Assisti ontem, em directo, ao jogo parlamentar da interpelação do BE sobre a vuzuzelas, vuvuzelas ou VUDUdelas, como se fosse nestes jogos de retórica sobre a economia do abismo que assentassem aquelas realidades que vão ser discutidas na cimeira do eixo franco-alemão a que chamam Europa…
A faceta lacónica desta governança não passa de um bocejo dilatório, para gáudio deste regime de assessores, adjuntos e técnicos de espionagem e contra-informação que se esparralham em blogues, pensando que a respectiva federação pode reconstituir a quinta divisão, o SNI ou a secção de agitprop de uma das correias de transmissão da Guerra Fria…
O regime da tríade “imagem, sondagem, sacanagem”, como foi qualificado por Alegre, quando estava em desamores com o chefe, lê mal uma observação de Kant, o tal monárquico criador do conceito de ética republicana, para o qual “não há factos, há apenas interpretação de factos”…
Porque, antes da interpretação têm que existir “sujeitos” e não peças da máquina da nacional-propaganda…
Logo, o ministro que qualifico como professor pardal e o sistema universitário de avaliólologos, educacionólogos e outros ornitólogos estão mudos e quedos perante o resultado da presente prova de acesso à Ordem dos Advogados: noventa por cento de chumbos. Marinho Pinto tem razão, menos quando excomunga Bolonha…
Porque Bolonha não devia coincidir com a tradução em calão que o sistema dos nossos professores manitu do negócio universitário fizeram, em nome do poder pelo poder, instrumentalizando o natural desejo de muitos portugueses no sentido do “senhor doutor”, julgando erradamente que tal qualificação significa a ascensão a uma casta da velha fidalguia. Alguns até pensaram que as faculdades de direito seriam uma espécie de alto-seminário do regime, ou um centro de recrutamento da classe política, não reparando como a chamada Universidade Independente se tinha infiltrado nos mecanismos com mais eficácia, entendendo o essencial da “network structure” e da consequente pós-graduação em “relações”…
PS: Cena de inauguração oficial de uma obra pública. Já era Estado Novo, mas a coisa tinha sido paga por outros desde o penúltimo regime daquele que se enfeitava com o Marquês. Era o ano de 1934 e não havia blogues, mas já estavam no primeiro plano os escribas de serviço.