, as primeiras urnas já abriram, as últimas sondagens acabam de ser publicadas em Portugal. Na Holanda, o grande vencedor não é o equivalente ao Bloco de Esquerda, mas uma entidade bem mais à direita do que o nosso CDS, já domesticado pela inclusão na mesma multinacional partidocrática onde o PSD domina. Na Holanda, o PVV (Partido para a Liberdade do Povo Holandês) obteve 15,3 por cento dos votos, ficando apenas a 4,3 pontos do Partido Democrata-Cristão (PDA), do primeiro-ministro Jab Balkenende, enquanto os trabalhistas, também no poder, perderam quase dez pontos, ficando com 13,9 por cento dos votos. Contudo, o grande vencedor foi a abstenção, na ordem dos 40 por cento, ligeiramente inferior à registada na votação de 2004. E a mesma onda de desencanto parece atingir o Reino Unido, onde já são cinco os ministros que renunciam…

 

 

 

 

 

Basta consultarmos uma brochura editada em português pela Inclusion Europe, apoiada pela própria Comissão Europeia, para compreendermos o nível deste acto eleitoral. Aí se explica que “as pessoas que falam em nome de um país chamam-se Eurodeputados ou Membros do Parlamento Europeu” e que “se a lei Europeia diz uma coisa e a lei do seu País diz outra, é a lei Europeia que deve ser respeitada”. Porque, “depois das secções de voto fecharem, contam-se os votos. O partido político que recebe mais votos pode eleger mais eurodeputados. Podemos ver os resultados na televisão ou nos jornais. Depois das eleições, não se esqueça dos seus eurodeputados. Os deputados do partido que ganhou podem ajudar-nos, mesmo que o nosso voto tenha sido noutro partido. Estes deputados podem ajudar-nos e defender os nossos interesses. Devemos informá-los sobre o que gostávamos que mudasse nas leis Europeias” (sic).

 

 

 

 

Por cá, todos os principais intervenientes acabam de ter mais uma estrondosa vitória, quase todos com magníficos passeios de rua na cidade do Porto, com bombos e gaitas, bandeirinhas e passeata em ombros, dado que uma multidão de cinquenta ou cem pessoas, filmada numa rua estreita parece um gigantesco comício, quase idêntico aos depositantes do BPP que encostaram ao diálogo o ministro das finanças, numa porta de hotel. O PS parece que vai ter tantos deputados para o PSE quanto os que concorrem sob a chapa do PPE (PSD mais CDS e eventualmente com o MEP de Roberto Carneiro), enquanto os comunistas e a esquerda revolucionária atingem o espaço dos vinte por cento, graças a esse governo de esquerda com mentalidade dita de direita, ou teimosia, à co-incineração de Souselas, não valendo de nada a aposta de Sócrates no ex-comunista Vital Moreira que não pescou nenhuma espécie de apoio nos eleitorados cunhalistas, estalinistas e trotskistas.

 

 

Apenas se confirmou que entrámos em contraciclo face aos parceiros culturalmente mais próximos da União Europeia, nesta hipocrisia de termos dirigentes políticos mais esquerda do que os respectivos militantes e militantes mais à esquerda do que os respectivos votantes e simpatizantes, deixando o fiel da balança aos reformados, aposentados e subsidiodependentes que preferem o distributivismo da caixa estal, alimentada a impostos, do que o estímulo ao mérito e ao sentido de risco de políticos com uma ideia de obra. A esta esquerda estatizante e ultraconservadora do aparelho de poder a que chegámos, resta o bloqueio mental da ditadura do “statu quo”, obrigando os timoneiros à condução de uma jangada de pedra que nos vai conduzir a uma sociedade de comemorações e funerais das pretensas glórias de um passado imperfeito, onde a técnica da nacionalização dos prejuízos nos vai endividar pelos séculos e séculos.

 

 

A falta de vergonha dos políticos instalados levará à co-incineração em fogo lento de todos os actores secundários e principais, que todas as semanas esperam mais uma fuga de informação de um inquérito ou de um processo disciplinar, passível de ser cantarolado por Manuela Moura Guedes ou de receber uma parangona nos jornais. E não há político do PS, do PSD ou do CDS que não rezem para que o tempo passe e se atinja a inimputabilidade da prescrição. Isto é, somos cada vez mais um regime de usucapião, confirmando a previsão de Proudhon, segundo a qual toda a nossa propriedade é um roubo, aqui desenvolvido de cima para baixo, segundo o modelo do devorismo, onde, de facto, não há moralidade nem comem todos.

 

 

Basta notar como anteontem teve que sair uma nota oficiosa justificativa do actual Presidente da República e como ontem apareceu mais uma nota para a imprensa do anterior ocupante de Belém, esta sobre o processo de atribuição de casas da autarquia lisbonense, onde, por falta de prescrição se detectaram vinte e dois alegados crimes de abuso de poder, por parte de quem logo declarou que tem a “consciência tranquila”. Infelizmente, ao contrário da democracia britânica, aqui não há a vergonha que levou em Londres cinco ministros à passagem ao estado de homens comuns.

 

 

 

Basta uma arruada em Santa Catarina, com bombos, cabeçudos e espantalhos, chegados em carros públicos de alta cilindrada, porque também são públicos, indirectamente, os que estão afectos aos partidos de financiamento público, para que a ilusão de festa oculte a fome, a revolta, o azedume a e indiferença, quando valia a pena usarmos a arma do voto para um adequado golpe de Estado sem efusão de sangue, como tão bem definiu a democracia Karl Raimund Popper. Como disse Teixeira dos Santos para os depositantes de um banco em desespero e com contas congeladas: “vocês são vítimas de quem vos enganou e é a esses que têm de pedir responsabilidades”. Por mim, gostaria que nas próximas assembleias gerais de accionaista da República Portuguesa SARL, despedíssemos, sem indemnização, os gestores dos nossos depósitos de confiança pública.

Jun 05

Apenas se confirmou que entrámos em contraciclo

Apenas se confirmou que entrámos em contraciclo face aos parceiros culturalmente mais próximos da União Europeia, nesta hipocrisia de termos dirigentes políticos mais esquerda do que os respectivos militantes e militantes mais à esquerda do que os respectivos votantes e simpatizantes, deixando o fiel da balança aos reformados, aposentados e subsidiodependentes que preferem o distributivismo da caixa estal, alimentada a impostos, do que o estímulo ao mérito e ao sentido de risco de políticos com uma ideia de obra. A esta esquerda estatizante e ultraconservadora do aparelho de poder a que chegámos, resta o bloqueio mental da ditadura do “statu quo”, obrigando os timoneiros à condução de uma jangada de pedra que nos vai conduzir a uma sociedade de comemorações e funerais das pretensas glórias de um passado imperfeito, onde a técnica da nacionalização dos prejuízos nos vai endividar pelos séculos e séculos. E não há político do PS, do PSD ou do CDS que não rezem para que o tempo passe e se atinja a inimputabilidade da prescrição. Isto é, somos cada vez mais um regime de usucapião, confirmando a previsão de Proudhon, segundo a qual toda a nossa propriedade é um roubo, aqui desenvolvido de cima para baixo, segundo o modelo do devorismo, onde, de facto, não há moralidade nem comem todos. Basta notar como anteontem teve que sair uma nota oficiosa justificativa do actual Presidente da República e como ontem apareceu mais uma nota para a imprensa do anterior ocupante de Belém, esta sobre o processo de atribuição de casas da autarquia lisbonense, onde, por falta de prescrição se detectaram vinte e dois alegados crimes de abuso de poder, por parte de quem logo declarou que tem a “consciência tranquila”. Infelizmente, ao contrário da democracia britânica, aqui não há a vergonha que levou em Londres cinco ministros à passagem ao estado de homens comuns. Basta uma arruada em Santa Catarina, com bombos, cabeçudos e espantalhos, chegados em carros públicos de alta cilindrada, porque também são públicos, indirectamente, os que estão afectos aos partidos de financiamento público, para que a ilusão de festa oculte a fome, a revolta, o azedume a e indiferença, quando valia a pena usarmos a arma do voto para um adequado golpe de Estado sem efusão de sangue, como tão bem definiu a democracia Karl Raimund Popper. Como disse Teixeira dos Santos para os depositantes de um banco em desespero e com contas congeladas: “vocês são vítimas de quem vos enganou e é a esses que têm de pedir responsabilidades”. Por mim, gostaria que nas próximas assembleias gerais de accionaista da República Portuguesa SARL, despedíssemos, sem indemnização, os gestores dos nossos depósitos de confiança pública.

Jun 04

PIRRO VENCERÁ!

Quando o pelotão da campanha ainda continua em berraria, por causa do mensurável empate técnico, é natural o exagero de propaganda dos que esperam o falso sebastianismo de uma vitória ao “sprint” por um qualquer  Pirro, do PS ou do PSD. Aliás, quase todos os outros povos das sete partidas da Europa têm atestado a mesma indiferença por uma entidade que quer assumir a democracia de um modelo, mas que é manipulada pela tecnoburocracia da comissão, enquanto, nos interstícios, se regressou claramente ao directório das potências, neste projecto europeu de muitas velocidades e outras tantas hipocrisias.

Embora se confirme que continuaremos o país mais hipocritamente à esquerda da Europa,  sofrendo as agruras da desertificação dos restos de meritocracia, parece inevitável que, por cá, persistirão os estrategistas da derrota, clamando que o “welfare” dos outros vai subsidiar a preguiça da nossa privatização de lucros, com nacionalização dos prejuízos, em regime de rotativismo de devoristas. A Europa do bismarckiano aparelho de poder, assente num formidável modelo de principado, está definitivamente usurpada por uma clandestina hierarquia neofeudal que esmaga as repúblicas. E a partidocracia multinacional, que aqui tem como simples secções o PS, o PSD, o CDS e o MPT, apenas confirma que estes feitores dos ricos são mais sintomas do que causas de uma entropia, plena de lixo.

 

Os habituais caçadores de eurocépticos e anti-europeístas ficaram, portanto, desempregados, face ao presente vazio de sonho e de ideia de Europa, pelo que apenas sentimos que, nestes falsos encontros mediatos com os eleitores e contribuintes, a que chamam eleições europeias, são mais eficazes as espadas da barganha e da pressão, mesmo que desembainhadas desajeitadamente pelo propagandismo da cartilha situacionista da santa aliança do pensamento único, a que nos deu a falsa constituição europeia e o frustrado tratado do Mar da Palha.

Jun 04

Sarilhos de gestores de conta, fraldas, emplastros e peixes de águas profundas à procura de pára-tombos

A imagem de um regime ensarilhado por gestores de contas foi ontem inequivocamente expressa pela embrulhada em que se meteu Aníbal Cavaco Silva quando “recusou a assumir ter comprado ou vendido acções da sociedade que controlava o BPN”, para citar a nota do semanário “Expresso” sobre a matéria. Custou-me ver o nosso Presidente da República contristado e combalido, cercado por imagens que nada tem a ver com a respectiva conduta pessoal e familiar, só porque cometeu um erro de “agenda setting” na gestão de silêncios que deveriam ter sido quebrados antes do adensamento das sombras. Por mim, assunto encerrado.

 

 

 

 

 

 

Mais graves são os alertas emitidos pela honrada figura de Nascimento Rodrigues que ontem renunciou, nomeadamente quanto à presente degradação da democracia. E anedóticos foram os comentários da segunda figura da pátria que, de forma oportunista, clamou contra os partidos e contra os entendimentos que todos eles fizeram sobre a lei do financiamento das respectivas despesas, em contraponto aos bailados negociais que levaram Jorge Miranda ao ridículo. Tenho a impressão que Jaime Gama, apesar de, piscicolamente, gostar de navegar em águas profundas, incluindo as poluídas com destroços e cagarras, é destacado militante de um dos principais partidos portugueses, chegou a ser candidato a líder do mesmo durante 24 horas e, de acordo com os registos, até foi o primeiro dos apoiantes do socratismo, depois de Kumba Yelá já ter subido ao poder, apesar da fragata. Não lhe ficou bem tentar varrer o lixo da partidocracia, de que é criador e baça imagem, para debaixo dos tapetes do palácio de Ventura Terra, pensando que o anexo do convento que presidencializa ainda pode servir de pára-tombos, com o edifício principal feito museu de figuras de cera.

 

 

 

 

 

 

Mas hoje pouco me estimulam as voltinhas campanheiras, não porque tenha saído a primeira sondagem a dar a vitória ao PSD e muito menos por causa da pouco dialogante disponibilidade do professor Vital face a uma entrevista ao segundo canal da televisão pública, onde quase ameaçou abandonar o directo vindo de Paredes de Coura, só porque a jornalista Patrícia em suave insistência o interrompia, como ele costuma fazer diante de outros debatentes. Além disso, não me apetece voltar a tentar descobrir quem eu colocaria como líder dos emplastros de campanha, dado que uma ex-ministra do PSD tem sido pujante nas aparições de segunda fila, como as imagens aqui dispersas recordam e os arquivos confirmam.

 

 

 

 

Infelizmente, não posso ainda dar detalhado testemunho dos pequenos sinais de micro-autoritarismo subestatal que ontem me chegaram, embora sejam surpreendentes os sinais de “out of control”, onde se misturam oficiais das forças armadas ao serviços de ministerialidades clandestinas, em inequívocas operações de pressão sobre carreiras de simples funcionários, para que eles não abram a boca, com mais graves jogadas ao contrário, isto é, com bandos de burocratas em autogestão, tentando ocupar o vazio de política, através de manobras de bastidores, totalmente desrespeitadoras do princípio do controlo político, em nome do poder dos funcionários e da tecnocracia dos pequeninos. Por outras palavras, o descontrolo que marca o ritmo dos operadores judiciários também atingiu outras zonas cimeiras da administração directa e indirecta do Estado.

 

 

 

 

 

 

Os habituais catadores de mensagens que emito neste blogue, especialmente a bufaria que é paga pela persiganga, de que algumas vezes tenho sido vítima, que descansem o “tonner”! Não estou a falar de casos em que esteja envolvido, de forma próxima ou remota, pelo que não precisam de levar a habitual fotocópia ao chefe, ou a um dos seus aliados ou ex-aliados do campo fascista cobarde ou estalinista persistente. Disso, falarei a seu tempo, quando me apetecer inventariar as manobras do mandarinato, onde algumas coincidências das imagens deste blogue não são apenas fortuitas, até para poder utilizar uma expressão de Vital Moreira, que tanto tenho atacado, mas que continuo a respeitar, porque, mesmo com erros, tem a honra de levar o combate a todas as trincheiras, pensando pela sua própria cabeça.

 

 

O sistema degradou-se mais por causa dos feitores e capatazes desta conspiração de avós e netos e é, nestes momentos de crepúsculo, que os habituais pescadores dos tempos de vésperas costumam lançar torpedos salazarentos e emitir as vérmicas golpadas de salão e corredores. O processo de desinstitucionalização em curso, com cenas de tragicomédia, apenas anuncia que todas as vidraças do sistema já estão estilhaçadas, depois da “Intifada” da presente campanha. Pedimos desculpa por estas interrupções. Depois do Freeport e do BPN, seguem-se outras séries enlatadas, como o BCP e outros BBs, enquanto a Qimonda vai fabricar Magalhães para o Vanuatu e a Autoeuropa decidiu optar pelo plano de restruturação que a plataforma da globalização alternativa pediu, em “ousourcing” e “avença”, a uma equipa que tem, como consultor sociológico, o Professor Boaventura Portalegre de Sousa Santos e, como consultor de competitividade da crise económica, o Professor Doutor Francisco Anacleto Louçã, num projecto que recebeu a redacção final do Professor Doutor Diogo Freitas do Amaral, de acordo com o mais recente código das afundações…

Jun 04

Chamem a Elisa! Chamem a Elisa!

Estava um pobre cidadão liberal a pesquisar a sondagem da LSE, que confirma a nossa entrada em contraciclo político face à Europa, quando as televisões nos anunciavam que Vital Moreira saíra em ombros no Bolhão, pouco depois de Sócrates clamar pela Elisa e de algumas vendedeiras gritarem que só votariam no “fêquêpê”, quando o Pinto da Costa se candidatasse…

Se fosse cidadão do Reino Unido, votaria naturalmente Liberal Democratic Party. Cá não há nenhum da família. Na Suécia, iria para o Folkpartiet liberalerna, ou para o Piratpatiet. Cá também não há. Como não há os irmãos peninsulares do Partido Nacionalista Vasco, os holandeses dos Democraten 66, os italianos da Italia dei Valori, os franceses do Mouvement Démocrate, os alemães do FDP, os flamengos do VLD, etc., etc.. Estive com eles na reunião de Dakar. Não desisto de me livrar da tenaz do PPE e do PSE.

Entretanto, lá me caiu uma notícia do “Público”, onde um banqueiro “mailava” a um bancário, propondo para o BPN o modelo da FLAD, com os mesmos nomes e tudo, para descanso de Manuela Ferreira Leite, assim desmentindo Vital Moreira, dado que tanto o PS como o PSD (CDS) estão plenamente irmanados no tradicional rotativismo devorista. Porque quando, numa das secções da mesa do orçamento (nomeadamente da universidade e das negociatas dos emplastros), ou da economia privada (mas sem ser de mercado), um dos manos inimigos é dominante, sempre consegue, para o parceiro, uma lista de comensais carimbados, para o adequado rapar do tacho, de acordo com a velha tradição dos regeneradores e dos progressistas. E seja qual for o resultado eleitoral, nunca o partido que perder fica a perder tudo, assim se garantindo que os feitores e capatazes são inferiores aos verdadeiros donos do poder, finalmente denunciados… Garanto-vos que, por tudo isto, não irei votar nos regeneradores alargados nem nos progressistas. Abaixo o devorismo! Já não me levam nessa do voto útil…