Jun 30

Acção dourada

Só agora me inteirei da acção dourada… O socialismo deste nacional-capitalismo, marcado por uma espécie de liberalismo a retalho é directamente proporcional ao desvario da porta-voz do comissário europeu da concorrência que num português de futebolítica declarou que a coisa, por não ter dimensão europeia, não se pode “blocar”…

É pena que no jogo de ontem, o árbitro não fosse do nosso estadão…é que nos cinco minutos finais ele podia pegar na bola, passá-la ao Cristiano e fazer um golaço. O problema é se o apitador se enganasse na baliza…

Claro que as “golden share” são legais perante a lei portuguesa, podem é ofender os princípios gerais de direito comunitário. Mas quanto mais isto for jurídico, mais ganha a parecerística e mais produtividade têm as faculdades de direito…

A a questão do Rui Pedro Soares/TVI, comparada com a assembleia-geral da PT é como compararmos os comentário do Rui Santos sobre a verdade desportiva com a derrota de ontem em campo. No capitalismo ganha-se no terreno do mercado e não nas politiquices e juridicices de secretaria. Chamem o Joe Berardo!

O Zeinal Bava está para o Cristiano Ronaldo como o Henrique Granadeiro, para o Carlos Queiroz. Vale mais ser Ricardo, o Espírito e o Santo, que esses ganham sempre!

É pena que o Mário Lino, o açoriano do velho Sporting, não possa dar as velhas sarrafadelas. O outro, o ex-comunista, não serve. Apenas sabe fiscalizar a CGD com senhas de presença, diria “jamé” e continuaria a defender a união ibérica, até porque a língua portinhola descende não sei de quê…Não consta que tenha lido, por dentro, São Saramago!

Ricardo confirma a velha tese: vendam-se os anéis, para ficarem os dedos! Ainda podemos lambê-los, antes de uma OPA os desenroscar… Aí é que, em vez de restos, teríamos de lamber feridas dos decepados. Mas sempre há belos cirurgiões para as plásticas da propaganda!

O país, mesmo o da blogosfera, parece que já não compreende o riso. Até nem sabe que a ironia “consiste em dizer as coisas que declaramos não dizer, ou então dizê-las com palavras que afirmam o contrário do que queremos exprimir”…

‎”Quando o governo fala está a interpretar os interesses do país, os interesses nacionais”. De Sousa o disse. Toma!

Crise, o que é? É quando o normal é haver anormais…

‎”Não deixarei que ninguém ponha sobre quem é mais caro as responsabilidades de uma equipa”. A culpa é sempre do simão… Confirmam-no seis ilustres juristas tão independentes que até parecerizaram “pro bono”…

Ilustres senhores! Crise é transformar os superiores interesses do país e os interesses nacionais em taxímetro… Vale-nos o PGR, que comanda a única parecerística verdadeiramente independente, de acordo com os princípios constitucionais! A nossa justiça que é a melhor da Europa continua a jogar para o empate…

A trapalhada pode sair muito cara para os senhores contribuintes. E quando ela se enreda em plural, pode acontecer um verão de acentuado arrefecimento nocturno, sem quem nos possa desatrapalhar… Só uma consciência cívica reanimada pode pôr os bois à frente do carro. Desapertem-lhe a canga!

Lá vejo De Sousa em imagem na TV: não me parece que tal “carificação” (de “cara”) dos interesses nacionais seja marcada por uma necessária credibilidade que inspire confiança. Quem se gasta pelo abuso da propaganda pode tornar-se pólvora ressequida, com muito fumo e pouco fogo. Só Alegre lhe reconhece interesse estratégico para a economia portuguesa. E o CDS mostra como essa do liberal, só a retalho…

Raciocinemos ideologicamente: Sócrates é socialista porque intervencionou em nome do socialismo; para defender uma intervenção capitalista de uma empresa de regime no âmbito de uma empresa num Estado estrangeiro; logo, como a serpente pode devorar a própria cauda, eis que Lula, se for gigante, pode ser consequente com o mesmo socialismo e intervencionar a Vivo…

Se Lula for tão proteccionista como Sócrates, teremos de concluir que valia mais a solidariedade ideológica do camarada Zapatero e a lealdade do amigo Ricardo. Bastava ler Marx e concluir que o capital não tem pátria…

Louvo o PCP pela coerência ideológica: nacionalizemos a PT para ela ser nossa. E compreendo que não saiba fazer contas, nomeadamente sobre quanto desembolsámos com os homens sem sono da noite de 11 de Março de 1975. O contribuinte pagou tudo ao tostão, com juros e favores. Ainda não nos explicaram esse dispêndio da pesada herança…

Confirmo como o CDS permanece fiel ao velho socialismo catedrático portucalense, actualizado por António de Oliveira, mas revisto e corrigido pela nacionalização dos prejuízos e pela privatização dos lucros…

Sugiro que o Bloco de Esquerda, através do guru portalegrense BSS, exporte a doutrina para a Dilma, para que a Vivo seja nacionalizada, deles. Nós podemos ficar apenas com a Isabel Santos…

Os homens do regime… Assim à distância, quem lê esta lista e repara no percurso recente de honrarias de muitos e muitos deles, pode concluir como a culpa só morre solteira se não quisermos ir à natureza da coisa…
Fátima Campos Ferreira com a criança ao colo…

Pedimos desculpa por esta interrupção. A crise prossegue, mesmo antes de momentos…

Pronto: pior do que sermos vencidos, foi ficarmos convencidos. A Catalunha jogou melhor!

Mais cinco Fábio e três Eduardo e o Queiroz ainda poderia ser seleccionador multinacional dos empatas que jogam sob as cores do Barrosal…

Prefiro a UEFA, onde até são sócios a Escócia e o País de Gales! Assim me safo da selecção ibérica e sempre posso ter a da Catalunha propriamente dita e a do País Basco. Os galegos podem jogar na nossa e o Cristiano também quando der tacadas que não sejam apenas verbais…

Pronto, lá se foi a Jabulani e lá temos que voltar aos sermões do costume descrevendo o que antes de o ser já o era. É urgente, portanto, um Prós e Contras especial que comente o drama do regime, mas sem som, só com esgares: de um lado a Manela Moura Guedes, o Professor Marcelo e o Vasco Pulido; do outro, a Fernanda Câncio, o Mário Soares e o D. José Policarpo. Mas tudo sem som. Era mesmo um êxito!

Já agora, encarregava da sonoplastia o Zé Pacheco Pereira, depois daquela análise que ele fez das vuvuzelas…

O filme de fundo a exibir poderia ser realizado pelo Manoel de Oliveira…sobre a vida e obra do Professor Manitu, com comentários de som do Marinho da Ordem.

A Fátima Campos Ferreira, que já está de férias, poderia ceder o lugar de moderadora ao Gilberto Madaíl. O Carlos Cruz ainda está no Um, Dois, Três, a descalçar a Botilde…

Pedimos desculpa por esta interrupção. A crise prossegue, mesmo antes de momentos, que o interregno é outra música…

PS: Claro que, pessoalmente, gosto da Fátima Campos Ferreira. Apesar de ser politicamente incorrecto dizer que ela é boa pessoa e excelente profissional. Porque neste ambiente de luta de invejas que substituiu a luta de classes, todos carregam nela, especialmente os bem queriam que ela os levasse ao colo. A imagem escolhida é um flagrante de simpatia. Foi picada aqui.

Jun 29

Pronto, lá se foi a bola e lá temos que voltar aos sermões do costume

Sinto cá por dentro o sol que vai nascendo…Para mim é o dia grande, foi nesta noite que nasceu a minha primeira filha. Parabéns Joana, dizem que antecipadamente. Estás longe, mas perto. Há dias em que as memórias nos dão futuro…

Nesta coisa de accionistas e dividendos sou tão liberal quanto Karl Marx: o capital não tem pátria. Mesmo no futebol, a bola só tem pátria quando ela entra na baliza do adversário…Espero poder gritar, mais logo, por São Jorge, até para confundir os jogadores “hermanos” que não sejam castelhanos…

Daqui mando um abraço ao Eugénio Almeida. Está internado desde a véspera das respectivas provas públicas de doutoramento. Mas em breve voltará à lide. Até da blogosfera. Sobretudo, a do lusofonia. Principalmente, a angolana.

Sua excelência, o professor pardal de sua eminência, depois de tantos mandatos guterreiros e socráticos, na ciência e nas universidades, demonstra encavaquização eucaliptal e ainda dita: “É preciso estudar mais, é preciso voltar à escola, é preciso saber mais”. Só que todo o mais que fez foi menos, porque só quando o saber-fazer pode agir e se integra na sabedoria é que há ciência…

A “dedução cronológica e analítica” dessa “revolution d’en haut” que nos comtizou tardiamente, em ritmo neomarxiano arrependido, se produziu muitos “estatutos” fez crescer o mais dos burocratas do negócio universitário, dos educacionólogos, dos avaliólogos e de outros ornitólogos, mas nunca quis compreender que a escola, a academia e o liceu não surgem pelo decretino “ex nihilo”…

Empaturrámo-nos de bolonhesa, liquidámos as boas experiências, em nome da abstracção e da generalidade, e gastámos energias em fichas, folhas de “excel” e põe-te à espera do próximo regulamento, brincando à partidarite dos jogos do poder pelo poder, instrumentalizando o carreirismo e punindo resistentes e dissidentes!

FB em suspenso por mais noventa minutos… sempre que os vermelhos atacam, volto para a tecla, não aguento… prefiro o som do rádio que sempre me dá o tom que me leve a olhar e sempre se vai adiantando à imagem, mais demorada … é só Eduardo, caramba! Os deuses estão noutro lado…

Fábio Coentrão “é pescador e quer ser rico, os outros já são ricos” (Manuel Pedro Gomes na TSF…)

Apesar de isto estar taco a taco, bem gostava de uma tacada do CR7…

Mais cinco fábios e três eduardos e o Queiroz ainda podia ser seleccionador multinacional dos empatas que jogassem sob as cores do Barrosal… Prefiro a UEFA, onde até são sócios a Escócia e o País de Gales!

Pronto: pior do que sermos vencidos, foi ficarmos convencidos. A Catalunha jogou melhor!

Pedimos desculpa por esta interrupção. A crise prossegue, mesmo antes de momentos…

Pronto, lá se foi a bola e lá temos que voltar aos sermões do costume. É urgente um Prós e Contras especial que comente o drama do regime, mas sem som, só com esgares: de um lado a Manela Moura Guedes, o Professor Marcelo e o Vasco Pulido; do outro, a Fernanda Câncio, o Mário Soares e o D. José Policarpo. Mas tudo sem som. Era mesmo um êxito!

Jun 29

Retalhos na vida quotidiana de um impostado (homenagem aos ex-estalinistas lusitanos que ainda mandam)

O homem é a medida de todas as coisas, mas todas as virtudes do homem, incluindo as do homem virtuoso, têm as suas medidas e os consequentes limites. Até o abuso da virtude deixa de ser virtude…

Muitas vezes entramos em aparentes oposições vocabulares, no redondo das palavras, mas muitos dos que se dizem em contradita apenas evocam a mesma significação ascensional, a rebeldia perturbadora da procura da perfeição…

Compreender é prender coisa com coisa e sair das árvores à procura de uma perspectiva da floresta. Mas como cada um tem a sua circunstância, cada um vê o todo a partir do sítio onde está, para sair do estar e assumir o ser. Há até quem queira olhar o sol de frente…

Ora aí está uma bela forma de promovermos as exportações: mandarmos as nossas esburacadoras para a Geórgia, trazer as estátuas do zé dos bigodes para o pobre extremo ocidental da Ásia e com uma breve plástica, adaptar-lhes uma cabeça amovível, com desenroscáveis susceptíveis de aquisição numa loja dos trezentos…

Sem falarmos nas eventuais origens judaico-portugueses do Zé dos Bigodes, importa salientar que os gregos (antigos) chamavam à pátria do dito “a Ibéria Oriental”. Os georgianos são mesmo nossos primos, o que explica os muitos ex-estalinistas que ocupam a nossa política: de Mário Soares (até 1950) a José Manuel Durão Barroso (até não sei quando…)

Um dia inteirinho entre lojas ditas do cidadão e repartições de finanças. Funcionários impecáveis, sistema devorador de energias. Valeram-me os funcionários dos correios, sabedores destas manhas, nomeadamente o não valer o cartão de cidadãos para efeitos de domicílio fiscal…

Depois de experimentar, sentindo principalmente o drama dos idosos nestas andanças, bem me apetecia sugerir se utilizassem os correios como balcões deste modelo de “loja”, a que poderíamos juntar farmácias, sobretudo a nível destas grandes áreas metropolitanas e das localidades mais pequenas da dita “província”…

Foi deliciosa a conversa que mantive com a balconista dos correios de Belém… A histórias que ela me contou sobre presidentes e primeiras damas circulando pela rua e pela estação, bem mereciam o registo de memórias. Belos foram os elogios para os passeios de Sampaio e de Soares, que conversavam com a gente, e para a Manela Eanes que, enquanto “presidenta” se punha na bicha e ia ela própria aos correios…

E lá olhei para a Rua da Junqueira, para o comércio tradicional que vai fechando, à excepção da farmácia e da agência funerária e para o desaparecimento demográfico do que sustentava o Belenenses , que se arrisca a seguir o definhamento do vizinho Atlético e do mais longínquo parente Oriental…

Fiquei a saber que só na esquina da Junqueira com a ajuda é que resistem os dois últimos sinaleiros cá de Lisboa. Até o grande polícia da Escola Politécnica passou a fazer as manhãs na esquina do palácio presidencial. Sinaleiros estão a findar, engarrafamentos vão aumentar…

Se alguma alma caridosa conhece o senhor ministro Rui Pereira, ou o senhor comandante-geral da PSP, sugiram que se crie um movimento pela salvação dos últimos sinaleiros de Lisboa. A UNESCO é capaz de financiar tal património cultural. Os motoristas todos agradecem. E o Teixeira dos Santos até poderia poupar. Não peçam aos tecnocratas da segurança um desses palpites de espionite aguda!

Ao passar em Monsanto, de dentro do autocarro da Carris, lá vi, mais uma vez, de óculos escuros, o meu amigo Mário Crespo, passeando seu cachorrão, diante da casa desabitada do senhor presidente da edilidade. Dava uma excelente reportagem no “Jornal das Nove” da SIC… Ele ia em plano inclinado, mas muito seguro pelo bichano…

E continuei à assistir em directo a estas reportagens do cemitério do regime do P&C, onde não é Fátima Campos Ferreira que tem culpa, porque ela tem tal arte que até alguns mortos-vivos pensam que estão vivos, porque, por falta de espelho, não reparam que são “cadáveres adiados” que procriam enlatados de demagogia…

Aliás, numa das cadeiras de espera das burocracias, um ilustre assessor de assessores do regime mantinha uma conversata de falsos segredos de estadão, com nomes de politiqueiros e tudo, sem qualquer vergonha… Telefonei logo a um dos visados, cuja manobra o assessor de assessores desdobrava com os nomes reais. O visado ficou surpreendido com a descoberta da marosca…

Claro que bastou peregrinar uns metros pela rua do Ouro para aparecer um desses que passam os dias dizendo que bebem do fino… Logo me informou sobre os sinais de crise global que tornam angustiados os traseiros da tal rua. Como se por lá alguém bebesse do fino. Porque nem sequer Bruxelas sabe. Estamos totalmente dependentes do acaso e do eventual mau humor de um ou outro dos credores… Ao que isto chegou!

Compreender é prender coisa com coisa e sair das árvores à procura de uma perspectiva da floresta. Mas como cada um tem a sua circunstância, cada um vê o todo a partir do sítio onde está, para sair do estar e assumir o ser. Há até quem queira olhar o sol de frente…

Jun 28

Um dia inteirinho entre lojas ditas do cidadão e repartições de finanças

Um dia inteirinho entre lojas ditas do cidadão e repartições de finanças. Funcionários impecáveis, sistema devorador de energias. Valeram-me os funcionários dos correios, sabedores destas manhas, nomeadamente o não valer o cartão de cidadãos para efeitos de domicílio fiscal…

Depois de experimentar, sentindo principalmente o drama dos idosos nestas andanças, bem me apetecia sugerir se utilizassem os correios como balcões deste modelo de “loja”, a que poderíamos juntar farmácias, sobretudo a nível destas grandes áreas metropolitanas e das localidades mais pequenas da dita “província”…

Foi deliciosa a conversa que mantive com a balconista dos correios de Belém… A histórias que ela me contou sobre presidentes e primeiras damas circulando pela rua e pela estação, bem mereciam o registo de memórias. Belos foram os elogios para os passeios de Sampaio e de Soares, quer conversavam com a gente, e para a Manela Eanes que, enquanto “presidenta” se punha na bicha e ia ela própria aos correios…

E lá olhei para a Rua da Junqueira, para o comércio tradicional que vai fechando, à excepção da farmácia e da agência funerária e para o desaparecimento demográfico do que sustentava o Belenenses , que se arrisca a seguir o definhamento do vizinho Atlético e do mais longínquo parente Oriental…

Fiquei a saber que só na esquina da Junqueira com a ajuda é que resistem os dois últimos sinaleiros cá de Lisboa. Até o grande polícia da Escola Politécnica passou a fazer as manhãs na esquina do palácio presidencial. Sinaleiros estão a findar, engarrafamentos vão aumentar…

Se alguma alma caridosa conhece o senhor ministro Rui Pereira, ou o senhor comandante-geral da PSP, sugiram que se crie um movimento pela salvação dos últimos sinaleiros de Lisboa. A UNESCO é capaz de financiar tal património cultural. Os motoristas todos agradecem. E o Teixeira dos Santos até poderia poupar. Não peçam…

Ao passar em Monsanto, de dentro do autocarro da Carris, lá vi, mais uma vez, de óculos escuros, o meu amigo Mário Crespo, passeando seu cachorrão, diante da casa desabitada do senhor presidente da edilidade. Dava uma excelente reportagem no “Jornal das Nove” da SIC… Ele ia em plano inclinado, mas muito seguro pelo bichano…

Continuo à assistir em directo a estas reportagens do cemitério do regime do P&C, onde não é Fátima Campos Ferreira que tem culpa, porque ela tem tal arte que até alguns mortos-vivos pensam que estão vivos, porque, por falta de espelho, não reparam que são “cadáveres adiados” que procriam enlatados de demagogia…

Hoje, numa das cadeiras de espera das burocracias, um ilustre assessor de assessores do regime mantinha uma conversata de falsos segredos de estadão, com nomes de politiqueiros e tudo, sem qualquer vergonha… Telefonei logo a um dos visados, cuja manobra o assessor de assessores desdobrava com os nomes reais. O visado ficou surpreendido com a descoberta da marosca…

Claro que bastou peregrinar uns metros pela rua do Ouro para aparecer um desses que passam os dias dizendo que bebem do fino… Logo me informou sobre os sinais de crise global que tornam angustiados os traseiros da tal rua. Como se por lá alguém bebesse do fino. Porque nem sequer Bruxelas sabe. Estamos totalmente dependentes do acaso e do eventual mau humor de um ou outro dos credores… Ao que isto chegou!

Jun 27

Até o abuso da virtude deixa de ser virtude…

O homem é a medida de todas as coisas, mas todas as virtudes do homem, incluindo as do homem virtuoso, têm as suas medidas e os consequentes limites. Até o abuso da virtude deixa de ser virtude…

Muitas vezes entramos em aparentes oposições vocabulares, no redondo das palavras, mas muitos dos que se dizem em contradita apenas evocam a mesma significação ascensional, a rebeldia perturbadora da procura da perfeição…

Compreender é prender coisa com coisa e sair das árvores à procura de uma perspectiva da floresta. Mas como cada um tem a sua circunstância, cada um vê o todo a partir do sítio onde está, para sair do estar e assumir o ser. Há até quem queira olhar o sol de frente…

Ora aí está uma bela forma de promovermos as exportações: mandarmos as nossas esburacadoras para a Geórgia, trazer as estátuas do zé dos bigodes para o pobre extremo ocidental da Ásia e com uma breve plástica, adaptar-lhes uma cabeça amovível, com desenroscáveis susceptíveis de aquisição numa loja dos trezentos…

Sem falarmos nas eventuais origens judaico-portugueses do Zé dos Bigodes, importa salientar que os gregos (antigos) chamavam à pátria do dito “a Ibéria Oriental”. Os georgianos são mesmo nossos primos, o que explica os muitos ex-estalinistas que ocupam a nossa política: de Mário Soares (até 1950) a José Manuel Durão Barroso (até não sei quando…)

Jun 26

Viva o velho Belenenses do senhor Vicente, irmão do Matateu

A sondagem de hoje é mesmo esquizofrénica…Porque ontem foi só a terra de Pessoa e, sobretudo, de Bartolomeu, o que morreu tentando, ao serviço de el-rei Dom João Segundo. Porque criar é preciso, viver não é preciso (Pessoa dixit)…

Passos é como Queiroz: dá sete a zero a Kim Il Sung II, mas empata com a Costa da Caparica. Passa à fase seguinte, mas a malta gostava mais do Scolari e, do Otto Glória e do Bella Gutmann, muito mais ainda…

Aí está a sondagem e o meu comentário: dados provando que “embora haja uma revolta contra o poder, o regresso do PSD à governação ainda não está consolidado”, não havendo “ainda a confiança de que Passos Coelho é uma alternativa” porque “tem feito demasiados ziguezagues”.

O que, meia hora antes, era uma trapalhada (Relvas dixit), passa, num ápice, a ser sentido de Estado, a caminho do regresso à união sagrada, com os unionistas de fora. Grão a grão, se vão mastigando, para usar expressão sabiamente lançada por Mário Soares, um dos principais especialistas no ensalivado processo de conquista e manutenção do poder…

Aliás, Portugal vai jogar contra a Catalunha, com três ou quatro reforços madrilenos, quase tantos quantos são os nossos brasilienses… Que Sant Jordi nos valha contra Santiago matamouros!

Mas o zero à esquerda contra um zero à direita foi mais do que nada. Não foi calar, foi silêncio que dá esperança. E boa. Porque quem cala, isto é, não marca, também não consente em perder, apenas nada diz. Foi “a calma das coisas, a ausência de rumor e perturbação”. O futebol é mesmo bestial!

O primeiro herói brasileiro, invocado pelo Imperador Pedro I foi um tal de António Vieira. Tal como depois adoptaram Pessoa (as primeiras obras completas foram edição da Aguilar…) e Saramago… Nós só adoptámos o Pepe, o Liedson e o Deco… e bem! Em memória dos Magriços, de há 44 anos, quando jogávamos com os moçambicanos Eusébio e Coluna e um tal de Vicente, irmão do Matateu do Alto-Mahé…

Tenho uma dúvida: os brasileiros não são tão descendentes de Dom João Segundo quanto os enjoados que, daqui, nunca saíram, nem em viagens de memória? Como dizia Manuel Bandeira, eles, os que tiveram dois Pedros como imperadores, são mesmo “Portugal à solta”… Portugal é bem mais do que a actual República Portuguesa. É a “respublica universalis” do próprio Portugal que partiu…

E tudo depois de mais um socrático exibicionismo parlamentar, onde, no discurso fechado desse circuito, Sua Eminência continuou com a ilusão de ser mágico, em autoclausura reprodutiva, sempre contra os anacronismos, pelo progresso que nos vai trazer “microchips” em cada dorso cidadânico de um “big brother” que nos unidimensionaliza…

As “scutas” cheiram mesmo a portagens da ponte. Qual será o Vara e qual será o Ferreira do Amaral desta nova encruzilhada? Entre um e outro, venha o Diabo e escolha. Mas entre este e o outro, sempre o pilar da ponte do mesmo tédio, que vai de um para o outro, em rotativismo, onde quem paga não é quem ganha…

Entretanto, não sou seguidor de nenhum candidato presidencial, mas reconheço que Fernando Nobre manifesta seguir grande parte de causas e desígnios que também são meus. Estou atento à diferença que se poderá estabelecer entre aquilo que se proclama e aquilo que se pratica. Mas louvo a determinação e o desassombro…

Jun 23

Os rabos, as scutas e os novos formigas cor-de-rosa às pintas de “golden share”

Ainda estou aturdido com a épica entrevista de Alegre, ontem, à Ana Lourenço. Porque o grande poeta, quando faz discurso de candidato apenas sabe conjugar o verbo num pretérito pretensamente perfeito, sempre na primeira pessoa do singular.

No passado-presente de Alegre não há sinais daquela pilotagem de futuro, porque a barca deriva sempre para o esquerdismo, nesta viagem de regresso que transformou em ilusão de um passeio de consagração. São tormentas demais para quem exige boa esperança e deve continuar a não temer morrer, se procurar tentar…

Outrora, denunciou a política de imagem, sondagem e sacanagem do socretismo, hoje nem repara nos avisos do edil e do bispo do Porto sobre as engenharias financeiras oriundas de João Cravinho, com esse prosaico nome de “scutas”…

Daí que lamente ver a nossa sua eminência de São Bento como um mártir Sebastião, ardendo em fogo lento de comissões de inquérito e de arguições judiciais. Talvez o corte nas subvenções públicas das despesas eleitorais da partidocracia nos disfarcem a decadência…

Por mim, considero que uma democracia de qualidade é cara, mas pode sair bem mais barata a todos. Tal como a regionalização que pode custar bem menos do que este capitaleirismo centralista do ministerialismo e das soluções de pronto-a-vestir dos revolucionários frustrados que vão para o Terreiro do Paço, feita Praça do Comércio…

Seria melhor cortarmos neste regime de consultadorias, assessorias, mordomais e gabinetismos, com muitos eventos e comemorações e outros luxos de estadão, incluindo as casas de pedra, as casas civis e as casas militares da presidência que não parecem ter seguido o próprio gesto da coroa britânica. Tenho saudades do Teófilo Braga que ia para o palácio de eléctrico…

A máquina clássica da administração dita pública viu crescer no vértice do ministerialismo uma sucessão de excrescências paralelas que jogam à conspiração de avós e netos e ao secretariado da propaganda nacional, com direcções-gerais, institutos e empresas de regime…

Em vez da dita geração rasca que pintou o rabo de laranja, temos o partido revolucionário institucional, com muitos garotos de sucesso que até inundam a blogosfera com heterónimo colectivos, os novos formigas cor-de-rosa deste jacobinismo de jotas, à procura de lugar de administradores de “golden share”…

Já não estamos no devorismo dos padrinhos e afilhados das velhas “connections” que marcaram o soarismo e o Estado Laranja, mas numa forma superior de empregomania, adeuada ao choque tecnológico e refinada pela espionite que proclama causas humanitárias…

Jun 19

Discurso faccioso e tribal, proferido ontem, por mim próprio, sem heterónimo,em Viseu

Estive em Viseu, no sábado e no domingo, no Congresso da Causa Real. Confirmei as minhas crenças políticas na metapolítica do poder real e das Cortes, desde menino e moço, como aqui e em todo o lugar tenho proclamado e como aqui e em todo o lado sou conhecido. Ah! No Congresso prestei homenagem a Saramago e fui aplaudido por isso. Aqui vão notas que serviram de base à intervenção…

Claro que, como tradicionalista, sou contra os reaccionários e, como conservador, sou contra os revolucionários e os contra-revolucionários, seus irmãos-inimgos, os que querem uma revolução ao contrário, mesmo que seja o que dizem ser, ou ter sido, uma revolução nacional…

De mal com certa esquerda por ser monárquico e de mal com certa direita por ser liberal, sou, como sempre fui, por amor de el-rei e da pátria, disposto a restaurar a república, para, em cortes, poder reeleger um rei…

De mal com o situacionismo, por ser do contra, também sou contra as oposições que se iludem com a febre das revoluções, porque sou mesmo contra as revoluções que não sejam revoluções evitadas…

Aliás, sou tão tradicionalista que certos membros da ortodoxia ultramontana, a ala dos ditos catolaicos, me diabolizam como herético, panteísta e relativista.

Confesso ser um homem religioso (Régio dixit) e que não faço parte dos ateus estúpidos e das cliques libertinas (ainda sigo Anderson). Isto é, continuo tão tradicionalista que reinvindica uma tradição mais antiga do que a do ano um…a que não tem o privilégio de uma religião revelada pelos povos ditos do Livro.

Liberal à antiga, assumo o vintismo e o cartismo, desembarcaria no Mindelo, defenderia o setembrismo e entraria na patuleia como histórico, embora prefira o Pacto da Granja com os reformistas…

Continuo disposto a militar no partido do Passos, de Sá da Bandeira, de José Estêvão, de Anselmo e Luís Magalhães. Por outras palavras, mantenho orgulhosamente a fidelidade azul e branca, dos liberdadeiros e da liberdade que, sem ser por acaso, também foi a bandeira da Europa e do projecto de Quinto Império do Padre Vieira…

Menino e moço, me assumi como tal, seguindo o exemplo cívico de um Henrique Barrilaro Ruas, de um Rolão Preto, de um João Camossa, que me ensinaram a detestar o despotismo ministerialista da salazarquia. E com tais exemplos, continuámos contra outros despotismos, mesmo os iluminados pela desculpa da ideologia, sempre em nome de pretensos amanhãs que cantam.

Aliás, salazarquia sempre foi aquilo que um dia disse Almada: “foi substituído Portugal pelo nacionalismo que apenas foi uma maneira de acabar com os partidos…”

E com tipos como o Luís Almeida Braga fui bebendo aquela profunda tradição regeneradora que nos deu o consensualismo anti-absolutista, coisa que em inglês se diz pluralismo e guildismo e que é o cimento fundamental das revoluções evitadas daquela revolução atlântica que nos deu o presente demoliberalismo…

E comungando no estoicismo de Herculano, era capaz de voltar a subscrever o Manifesto de Dezembro de 1820, da autoria de D. Francisco, o futuro Cardeal Saraiva, seguidor de Cádiz e Martínez Marina, dessa bela aliança peninsular contra o usurpador, como praticámos na Restauração de 1808…

Procuro retomar as teses expressas no Código de Direito Público de António Ribeiro dos Santos, seguido por Palmela, por Silvestre Pinheiro Ferreira e pelas tentativas constitucionais históricas e cartistas do governo de D. João VI…

Assumo a herança de Francisco Velasco Gouveia e de João Pinto Ribeiro e detesto as tentativas absolutistas de Pascoal e de Penalva. Prefiro as chamadas Alegações de Direito de 1579, em favor Dona Catarina e, naturalmente, prefiro a síntese das Actas das Cortes de Lamego, positivadas pelas Cortes de 1641

Porque na base está a Constituição política das Cortes de Coimbra de 1385, expressas por João das Regras e desenvolvidas pelas teorias da Casa de Aviz, principalmente na Virtuosa Benfeitoria do Infante Dom Pedro, duque de Coimbra

Claro que me entusiasmam os exemplos cívicos de Sá da Bandeira contra os devoristas e os esclavagistas, ou Herculano, pela regeneração e pela descentralização, contra os cabrais. E iria para a Patuleia não deixando morrer em vão Luís da Silva Mousinho de Albuquerque…

Tal como resistiria por D. Manuel II, como Paiva Couceiro, o mesmo que foi um dos primeiros desterrados por Salazar, por denunciar a estúpida política do Acto Colonial, no que se irmanou com Norton de Matos…

Até estaria com Rolão Preto, Almeida Braga e Vieira de Almeida ao lado de Delgado, como estive com Barrilaro, Gonçalo, Camossa e Rolão Preto, em defesa da democracia de Abril…

Mas não esqueceria a armilar mesmo depois da descolonização, como tem feito o duque de Bragança, até por Timor, na senda das perspectivas de um Luís Filipe Reis Tomás…

A fé na bandeira azul e branca, sem recusa da que é hoje o símbolo nacional e daquela armilar que esteve na base simbólica do Reino Unido de 1816, nessa herança de D. João II, da esfera, da espera, da esperança, para que o abraço armilar possa semear futuro…

Daí não poder ser anti-republicano, porque sou, além de republicano, monárquico, querendo como o título de um livro dos finais do século XV, de Diogo Lopes Rebeleo: “De Republica Gubernanda per Regem”…

Importa restaurar a república para que se refaça a comunidade política, esse concelho em ponto grande, como disse o Infante Dom Pedro, onde o príncipe deve aliar-se à comunidade da sua terra, para que a política possa regenerar-se em coisa pública, com bem comum e saudades de futuro…

O caminho da restauração da república pode reforçar-se com a eleição do rei por consenso nacional, nomeadamente como bandeira contra a desertificação do país das realidades contra o país nominal (Herculano dixit), até para podermos voltar ao mar-oceano com os pés na terra, contra o centralismo capitaleiro de Pombal, Fontes, Afonso Costa, Salazar, Soares e Cavaco Silva…

Jun 18

O país mais à esquerda da Europa vai continuando a discutir o sexo dos anjos…

Ainda ontem reparava que éramos o país-língua do universo que mais feriados tem dado que como tal são qualificados formalmente todos os nossos dias de trabalho, começando na “secunda feria” (segunda-feira) e a terminar na “sexta” (“feria” é a designação canónica de “festa” litúrgica, donde veio “feriado”. isto é, festividade… Só que já não vamos à missinha todos os dias…

Foi o papa Silvestre (314-335) que decretou o fim das designações pagãs dos dias da semana, coisa que nem em Castela se seguiu. Só cá, nesta praia ocidental, feita ilha de pedra, se cumpriu a boa intenção, não por razões religiosas, mas porque desde o século III, a crise do Império, precursora do feudalismo, tinha acabado com a integração europeia das trocas comerciais…

Compreende-se que seja a ala catolaica do PS que enfrente agora este grave problema canónico dos “feriados” e dos dias de “ferias”, ditos “feiras”, que são festa. Psicanaliticamente, é a outra face da moeda do casamento dos homossexuais e, em qualquer caso, mais uma discussão bizantinha, tipo sexo dos anjos….

Como sexo dos anjos é a proposta do PSD sobre o contrato de trabalho, por três anitos apenas, enquanto durar a crise, como esses provisórios que passam a definitivos e esses definitivos provisórios, para usar marcas de tabaquinho mata-ratos que existiam no tempo do fascismo…

Aliás, tal como no designação dos dias da semana, onde provamos que sempre fomos o orgulhosamente sós, é evidente que somos a esperança da Europa, onde hipocritamente somos os mais à esquerda, como 20% de comunistas e esquerdas revolucionárias e com uma alternativa dita de direita que ainda se diz social-democrata…

Tal como nas traduções em calão do quinto império, o nosso esoterismo de trazer por casa, antes de resolver o problema do endividamento parece que quer salvar primeiro a crise do capitalismo global, reformando o dito antes de responder às ameaças dos credores e dos cobradores do fraque…

A classe partidocrática, em vez de ser D. Quixote quebrando a lança diante dos moinhos de fantasmas de direita e preconceitos de esquerda, deveria assumir a postura de Sancho Pança e aventurar-se com pragmatismo, para não ter que meter as ideologias na gaveta diante da governança ou de uma cimeira europeia…

Basta comparar-nos com a prática do liberalismo de Obama, nesse capitalismo democrático com regras e respeito pelo social. Aqui, Obama estaria à direita do próprio CDS, mas, pelo menos, já tinha punido coisas como as do BPN e do BPP e até seria capaz de enfrentar multinacionais.

Aqui, onde até ninguém fica surpreendido quando se prova que as centrais sindicais recebem à percentagem com indemnizações pagas a trabalhadores, ainda andamos a discutir sexo dos anjos no caso da Casa Pia e quem brinca às escutas nem sequer pede que se reintegre o processo dos submarinos a deputados que certamente têm…