Deram-nos a lua para epopeia, com transmissão directa pela televisão

Deram-nos a lua para epopeia, com transmissão directa pela televisão e assim nos ilusionámos todos, homens do século vinte. Até a Mariner Ten tirou fotografias ao planeta Mercúrio. Mas Mercúrio continuou mais longe do que Paris e ninguém lá conseguiu chegar no comboio das sete… Contudo, por cá, sempre inocentes até ao trânsito em julgado, mesmo que o trânsito esteja engarrafado, antes das portagens eleitorais. O porta-voz do partido governamental não comenta telhados de vidro. Tem várias rachadelas do género na vivenda geminada do mesmo bloco, onde as portas já foram porteiros. Desejava que a política não se confundisse com casos de polícias e…guardiões. Mas até no Freepote, um arguido deixou de ser arguido, embora possa voltar a ser arguido, quando o lapso deixar de ser erro. Gosto de navegar no real que me dá o virtual. Depois de algumas horas de investigação da pesada, isto é, de crochetar restos de fichas da era pé-disco duro, vejo que passou a ventania e que o sol vai invadindo a tulha da minha biblioteca. E aqui venho navegar um pouco. Gosto de navegar no real que me dá o virtual. Espero que cheguem os nano-arquivos e as nano-bibliotecas! Contudo, de um lado, há irreverentes vanguardistas e reaccionários que, ao cristalizarem-se em seitas, geraram os tradicionais rebanhos miméticos dos citadores, glosadores e aduladores. É o permanecente colectivismo moral dos irmãos-inimigos E todos os dias me chega mais uma nova sobre a arrogância do micro-autoritarismo subestatal que, de cima para baixo, usa a maçaneta do estadão para disfarçar o medo que sente pela revolta do poder dos sem poder. O desprezo é a melhor arma dos que resistem ao assédio e nem sequer transformam o pretenso dono da coisa em inimigo. Que nome dar a um regime onde aquilo que o chefe diz tem valor de “lei” e onde o chefe não está sujeito à “lei” que dita aos outros? E quando, ao poder absoluto, se acrescenta a invocação da ciência certa? Chama-se fim da política e regresso ao espaço do doméstico, onde há um dono, ou um déspota, bem como a inevitável sociedade da corte, com acento no “ó” e sem direito a chapelinho “ô”. Têm a mesma origem etimológica. Quem me dera também poder usar o pretérito! Estamos encharcados em micro-autoritarismos, onde muitos são mais papistas do que o papão. Só que as garras dos primeiros rasgam as boas vontades e o papão perdeu a asa e não passa de mero tigre de papel! Também já não comprava o espesso há meses. Está mais fino. Admito que um socialista possa ser assim liberal. Apenas reconhece a hierarquia dos valores, onde o azul e branco ou o verde e amarelo são bem superiores a outras colorações. As duas primeiras vêm de 1820 que eu prefiro a 1910, a 1917 (Dezembro) e às imitações que lhe sucederam. Continuo a preferir Passos Manuel. Também li a entrevista do camionista Humberto Pedrosa ao mesmo Expressso. Um orgulhoso saloio, patrão da Barraqueiro desde 1967. Escapou à nacionalização porque era pequenino e depois foi comprando os desastres da nacionalizada, deles, a dita Rodoviária. Uma tecnologia que remonta às carreiras entre o Lumiar e a Ericeira, surgidas em 1915…Ou de como ser liberal é mais uma forma de vida do que uma ideologia. O liberalismo não é de esquerda nem de direita, porque a esquerda e a direita não são, estão! E o liberalismo pretende ser, pensando. Cada esquerda tem a direita que merece e vice-versa. Vale mais pôr os pés no chão deste portugalório e confirmar a esquizofrenia. Até dos que dizem que pensam, ditando… Só há esquerda se houver direita e direita se houver esquerda. Aqui voltámos à decadência. Há uma maioria de bonzos e uns acompanhantes da procissão, ora endireitas, ora canhotos, para que vire o disco e toque o mesmo… Já Maritain dizia que os governos mais fracos são os governos ditos de esquerda com temperamento de direita, tal como os mais fanfarrões são o vice-versa. Estou farto de complexos de esquerda e fantasmas de direita! Continuo de direita, liberal e tudo, nomeadamente azul e branco. Até parto dessa parcialidade para aceder ao universal, como a coroa aberta do manuelino assumiu o abraço armilar. Nunca quis ser da direita que convém à esquerda…sobretudo ao centrão mole e difuso do situacionismo. Mas porque sou de direita, assumo a atitude clássica do radical do centro excêntrico… Porque vontade geral nunca foi vontade de todos (Rousseau). Esta é sondajocracia… Vontade geral é quando cada um decide, desprezando os próprios interesses. Porque, se todos, quando escolhem, pensam apenas nos seus interesses, não há democracia. Vontade geral é quando cada um actua de modo tão exemplar que, dessa conduta, se pode extrair lei universal Só juntando Rousseau a Kant se pode fugir da guilhotina de Robespierre e do despotismo de todos. Ensinam a coisa, que agora repito, um António Sérgio ou um Karl Deutsch. Sondajocracia não é democracia e corrida ao “share” partidocrático também. Teatrocracia também não é comunicação, podemos comer gato por lebre! E gosto de ler antes de comentar. Já li http://www.cidadaosdebatempolitica.net. E subscrevi. Muito humildemente. Os pretensos intelectuais como eu padecem quase sempre da inveja do tribalismo e da endogamia. Acresce que até a maioria esmagadora dos docentes do chamado superior depende do acto de renovação contratual. Muito antes deste governo PS. Logo, a maioria do nosso ensino superior transformou-se numa sucessão de quintais endogâmicos, dependentes do carreirismo obedencial, a que chamam gestão democrática das escolas. Quem quiser safar-se não pode fazer blogues nem petições. Tem que saber colocar-se correctamente nos jogos de poder deste vasto neofeudalismo que imita a decadência partidocrática e repete os bailados da sociedade de Corte e da própria sacristia, onde os altares são os manitus supremos e os viúvos da dona maria da cunha , a tal que praticava a poligamia. Quem disser que não há corrupção, isto é, compra de poder, entre os pretensos intelectuais, mente…

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