Mar 31

Outra nota metapolítica, fora do tempo que passa…

Tanto me fartam os inquisidores e os pides que caçam pedreiros, comunas e anarcas, como os falsos jacobinos que querem enforcar o último padre nas tripas do último papa. Entre fantasmas de direita e preconceitos de esquerda, nem deus nem o diabo têm de escolher…

Entre o sol e a lua, o mundo e os céus têm várias escadas e não apenas a nostalgia da revolução ou da contra-revolução perdidas. Tanto sou contra a utopia das revoluções como contra a paz dos cemitérios das reacções… Prefiro a revolta das revoluções evitadas.

O estado e a sociedade a que chegámos precisam de uma valentíssima e reverendíssima reforma que liberte os indivíduos do colectivismo de seitas das nossas pesadas heranças…

Confesso que já fui anticomunista primário, nos tempos passados de uma guerra fria, com muitas guerras quentes por procuração, onde seria suicida subscrever-se o antes vermelhos do que mortos. As ideias pelas quais importa lutar, as comunidades das coisas que se amam impõem que também por elas se esteja disposto a dar a vida!

São perigosos os atalhos desesperantes da anti-religião. As minhas raízes estóicas e panteístas obrigam-me a reagir contra os vermes do cepticismo, do utilitarismo, do niilismo e, sobretudo, contra o situacionismo conformista dos pretensos moderados do centrão mole e difuso, das modas que passam de moda…

Mar 30

Sermão de Santo António aos peixes que querem ir para o aquário de Belém…

Há quem julgue que só existe aquilo que pode medir-se, segundo o cientificismo mental que pensa deter o monopólio do rigor, mas que, de tanto planeamentismo, não conseguiu prever a presente crise e nos amarrou às trombas dos principais elefantes brancos que nos escravizam em dívidas…

Portugal, se tem de submeter-se para sobreviver, não pode deixar de lutar para continuar a viver como comunitariamente se pensa. Só ousados engenheiros de sonhos nos podem mobilizar em saudades de futuro…

Só a flexibilidade das naus nos pode dar o pragmatismo e a aventura de uma visão do paraíso, aqui e agora, neste mundo e no nosso tempo, onde sempre é possível a redescoberta do transcendente situado…

Os poetas e profetas são mais verdadeiros do que os pretensos criadores de cenários políticos. E os falsos futurólogos do planeamentismo construtivista dos processos histórico, económico ou financeiros…

Se os parcos factores de poder que ainda restam à liberdade nacional e à vontade de sermos independentes não receberem o sopro de um pensamento com entusiasmo e de um entusiasmo com pensamento, poderemos reeleger recandidatos, mas não seremos passado presente com capacidade para pilotarmos o futuro, sem medo de ter medo…

Mar 29

Uma laranja não amarga

Nas primeiras 78 horas da liderança de PC no PSD, eis uma laranja não amarga, mas um jota suave, com filtro antipopulista e que não precisa dos sons estridentes da demagogia, cujo véu sonoro costuma recobrir o argumento fraco. A verdade nua e crua é que PS e PSD continuam separados por cinco pontos em termos de sondajocracia. Mas PSD mais CDS são menos do que a soma do pretenso povo de esquerda. Até Cavaco pode insinuar que vale mais do que a AD e a soberania do PSD está sempre condicionada. Passos Coelho vence, depois do sumo de limão de algumas anteriores derrotas. Sócrates nunca perdeu. Tem ido, de vitória em vitória, sem se aperceber que vencer, às vezes, pode ser o mesmo do que ser vencido. O novo líder talvez saiba que o caminho se faz caminhando. Espero que nos habitue a novas atitudes de moralização da política, começando por  publicitar as contas da respectiva campanha interna. Porque num partido que mistura tudo, incluindo sinais ideológicos, quanto mais massificação, mais organização, isto é, mais homens do aparelho, mais sargentos verbeteiros e, portanto, mais possibilidade de política de sigilo quanto aos financimentos partidários que não são controláveis pelo sistema público de controlo das fontes de compra do poder. O PSD, depois de ter mostrado que a regeneração do regime pode vir de dentro dos próprios partidos, deve acabar de vez com os ausentes-presentes e com as consequentes guerras por procuração.

Mar 26

O Processo Estacionário em Curso. Para o Diário Económico

O presente situacionismo entrou em processo estacionário em curso, dado que, as alternativas sistémicas não são suficientes para um baralhar e dar de novo, segundo o conceito de “new deal”. Nem sequer há suficiente temperatura espiritual para o estabelecimento de um novo contrato social, enquanto pacto de união, refundador do regime, com o consequente pacto constitucional e o posterior pacto de governo, através de novo acto eleitoral.

Acresce que as forças vivas dominantes, tanto a nível partidocrático como bancoburocrático, podem ser simbolizadas por uma moeda que, depende do euro, e tem duas faces: de um lado, a cara do socratismo; do outro, o cavaquismo sem Cavaco. As coroas têm a imagem de Barroso; as rugosidades chamam-se “rating” e endividamento…

Manuela Ferreira Leite tem, hoje, o seu canto de cisne, mas sem hipótese de renascer das cinzas. Com efeito, o cavaquismo sem Cavaco pode pensar na reeleição do seu recandidato, entrar em contactos imediatos de primeiro grau com Barroso, ou fingir que se pode negociar com Lacão e Teixeira dos Santos.

Talvez nunca tenha compreendido a verdade ensinada por Emmanuel Mounier, para quem os problemas económicos e financeiros apenas se resolvem com medidas económicas e financeiras, mas não apenas com medidas económicas e financeiras. Precisam de política que volte a ter a justiça inteira como estrela do norte. A deusa estatística, na sua vertente da heresia aritmética, nunca foi capaz de ascender à geometria espiritual do “esprit de finesse”…

Daí o absurdo da presente encruzilhada, onde as abstenções, à boa maneira salazarenta, contam como votos a favor. E Sócrates, mesmo sem aparecer, pode proclamar que quem não é contra ele é a favor dele.

Mar 24

Sócrates, o autor, os actores e os auditores, com muitos poderes sem autoridade, porque esta é a que vem de autor

José Sócrates Pinto de Sousa é pluridimensional, como qualquer figura pública. Tem sucessivos círculos concêntricos que se propagam do centro à periferia. Primeiro, tem um espaço de intimidade. Depois, um espaço de reserva pessoal. Finalmente, dois heterónimos públicos: o do líder partidário e o do estadista, primeiro-ministro de Portugal. A comissão parlamentar de inquérito só pode aceder a esta última máscara…

O que ontem foi novidade, já anteontem tinha sido anunciado por Aguiar-Branco e, dias antes, denunciado por Sócrates, na máscara de líder do PS, onde voltou a ser animal feroz, para, em breve, passando de um pólo ao outro, voltar a ser gajo porreiro. Como não há detectores de mentiras no espaço do teatro de Estado, pode concluir-se que apenas voltará a haver crise política quando as sondagens revelarem uma radical alteração na opinião dos portugueses…

O parlamento não é um consultório de psicanalista. E nem as próprias relações jurídicas são relações da vida real, apenas são uma minoria das condutas humanas, aquelas relações sociais que o direito coactivamente tutela…

Aliás um ser humano não coincide com uma pessoa jurídica. Esta não passa de um abstracto centro de imputação de direitos e deveres e durante milénios nem todos os humanos tinham acesso a essa máscara e outros tantos sofriam de diminuição de cabeça, como era óbvio no caso das mulheres.

Aliás, a palavra pessoa vem de “máscara”, a que os actores usavam em representações na antiguidade e que, segundo alguns, precisavam de um tubo que fazia “per sonare”, da voz humana a um certo sistema de megafone. A máscara continua em palco, com “actores” sujeitos a guião prévio e “auditores”, os cidadãos que não querem ser “autores”

Os actores não mentem, representam um papel. Os auditores gostam de boas peças e melhores interpretações. Só os actores é que rimam com a verdade. Infelizmente, neste sistema que nos degrada, há muitos poderes à solta e quase nenhuma autoridade, aquela que, etimologicamente, só os autores podem assumir…

Mar 23

Sócrates, se o deixassem votar, escolheria e mandaria escolher Paulo Rangel. Era porreiro, pá!

Lá vi e ouvi o amargo debate entre os laranjas, já espremidos, a três dias do sumo dia. Não assinalaram a circunstância de os serviços parlamentares e presidenciais mostrarem pouca fé na luta de um ex-deputado, ex-jota laranja, ex-ministro de outro partido e ex-assessor de outro presidente que quer papéis e planos, mesmo que a maioria deles seja cópia de um formulário adquirido em “outsourcing” pela nova especialidade dos corruptólogos, com alguma vantagem retórica se tiverem sido maoístas ou sacristas. Quanto ao debate do PSD, parece-me que Aguiar-Branco venceu esta batalha, mas que Passos ganhou a guerra. Castanheira parece merecer um lugar de deputado nas próximas listas e Rangel caiu na casca de banana de um advogado de rabo pelado e voltou a não emergir como o encoberto em noite de nevoeiro.

Passos, melhor do que os outros em economia e finanças, até aguentou no caso do PGR e do MP, perante a tentativa de emissão ex-catedra e lentífera de um assistente de direito à procura de tese, esboçando o tradicional argumento de autoridade, um pedacinho gnóstica. O mesmo Passos, prefigurando-se já como líder do PSD, interessou-lhe que Branco malhasse no ex-irmão de facção. E preferiu pairar em discurso redondo, para que cavaquistas e anticavaquistas, sociais-democratas e liberais, nele se revissem. Por outras palavras, ao não perder, venceu…

Passos cumpriu os prévios ensaios e conseguir emitir a mensagem do princípio ao fim, já com direito a indirectas e farpas sobre Rangel. Este, habituado aos aplausos dos que o confundem com o messias, demonstrou não ter recursos de diálogo para a chamada conversa. Por outras palavras, foi mal treinado para a normalidade da palavra posta em discurso, a que os gregos chamavam “logo” e que costumamos traduzir por razão. Parece só saber falar de palanque para as palmas e não reparou que nem todos os adversários são vitais…

Aguiar-Branco foi a todas, assumiu o cavaquismo e o maneleirismo, o sá-carneirismo e o menezismo,l soube manter a camaradagem jota com Passos e mostrou que respira política com alma e categoria. Eu que, dele desconfiava, por causa do maneirismo, rendi-me à qualidade, ao contrário do que previamente julgava de Rangel, cujas expectativas saíram frustradas…

Claro que não voto nem quero votar no PSD. Muito menos na energia de caracol com que a social-democracia é receita de oportunismo pós-revolucionário, para a qual os programas estão à esquerda dos líderes, os líderes à esquerda dos militantes e os militantes à esquerda do eleitorado. Como em sentimento e em pensamento, na prática, estou quase sempre à não-direita dos líderes e militantes da instituição, mantenho a fé e a razão de um liberal que não é neoliberal e de um tradicionalista que detesta reaccionários e não está para aturar os falsos messianismos populistas da direita mais estúpida do mundo, isto é, daquela que convém à esquerda instalada. Não tenho dúvidas que Sócrates, se o deixassem votar, escolheria e mandaria escolher Paulo Rangel. Era porreiro, pá!

Mar 22

Continua a violação das massas pelo mau-cheiro deste mais do mesmo

Em política, PSD continua mais uns dias em procissão: Rangel está contra a “promiscuidade” e pretende “desparasitar” o Estado. Uma passista-pensadora descobre o título francês, de há uma década, do “État Moderne, État Modeste”. Aguiar-Branco, enquanto corrige as assinaturas da candidatura, está contra as “claques” de Pedro e os “actores profissionais” de preto “call center”, ao serviço de Paulo que, a esses costumes, disse estar em branco e a guiar para as bruxelas .

Reparo como os “socialistas” do governo dizem ter preocupações “sociais”, enquanto o presidente, fardado, mostra preocupações “ambientais”, contra o lixo e o mau-cheiro… E proponho que todos os carros que entram em Lisboa passem a pagar portagem, não em prestação pessoal, mas numa via verde que faça transferência informática de verbas da autarquia de residência para a de Costa. Como também sugiro que os políticos, que fazem belos discursos, devam mostrar-se sempre na televisão com um rodapé onde apareçam as reformas estaduais que acumulam e as consultadorias que abicham, das empresas de regime…

Também registo como Sampaio, o cenourinha, foi, é e há-de continuar simpático, por mais notário da república que tenha sido. E quando diz que não comenta o mandato do seu sucessor em Belém, está a afastar directamente a hipótese de uma recandidatura por razões deontológicas. Infelizmente. Tenho saudades de um presidente que se passeava como homem comum pela ruas da vizinhança, saindo da gaiola presidencial…

Noto como reconhece que um governo em acção pode ser populista e alterar os dados da opinião pública e afectar escolhas eleitorais. Eu confirmo. O pior populismo é o que não parece populismo, isto é, o que altera os dados da opinião pública e afecta as escolhas do povo. Basta o “vermos, ouvirmos e lermos”. Aqui e agora.
Chocam-se as cenas de inequívoca violência criminal que foram, ontem, transmitidas em directo do Algarve, antes do jogo entre dragões e águias. Foram mais um sinal de vergonha que vamos continuando a tolerar em nome da festa do futebol…

Precisamos todos, em nome da transparência, de saber quanto é que custou ao contribuinte a mobilização dos aparelhos estatais de segurança para o efeito privado dessa chamada festa! Porque a estrutura da auto-organização do futebol a deve pagar na integralidade!

Como liberal, exijo que os clubes e as sociedades capitalistas que patrocinaram o jogo paguem tal despesa directamente. Como adepto da autonomia da sociedade civil, clamo pela chamada justiça desportiva. Usem os sumaríssimos para adequada punição. Pelo menos, uns joguinhos à porta fechada para os clubes que todos vêem …
Não podemos clamar contra o intervencionismo do poder político sobre órgãos de comunicação social, se aceitarmos passivamente esta forma de violação das massas por entidades que beneficiam desta forma de pressão, quase de psico militar em tempo de ocupação de territórios alienígenas! Nem mais um tostão público para o futebol!

Claro que não perco um jogo de futebol. Mas a minha paixão pelo espectáculo e o meu clubismo não admitem esta quebra civilizacional de uma minoria de bandos que, em nome da festa, se passeiam em violência, proibindo que pessoas normais, nomeadamente pais com filhos, possam ter o prazer desse belo espectáculo dos deuses dos estádios! Já chega de cobardia!

O silêncio sobre esses crimes, que deveriam ser investigados pelo Ministério Público, leva a que a própria política se enrede na teia, com dirigentes e comentadores futebolísticos que ascendem a candidaturas políticas, e com elementos de claques que se insinuam em candidaturas partidárias, numa promiscuidade com nível de baixeza idêntica à da própria corrupção!

Mar 19

Mão de Deus, dedinho de Jesus e golo de Kardec… Que venha Zandinga!

Qual Aguiar-Branco, qual Paulo Rangel, qual Passos Coelho! Ontem todo o país confirmou que, em vez da velha mão de Deus, à Vata, se notou a omnipresença do dedo do senhor Jesus, bem como um golo decisivo de Kardec, isto é, tudo divindades, homens do Senhor e espiritismo, bem como esse facto do acaso que levou a bola para o fundo das redes, no estádio olímpico das bicicletas e das “connections”. E o barulho de fundo inundou esta cidade angustiada. Um sinal de sonho revolvendo um povo pequizado e impostado, que nem sequer pode recorrer à velha internet para declarar o IRS, que as mãos do estadão parecem em greve de zelo de tanto choque tecnológico…

Parece que os funcionários mais qualificados da nossa reformadísisima e modernizada Administração Pública a estão decapitando, com uma avalanche de pedidos de reforma, aposentada e antecipada, enquanto milhares de outros demonstram o vírus da incapacidade mobilizadora de quem a governa…

Ainda ontem, numa dessas reuniões oficiais, confirmava que, entre os titulares cimeiros da carreira, cinquenta por cento pedira a reforma e a restante fatia entrara em regime de não ter que os aturar. Na plenitude, apenas os que vão aspirando a subir uns degraus na tabela dos postos de vencimento, enquanto, para as cúpulas da honraria, se vão recrutando aposentados, eméritos e reformados…

O “simplex” em vigor, ao recorrer à conspiração de avós e netos, com muitos avós acumulando reformas, das públicas, bem especiais, às privadíssimas, não gosta de generais no activo, prefere música celestial, diplomas de remunerações extraordinárias e muitos sargentos verbeteiros, entre leis da rolha (reparei em Santana Lopes) e leis do garrote (ouvi Narciso Miranda)… Qual Pedro, qual Paulo, qual Branco! Interessam mais as prendas do sucateiro…

O fado, o futebol e as fátimas, são como as orgias, as festas e o êxtase, rituais de fuga para fora do tempo que passa. Infelizmente, nem todos os praticam com a intensidade exigida pela vida interior, saindo da prisão do próprio tempo. Faltam-nos profetas que sejam precursores, como eram aqueles intelectuais que conheciam a receita da redenção dos males do mundo. Já não há precursores que captem os sinais do tempo e adivinhem, muito cientificamente, tanto o futuro da história de Portugal como a própria salvação do mundo. Nem Mariano Gago nos vale, de Magalhães em tecla e Kafka em prática…

Mar 18

De como persiste o castramento do impulso libertacionista da política

Ainda ontem, num dos melhores programas económicos das nossas televisões, assisti ao habitual desfile de destacados fiscalistas, contabilistas e financeiros da nossa praça, compreendendo como a injecção do PEC contém as habituais substâncias que levam ao castramento do nosso impulso libertacionista da política.

O elogio barroseiro e do Eurogrupo a esse concentrado de desespero revela como as altas ministerialidades do nosso espaço está afectado pela droga inventariada pelo nome de TINA que, segundo o esperanto bancoburocrático, se descodifica como “there is no alternative”.

A causa das causas da presente crise é a autogestão em que se devora a geofinança, esse monstro a que muitos dão o nome diabólico de neoliberalismo, e que nada tem a ver com a clássica visão liberal que nunca abdicou da supremacia da justiça e, consequentemente, da política.

Daí que abundem as reaccionárias explicações das teorias explicativas do “Zeitgeist”, onde até há alguns que vão as sótãos rebuscar os manuais maniqueístas, neo-inquisitoriais, nazis ou comunistas, esses que vêem diabos, mãos ocultas, aranhas clandestinas, plenas de judeus, maçons, multinacionais, padralhada, comunas, sindicatos e jovens turcos…

Aliás, quanto mais conspiratória é a análise, menos transparente são os segmentos biográficos dos analisadores, geralmente cristãos-novos que tentam usar decapante para aquilo que foram em metodologia, mesmo que tenham variado de “ismo”…

A geofinança da presente planetarização ainda não atingiu aqueles mínimos de Estado de Direito universal, ainda há efectivos poderes fácticos à solta, isto é, absolutos, pelo que sem república universal não se conseguirão accionar os princípios de justiça….

Os homens da finança e da política deveriam adaptar-se aos sinais dos tempos e seguir o exemplo das grandes religiões universais e das forças espirituais tradicionais, admitindo que o diabo tem lugar a seguir ao Pai, ao Filho e ao Espírito. Porque se, dele se abstraem, terão a surpresa de o sentir explodir em autoritarismo, totalitarismo e guerra!

Mar 17

La belle époque, un quart d’heure avant, elle était encore en vie

Voltemos à lama do quotidiano, ao carro que se enreda e não avança. Discutamos as remunerações dos gestores das empresas públicas e de regime, os carros de gama alta das ministerialidades, a TVI, santana, o freeport, ou os ricos que paguem a crise. Voltemos à terra, a este ambiente de fim de “belle époque”, que alguns sistémicos do situacionismo já qualificam como de fim de regime, a este apodrecimento lento das instituições, onde os críticos são qualificados como catastrofistas…

Os sinais de crepúsculo surgem, sobretudo, entre os donos do poder, isto é, dentro das várias secções, ou facções, do rotativismo devorista, ou de certa ditadura da incompetência, onde os bonzos, os irmão-inimigos, apenas são desafiados pelas margens dos endireitas e dos canhotos…

Outrora, a ordem impunha-se porque o medo guardava a vinha. Os fantasmas de direita temiam os revolucionários profissionais (os comunistas). Os preconceitos de esquerda invocavam o eventual golpe da tropa…

As novas teorias da conspiração preferem outros prosaicos. Na Grécia, os repórteres falam em anarquistas que partem montras e dão nos polícias. Por cá falam dos poderes ocultos, como o presidente do sindicato dos ajuizados, alinhando, já não apenas subliminarmente, com aqueles que gostaria de uma nova lei Santos Cabral aos Estados Unidos e à Europa, onde certamente não haveria Estado de Direito, Obama ou Jean Monnet, tal como nunca teriam existido George Washington, Winston Churchill, Montesquieu ou Kant…

Na encruzilhada da ditadura dos factos, apenas o desespero de uma espécie de tecnocracia acima do reino da política, dos eurocratas à doméstica ditadura das finanças naquela fragmentação que também nos poderia levar a uma república de magistrado, porque eles são “magis”, enquanto os ministros são meros “minis”…

Vale-nos a liberdade de expressão. Ao contrário do que aconteceu antes de 1926, os críticos da democracia não são dominados pelos inimigos da democracia que preferem procurar um qualquer falso sebastião numa das facções dos partidos da esquerda-menos da presente hipocrasia. Hoje, os seareiros e os seus companheiros da “Revista dos Homens Livres”, sobretudo os que estavam livres da finança e dos partiodos, seriam mais ouvidos…