Os controleiros do sistema estão felizes no controlo do “agenda setting”. Fernando Nobre bem pode apresentar o seu mandatário, João Ermida, na quarta-feira, mas nem uma nota pé-de-página nas duas primeiras televisões nacionais, nos dois principais semanários e nos dois principais quotidianos. A dita Liga Profissional da Partidocracia quer mesmo encavacar-nos com alegria…
Monthly Archives: Julho 2010
Nada de novo debaixo do sobe e desce
Nada de novo debaixo do sobe e desce. Haverá quem diga que foi tudo por causa do Paulo Teixeira Pinto. Ou pela rasteira do liberalismo. Quase apetece repetir o grande jornalista republicano, João Chagas: caso não haja povo (republicano), é preciso construí-lo! Mas nada de levar a coisa à letra, mesmo que falte um rei para matar. E boas férias…
O processo está fechado. O processo pode ser reaberto. Nem o roque finge que é rei. Até quando continuarão a procuradurar abusar em geral da nossa republicana paciência?
o que é bom para o espírito santo, é bom para Portugal.
Os indivíduos, se fossem bem educados por uma pedagogia de resistência, e não do colectivismo das seitas, deveriam copiar os grandes bancoburocratas e constituir grupos de interesse e de pressão, especialmente quando os partidos começam a não cumprir a respectiva missão, interpretando os interesses estratégicos do país, conforme os relatórios de forças alienígenas…
Só de vez em quando é que podemos proclamar: o que é bom para o espírito santo, é bom para Portugal. Desconfio de todos os que teorizam música celestial e literatura de justificação em nome da empregomania, própria ou dos familiares, ou do cumprimento da troca de favores cientelares e de velhas cunhas…
O nosso querido cérebro social, de tantos estrategistas e espiões emitindo traduções em calão, começa a nem sequer pensar, de tanta gordura sem músculo e de tanto apetite sem nervo. Até os ossos que lhe davam esqueleto começam a estalar, de tanta descalcificação. Isto não vai apenas com “jogging”…
Esquizofrenia: passar do oito ao oitenta e do oitenta ao oito. Ai dos povos que passam a ser unânimes numa opinião ou num hábito. Podem volver-se em rebanho dos fazedores do “agenda setting”. Tanto os que vêm da Presidência do Conselho. Como os das agências de comunicação das forças vivas. Não são sociedades secretas ou discretas. São meras empresas da geofinança que defendem os respectivos interesses.
Lula diz que não. Claro que não. Foi tudo autonomia da sociedade civil. No planalto dos fundos de pensões. O nosso zé é que gosta de ser mais desajeitado e até diz que utilizou a “golden share” para fins bem diversos daqueles para os quais a lei criou a mesma instituição. Seguiu a letra da lei, mas sem cumprir a “mens legis”. Porque, segundo o maquiavelismo dominante, os fins justificam os meios…
Manda quem manda porque manda, nem
Importa que mal mande ou mande bem.
Todos são grandes quando a hora é sua.
Por baixo cada um é o mesmo alguém.
Fernando Pessoa, 1935
Alerta vermelho! O capital continua a não ter pátria
A montanha da mobilização patriotorreca sobre a invasão espanhola do reino de Zeinal Bava está a dar à luz um adequado negócio capitalista. Sócrates põe (discurso), mas Lula dispõe, enquanto Zapatero prefere outras bandas largas. O conselho de Berardo sobre nacionalizarmos tudo, nem sequer tiveram como consequência a inscrição do madeirense no clube dos jerónimos…
Quem dispôs de adequada “inside information”, como o Nicolau Santos do “Expresso”, tanto acertou como influenciou. Mesmo o capitalismo de Estado, e dos super-estados, tem, às vezes, que aturar a opinião publicada, incluindo a que acaba por não marcar a opinião pública. Ainda não está em vigor, em todos os sectores, a regra de processar o opositor e o dissidente por falta de respeito às autoridades estabelecidas…
Sobre o caso “Freeport”, apenas digo o que disse em directo ao Mário Crespo, no dia em que o mesmo explodiu: ataquem o Sócrates politicamente, não façam cobardes pegas de cernelha…
Gostava por isso de saber qual o capítulo da ideologia socialista que justifica a gorda “share” que apenas serviu para o habitual negocismo do capitalismo global e da geofinança…Certamente, vão dizer que é para se defender a lusofonia, de maneira as gentes da Guiné Equatorial possam “papiar cristão” em menos de um ano, com a emissão da ARTV…
Claro que não comento a pedagogia do exemplo ontem missionada por um acumulador de prebendas e reformas, públicas e privadas, nesta sociedade de cultura de casino, onde ter poder é carro do Estado, motorista do Estado, secretária-funcionária do Estado e inúmeros gabinetes do Estado com secretárias a imitar as dos gabinetes ministeriais do salazarismo…
Afinal, no caso vivo/pt, ganharam todos. Talvez seja verdade. Quem se submete para sobreviver, talvez possa continuar a lutar para continuar a viver. Isto é, há que jogar dentro das regras do jogo e utilizar alguns trunfos…
Há quem saiba que eu, sabendo quase tudo do essencial, desde os primeiros momentos do esboço do negócio, cumpri a palavra, e não fui traidor face a um fim que o bem comum impunha. Os tais interesses nacionais implicam cooperação de não-inconfidência. Agradeço a confiança a que tentei ser fiel…Em política externa, todos podemos e devemos ser mobilizados…
Alerta vermelho! O capital continua a não ter pátria, sobretudo quando tudo tem um preço…
A montanha da mobilização patriotorreca sobre a invasão espanhola do reino de Zeinal Bava acabou por dar à luz um adequado negócio capitalista. Sócrates põe (discurso), mas Lula dispõe, enquanto Zapatero prefere outras bandas largas. O conselho de Berardo sobre nacionalizarmos tudo, nem sequer teve como consequência a inscrição do madeirense no clube dos jerónimos…
Quem dispôs de adequada “inside information”, como o Nicolau Santos do “Expresso”, tanto acertou como influenciou. Mesmo o capitalismo de Estado, e dos super-estados, tem, às vezes, que aturar a opinião publicada, incluindo a que acaba por não marcar a opinião pública do “share”. Ainda não está em vigor, em todos os sectores, a regra de processar o opositor e o dissidente, por falta de respeito às autoridades estabelecidas…
Gostava por isso de saber qual o capítulo da ideologia socialista que justifica a gorda “share” que apenas serviu de “chair” para o habitual negocismo do capitalismo global e da geofinança… Certamente, vão dizer que é para se defender a lusofonia, de maneira as gentes da Guiné Equatorial possam “papiar cristão” em menos de um ano, com a emissão da AR-TV…
Até o senhor ministro Mendonça já sentenciou sobre o que devemos entender por “interesses vitais do país”. Prognósticos, só depois do apito final… Não me arrependo do aqui proclamei nos dias quentes do anticastelhanismo primário que a muitos enredou, sobretudo a certa direita sempre fora do tempo. Vão gozar com a tia deles, que eu gosto muito destas telenovelas lusotropicais!…
Claro que não comento a pedagogia do exemplo ontem missionada por um acumulador de prebendas e reformas, públicas e privadas, nesta sociedade de cultura de casino, onde ter poder é carro do Estado, motorista do Estado, secretária-funcionária do Estado e inúmeros gabinetes do Estado com secretárias a imitar as dos gabinetes ministeriais do salazarismo… E, sobre o caso “Freeport”, apenas repito o que disse em directo ao Mário Crespo, no dia em que o mesmo explodiu: ataquem o Sócrates politicamente, não façam cobardes pegas de cernelha…
Roque Santeiro, hoje, já dá nome ao maior mercado do mundo, paradoxalmente gerado pelos restos decadentes de certo afro-estalinismo!
Mais um dia de alerta laranja…
Mais um dia de alerta laranja…mas não para Sócrates nem Passos Coelho: estão a digerir a entrevista de Paulo Portas a Mário Crespo e o mais do mesmo, emitido pelo decano dos líderes partidários em exercício…
Sócrates, Passos e Portas, somados, esse máximo de aritmética parlamentar, sobem que esta já não corresponde à geometria social, a que vai de D. Carlos de Azevedo a Carvalho da Silva e tem como banco aquele que não foi sujeito ao teste de “stress” da Europa: o Banco Alimentar contra a Fome…
Apesar das previsões de quentura, talvez não haja Verão quente. Alegre, satisfeito com as sondagens e os tabuzinhos, até aproveitará para alguns dias de pesca, antes do regresso da caça aos gambozinos…
O desabamento do situacionismo não será estivalmente provocado por movimentações de forças políticas internas. Está tudo adiado para o orçamento das presidenciais. O imprevisto indisciplinador vai inevitavelmente acontecer, só não sabemos é quando…
Quando anoto a sucessão de adesivos e viracasacas neste situacionismo crepuscular, em nome da possibilidade de distribuição de recursos e prebendas a partir das várias instâncias centralistas das honrarias e dos subsídios do capitaleirismo da sociedade de corte do bom e velho estado, apenas sorrio…
Hoje, tal como depois de 1910 e de 1926, nos começos tal como nos crepúsculos, há sempre um Afonso Costa que vai captando caciques e marechais regeneradores, tal como há viracasacas anedóticos, porque este sistema já entrou em decadência…
Há muitos que, aqui e agora, não servem, apenas procuram servir-se. Porque, por cá, continua a haver muitos pé e poucas botas (expressão de Afonso Costa). Pior do que isso: continua muita gente tão descalça que nem sequer se importa em usar sapatos de defunto…
Basta darmos umas voltinhas pelos corredores e elevadores do poder para confirmarmos o ensalivamento crescente dos esfaimados, desses que continuam a rebolar-se como carpideiras pelas alcatifas infestadas de ácaros dos pretensos donos do poder…
Mais um dia de alerta laranja…
Mais um dia de alerta laranja…mas não para Sócrates nem Passos Coelho: estão a digerir a entrevista de Paulo Portas a Mário Crespo e o mais do mesmo, emitido pelo decano dos líderes partidários em exercício…
Sócrates, Passos e Portas, somados, esse máximo de aritmética parlamentar, sobem que esta já não corresponde à geometria social, a que vai de D. Carlos de Azevedo a Carvalho da Silva e tem como banco aquele que não foi sujeito ao teste de “stress” da Europa: o Banco Alimentar contra a Fome…
Apesar das previsões de quentura, talvez não haja Verão quente. Alegre, satisfeito com as sondagens e os tabuzinhos, até aproveitará para alguns dias de pesca, antes do regresso da caça aos gambozinos…
O desabamento do situacionismo não será estivalmente provocado por movimentações de forças políticas internas. Está tudo adiado para o orçamento das presidenciais. O imprevisto indisciplinador vai inevitavelmente acontecer, só não sabemos é quando…
Quando anoto a sucessão de adesivos e viracasacas neste situacionismo crepuscular, em nome da possibilidade de distribuição de recursos e prebendas a partir das várias instâncias centralistas das honrarias e dos subsídios do capitaleirismo da sociedade de corte do bom e velho estado, apenas sorrio…
Hoje, tal como depois de 1910 e de 1926, nos começos tal como nos crepúsculos, há sempre um Afonso Costa que vai captando caciques e marechais regeneradores, tal como há viracasacas anedóticos, porque este sistema já entrou em decadência…
Há muitos que, aqui e agora, não servem, apenas procuram servir-se. Porque, por cá, continua a haver muitos pé e poucas botas (expressão de Afonso Costa). Pior do que isso: continua muita gente tão descalça que nem sequer se importa em usar sapatos de defunto…
Basta darmos umas voltinhas pelos corredores e elevadores do poder para confirmarmos o ensalivamento crescente dos esfaimados, desses que continuam a rebolar-se como carpideiras pelas alcatifas infestadas de ácaros dos pretensos donos do poder…
Os falsos cartesianos são criaturas da entropia e nada têm a ver com o René Descartes
Hoje não vou trabalhar nada. Marcaram-me muitas reuniões de trabalho na universidade. O processo de liquidação burocrático da mesma continua. Em nome da generalidade e da abstracção que apenas vê cascas de árvore fungíveis em serradura, sem compreender o todo da floresta e do mundo. Eu faço parte dos indivividualistas a ser normalizado pelos reformadores do rolo compressor…
Os falsos cartesianos são criaturas da entropia e nada têm a ver com o René Descartes. Não passam de reaccionários das viradeiras, importados do pombalismo que traíram, como o Seabra da Silva. Nunca estudaram pedagogias à Dewey nem experiências britânicas de educação para a autonomia das pessoas. E pensam que o método dos jesuítas sem além tanto serve para o PREC como para as gaguicces…
O teorema do educacionês lusitano continua a obedecer à regra do enchouriçamento, onde até um islâmico como carne de porco desfeita em grelhas avaliativas onde o capataz que dá teoria da gestão democrática das escolas foi recrutado entre os salazarentos da resistência pela traição das eras de decadência…
Portas já denuncia o liberalismo
Isto vai clarificando: Portas já denuncia o liberalismo…deve ter ouvido o mestre. Mas D. Carlos foi mais além e apelou à compreensão da Maria da Fonte. Volta, Sá da Bandeira! E não fiques encravado pela Convenção de Gramido! Os Cabrais prós pardais!
Os conservadores do que está reagem…
Glosando Aron: a política de espírito numa sociedade industrial cabe aos homens de religião e aos homens de ciência, daí que os condutores de massa tenham ficado invejosos, procurando manipular as religiões seculares (por exemplo, o patriotismo) e a ideia de progresso científico (por exemplo, com Gago, “magalhães” e energias eólicas). Às vezes sai um sócrates…
A mais policárpica das nossas ministerialidades, depois de sentenciar sobre o líder da oposição, veio hoje a púlpito discutir rigores de hermenêutica evangélica com o bispo auxiliar da capital, só porque este desancou no situacionismo. Até as Sagradas Escrituras já se selvapereirizam, depois da episcopal figura dizer que é pecado não haver cidadania interventiva…
Quem conhece os meandros da sacristia está inteirado da campanha de sucessão para o lugar de patriarca, onde o auxiliar do dito está em candidatura com outro pessoa. Silva Pereira, ao tentar desmascarar o segredo, pode levar a eventuais protestos das associações que defendem a Lei da Separação. A Deus o que é de Deus e a César o que é de César, desde que a este cesário não pertença tudo…
A mistura do trono e do altar, quando quem está no trono do microfone julga que os do altar não podem usar de sua chinela em assuntos de trono, demonstra como “minis”tro, mesmo que tenha ido a Roma como baladeiro, não tem propriamente o “magis”tério do ordenado. Só o da defesa é que tem licença de caça aos oposicionistas… mas também não deixa de ser “minis” face ao “magis”
Os bonzos do costume acordaram todos, ao toque do rancho, demonstrando como têm satélites de endireitas e canhotos. Eles dizem que também querem mudar, mas desde que se lhes reconheça o monopólio da mudança, segundo o velho ritmo da música celestial. Não vou dizer os nomes destes bem-pensantes oficiosos, incluindo os bobos da Corte, os da direita que convém à esquerda!
Vitorino cita Santana Lopes e Paulo Portas. Fernando Rosas invoca Moreira e Miranda. Alegre fez a épica. Os conservadores do que está reagem…
Já vem de longe…
No tempo do salazarismo um dos recentes teóricos da decadência deste regime, depois de ser ministro no dito, recordava que, numa conferência da UNESCO de 1950, apenas cinquenta Estados se disseram democracias…
No mesmo tempo, o ilustre defensor da actual constituição, assumia um conveniente distanciamento neo-realista diante de tal religião secular, desenhada como uma fragmentação, até porque existiriam trezentas definições da coisa: “uma das palavras mais equívocas da literatura moderna, estando a sua força talvez relacionada com a sua imprevisão”…
Já vem de longe… O principal comentador da Constituição de 1911 era um ministro do regime derrubado em 5 de Outubro de 1910. Marnoco e Sousa, de quem Salazar foi assistente, teve, pelo menos, a honra de não ceder aos convites para prebendas, que lhe foram lançados pelo seu amigo Afonso Costa. Aliás, os três estavam marcados pelo mesmo subsolo filosófico, mais ou menos positivista.
Ninguém duvide também que o principal criador intelectual e moral do actual texto constitucional foi o pai-fundador da Escola de Direito Público de Lisboa que, por ironia do destino, se tornou no Presidente do Conselho derrubado em 25 de Abril de 1974. E muito do que é bom não é original, tal como muito do original não é bom nessa transfiguração, como ele disse de uma tese de um colega, também ministro de Salazar…
A partir do lado de baixo do Equador, onde o nosso Verão é Inverno, o nosso presidente vem dizer que entrará em reflexão estival com a família, visando o tabuzinho da recandidatura, essa coisa que antes de o ser já o era… É tudo um problema de articulações flexivas, quando, depois de se escalarem coqueiros, resta uma viagem de tartaruga em qualquer praia tropical…
Com as bochechas em cima da carcaça, mas sempre em sorriso sereno, pai Mário sempre foi fixe
No tempo em que o betão falava, crescer era subir pelo tronco inclinado acima… agora a inclinação é descendente
Os chamados pais da constituição semântica continuam a não responder satisfatoriamente aos testes de “stress” que as circunstâncias de revolta vão gerando. Mandam-nos comer palha ideológica e verbosidades de círculo vicioso, as mesmas com que justificaram até os anteriores regimes onde já mandavam com os mesmos métodos feudais e palacianos que os fizeram pluri-aposentados, acumuladores e comendadores…
Adam Smith apenas uma vez, e numa nota pé-de-página, falou em “mão invisível”, a propósito do comércio internacional. Mas a criatura libertou-se do criador e ficou na mão dos propagandistas que, invocando a teologia em vão, transformaram em demónio. Prefiro a idade dos deuses e o falar fantástico de substâncias animadas, como a concretização de um conceito vagos, como a Estátua da Liberdade…
Não é por acaso que os herdeiros da foice e do martelo elogiam os cardeais laicos que, temendo a liberdade e citando hereticamente profecias papais, lançam o fantasma da desregulação. Preferem que o poder seja solto, ab-soluto, como a diarreia que emitem na respectiva literatura de justificação, e que os fiéis glosam em hossanas, à procura de falsas honrarias…
Releio um mestre teórico liberal: “não há liberdade onde há fome…A teoria da liberdade exige grandes esforços de ajuda aos pobres. Não simplesmente por segurança, por religião, mas por liberdade” (Lord Acton). Acrescento: para combater a fome, a via da liberdade, incluindo a económica e do mercado é a que melhor combate a pobreza e a fome. Não quer acabar com os ricos. Quer acabar com os pobres.
Acton era liberal, britânico e católico. Mas pouco ultramontano. Tal como o nosso D. António Alves Martins, assumiu-se contra a infalibilidade vaticana, quando a religião quis ir além do sal na comida e formalizou o dogma. Qualquer dia pode voltar a ser pecado ser liberal. Porque não sou dessa pertença, tanto não é pecado como até escapo à heresia e à apostasia.
Desconstruções verbosas para regresso à demonologia, em dia de rei bode
ACUMULADORES DE PREBENDAS Eu até conheço alguns encenados oposicionistas que, depois de insinuarem retórica anti-socrática, por oportunismo, logo regressam ao tacho, atrás de um sócrates do partido oposicionista, a nível sub-estatal, mantendo longas negociações de troca de favores com os alternantes, para que vire o disco e toque o mesmo. Quem, por exemplo, conhece o negócio universitário, sabe do que estou a falar!
ALDRABÕES Alguns aderentes de última hora ao passocoelhismo, até já se ensalivavam para um lugar ministerial, julgando que Cavaco vai numa de forças do bloqueio central. Até acredito que alguns já começaram a bailar em torno de Alegre, para não se colocarem todos os ovos do tacho no mesmo cesto! E há por aí uns gerontes de salão, sempre dominantes em momentos de decadência, que vão engordando em retórica com a aldrabice!
BONZOS E REUMÁTICOS A frente nacional dos bonzos e dos reumáticos saídos da toca, acompanhada pelos endireitas e pelos canhotos, é, de facto, um elogio à provocação de Passos Coelho que, com a casca de banana que lançou, pelo menos, permitiu que se revelassem os apoiantes do estado a que chegámos! Até o CDS vê renovada a esperança no queijo limiano…
CADÁVERES ADIADOS Se por aí houvesse um Eça ou um Ramalho que fossem lidos e sentidos comunitariamente, certas anedotas semoventes seriam retratadas e até mesmo gente sem vergonha teria de fugir do palco onde nos continuam a tiranizar e a roubar!
CONSTITUIÇÃO I Os clássicos três pactos do contratualismo democrático continuam a existir, mas o pacto de constituição está dependente do pacto de associação (“pactum unionis”) e apenas serve para dar regras mais estáveis ao “pacto de sujeição” ou de governo, aquele que é periodicamente revisto pelas eleições gerais…
CONSTITUIÇÃO II Um bom pacto de constituição é aquele que se vai elevando à categoria de pacto de associação. Um péssimo pacto de constituição é aquele que se confunde com um programa de governo ou com o contrato de rotativismo entre os partidos dominantes e que, justamente, podem ser qualificados com a cristianíssima terminologia de “fariseus”, porque não são seitas, mas conservadores do que está…
CONSTITUIÇÃO III Os que se consideram carismaticamente eleitos para membros de uma comissão de revisão constitucional têm de compreender que as ditas revisões e propostas constitucionais são mais o resultado de um conúbio de diplomacia de salão entre os principais mandadores do PS e do PSD, em negócio de “jobs for the boys” e de “poder pelo poder”…
CONSTITUINTES O problema destas constituições sempre em revisionismo tanto está nos constituintes como nos constitucionalistas, dado que ambos usaram e abusaram do privilégio de se julgarem acima dos legisladores e dos cidadãos ordinários, supondo que podem parir opiniões para os amanhãs que cantam pelos séculos dos séculos…
DECADÊNCIA Eu também já fui várias vezes convidado para conviva, sempre com grandes elogios às minhas qualidades e competências. Quando lhes disse não, passei para o desprezo e a marginalidade. Quando resisti fui vítima das unhas aduncas e malcheirosas que já se reproduzem de regime para regime e mostram o desdentado em épocas de decadência, como esta!
GOVERNADORES CIVIS Acho que a melhor fotografia dos reaccionários dominantes que nos desgovernam está na circunstância de agora elevarem a proposta a efectiva extinção dos governadores civis… Julgo que eles já estavam extintos no texto original de 1976. Mas como Sócrates, Cavaco e Soares eram herdeiros de Rodrigo da Fonseca e Costa Cabral, o bicho lá tem continuado por causa da chamada “mesa do orçamento”!
LETRAS QUE MATAM o ESPÍRITO A melhor constituição do mundo era a do profeta da da Traslândia, na peça de José Régio, “A Salvação do Mundo”. Um belo livro, com as páginas todas em branco, para que cada um de nós e cada geração pudesse dar um pouco da sua criatividade aos outros…
MESA DO ORÇAMENTO A mesa do orçamento é aquela onde os opositores passam a alegres convivas quando se delambem com o dinheiro do povo, mantendo esta empregomania vigente e continuada, sob tutela da partidocracia. Outro nome para a coisa é a de corrupção feita de cima para baixo, onde o Estado emerge como a principal forma de subversão aparelhística da ideia clássica de república!
PAÇAL Eu paço, tu passas, ele passeia, nos passamos, vós paçais, eles nos passam… O problema não está apenas no tal “homem que passou”, mas também nas “passas do Algarve” que continuamos a ter que “passar”, despassadamente…
PORTUGAL À SOLTA O problema de Portugal está na circunstância de continuarem as proibições quanto aos portugueses concretos, de carne, sangue e sonhos. Quando é que instauramos um efectivo “Portugal à solta”, capaz de abrir as portas e as janelas, mesmo que apanhássemos constipações…
PRACE II “Dois terços dos serviços violam lei dos prémios de desempenho”. Bem demora que se conclua pela evidência! E se meterem o critério do nepotismo, do compadrio e do favoritismo, todos verão como as grelhas são verbos de encher pela interpretação do hierarquismo dos mandarins em abuso…
PRACE I Quando os génios da reforma administrativa conceberam o sistema de classificação dos funcionários, nos primeiros dias da década de oitenta, onde chefe e serviços não avaliáveis reforçavam o arbitrário do manda quem pode, obedece quem deve, um certo primeiro-ministro decidiu imediatamente suspender o diploma. Era um tal de Francisco de Sá Carneiro…
RESERVATÓRIO A constituição dos remendos a que chegámos é, de facto, um reservatório…
REVISÃO CONSTITUCIONAL I Eu também acho que o Marcello Caetano não pode ter a ousadia de fazer uma revisão da Constituição de 1933, operando uma radical alteração do conceito estratégico nacional. Perdão, não é Marcello, é um escritor britânico, esse tal Adam Smith, por caso um dos fundadores do liberalismo ético, com o Adam Ferguson… Não! Não é esse é que quer ser presidente do conselho de ministros e está feito com o mercado!
REVISÃO CONSTITUCIONAL II “As disposições constitucionais que se referiam a tal missão nacional desapareceram sem explicação nem discussão, e sem que se anunciasse uma nova motivação….Então, eu tenho um sujeito a combater na linha de combate mais longa do mundo, dou-lhe um conceito estratégico, digo-lhe que até vem na Constituição e, de repente, revogo-lhe aquilo e não digo e, dali a nada, eles estão a combater a favor de quê?”
SOCRATINHOS E CAVAQUINHOS EM BLOCO Pior do que isso, com tanta personalização do poder, tanto em cima como em baixo, na multiplicidade infinita de micro-autoritarismos sub-estatais, entre socratinhos, cavaquinhos, cesarinhos e jardinzinhos, continuamos totalmente dependentes de várias constipações maltratadas…
TORQUEMADAS DE TRAZER POR CASA Custa-me ver certos “founding fathers” não repararem como os “eus” dependem das “circunstâncias”, transformando-se nos ortodoxos torquemadas de certo pensamento único que a todos nos vão examinando e chumbando, sem que nos deixem avaliar os avaliadores e as regras de que eles são mera consequência. Porque a letra mata o espírito…
VENDILHÕES DO PODER Se eu fosse socialista, repudiaria estes espartilhos que, dia a dia, nos prendem, invocando, em vão, o belo sonho dos amanhãs que cantam e do seu reservatório de esperança. Os burocratas, de tecnocracias mal traduzidas, e os mangas de alpaca que se fotografam diante de computadores não passam de binários do decretino e do verbeteiro, mas que, na realidade, são vendilhões de poder que usurparam o templo da república!
VOZ DO RATO Silva Pereira, feito voz do Rato, chama radical e irresponsável ao PSD, porque é liberal e pelo horroroso “Estado Mínimo”. O fundo papista do ministro da presidência volta a ver fantasmas. Se o PSD fosse liberal à europeia estava como estão os liberais europeus, a terceira força política da UE: à direita do PS, mas à esquerda do PPE, de que faz parte o PSD…Quando um Silva Pereira é o porta-voz da tradição de Proudhon e Antero… resta um sorriso e um convite a Afonso Costa, para sair do túmulo e ir a Roma converter-se diante de um Papa do século XVIII…
A frente nacional dos bonzos e dos reumáticos saídos da toca
O problema destas constituições sempre em revisionismo tanto está nos constituintes como nos constitucionalistas, dado que ambos usaram e abusaram do privilégio de estarem acima dos cidadãos ordinários, julgando que podem parir opiniões para os amanhãs que cantam pelos séculos dos séculos…
Os que se consideram carismaticamente eleitos para membros de uma comissão de revisão constitucional têm de compreender que as ditas revisões constitucionais são mais o resultado de um conúbio de diplomacia de salão entre os principais mandadores do PS e do PSD, em negócio de “jobs for the boys” e de “poder pelo poder”…
Os clássicos três pactos do contratualismo democrático continuam a existir, mas o pacto de constituição está dependente do pacto de associação (“pactum unionis”) e apenas serve para dar regras mais estáveis ao “pacto de sujeição” ou de governo, aquele que é periodicamente revisto pelas eleições gerais…
Um bom pacto de constituição é aquele que se vai elevando à categoria de pacto de associação. Um péssimo pacto de constituição é aquele que se confunde com um programa de governo ou com o contrato de rotativismo entre os partidos dominantes e que, justamente, podem ser qualificados com a cristianíssima terminologia de “fariseus”, porque não são seitas, mas conservadores do que está…
Custa-me ver certos “founding fathers” não repararem como os “eus” dependem das “circunstâncias”, transformando-se nos ortodoxos torquemadas de certo pensamento único que a todos nos vão examinando e chumbando, sem que nos deixem avaliar os avaliadores e as regras de que eles são mera consequência. Porque a letra mata o espírito…
A melhor constituição do mundo era a do profeta da da Traslândia, na peça de José Régio, “A Salvação do Mundo”. Um belo livro, com as páginas todas em branco, para que cada um de nós e cada geração pudesse dar um pouco da sua criatividade aos outros…
O problema de Portugal está na circunstância de continuarem as proibições quanto aos portugueses concretos, de carne, sangue e sonhos. Quando é que instauramos um efectivo “Portugal à solta”, capaz de abrir as portas e as janelas, mesmo que apanhássemos constipações…
Pior do que isso, com tanta personalização do poder, tanto em cima como na multiplicidade infinita de micro-autoritarismos sub-estatais, entre socratinhos, cavaquinhos, cesarinhos e jardinzinhos, continuamos totalmente dependentes de várias constipações maltratadas…
Se eu fosse socialista, repudiaria estes espartilhos que, dia a dia, nos prendem, invocando em vão o belo sonho dos socialistas. Os burocratas de tecnocracias mal traduzidas e os mangas de alpaca que se fotografam diante de computadores não passam de binários do decretino e do verbeteiro, mas que, na realidade, são vendilhões de poder que usurparam o templo da república!
Acho que a melhor fotografia dos reaccionários dominantes que nos desgovernam está na circunstância de agora elevarem a proposta a efectiva extinção dos governadores civis… Julgo que eles já estavam extintos no texto original de 1976. Mas como Sócrates, Cavaco e Soares eram herdeiros de Rodrigo da Fonseca e Costa Cabral, o bicho lá tem continuado por causa da chamada “mesa do orçamento”!
A mesa do orçamento é aquela onde os opositores passam a alegres convivas quando se delambem com o dinheiro do povo, mantendo esta empregomania vigente e continuada, sob tutela da partidocracia. Outro nome para a coisa é a de corrupção feita de cima para baixo, onde o Estado emerge como a principal forma de subversão aparelhística da ideia clássica de república!
Pior do que isso, com tanta personalização do poder, tanto em cima como na multiplicidade infinita de micro-autoritarismos sub-estatais, entre socratinhos, cavaquinhos, cesarinhos e jardinzinhos, continuamos totalmente dependentes de várias constipações maltratadas…
Eu até conheço alguns encenados oposicionistas que, depois de ensalivarem anti-socratismos, logo regressam ao tacho atrás de um sócrates do partido oposicionista, a nível sub-estatal, mantendo longas negociações de troca de favores com os alternantes, para que vire o disco e toque o mesmo. Quem, por exemplo, conhece o negócio universitário sabe do que estou a falar!
Alguns aderentes de última hora ao passocoelhismo, até já se ensalivam para um lugar ministerial, julgando que Cavaco vai numa de forças do bloqueio central. Até acredito que alguns já começaram a bailar em torno de Alegre, para não se colocarem os ovos do tacho todos no mesmo cesto! E há por aí uns gerontes de salão, sempre dominantes em momentos de decadência, que vão engordando em retórica com a aldrabice!
Eu também já fui várias vezes convidado para conviva, sempre com grandes elogios às minhas qualidades e competências. Quando lhes disse não, passei para o desprezo e a marginalidade. Quando resisti fui vítima das unhas aduncas e malcheirosas que já se reproduzem de regime para regime e mostram o desdentado em épocas de decadência, como esta!
Se por aí houvesse um Eça ou um Ramalho que fossem lidos e sentidos comunitariamente, certas anedotas semoventes seriam retratadas e até mesmo gente sem vergonha teria de fugir do palco onde nos continuam a tiranizar e a roubar!
Eu paço, tu passas, ele passeia, nos passamos, vós paçais, eles nos passam… O problema não está apenas no tal “homem que passou”, mas também nas “passas do Algarve” que continuamos a ter que “passar”, despassadamente…
Silva Pereira, feito voz do Rato, chama radical e irresponsável ao PSD, porque é liberal e pelo horroroso “Estado Mínimo”. O fundo papista do ministro da presidência volta a ver fantasmas. Se o PSD fosse liberal à europeia estava como estão os liberais europeus, a terceira força política da UE: à direita do PS, mas à esquerda do PPE, de que faz parte o PSD…
Quando um Silva Pereira é o porta-voz da tradição de Proudhon e Antero… resta um sorriso e um convite a Afonso Costa, para sair do túmulo e ir a Roma converter-se diante de um Papa do século XVIII…
“Dois terços dos serviços violam lei dos prémios de desempenho”. Bem demora que se conclua pela evidência! E se meterem o critério do nepotismo, do compadrio e do favoritismo, todos verão como as grelhas são verbos de encher pela interpretação do hierarquismo dos mandarins em abuso…
Quando os génios da reforma administrativa conceberam o sistema de classificação dos funcionários, onde chefe e serviços não avaliáveis reforçavam o arbitrário do manda quem pode, obedece quem deve, um certo primeiro-ministro decidiu imediatamente suspender o diploma. Era um tal de Francisco de Sá Carneiro…
Eu também acho que o Marcello Caetano não pode ter a ousadia de fazer uma revisão da Constituição de 1933, operando uma radical alteração do conceito estratégico nacional. Perdão, não é Marcello, é um escritor britânico, esse tal Adam Smith, por caso um dos fundadores do liberalismo ético, com o Adam Ferguson… Não! Não é esse é que quer ser presidente do conselho de ministros e está feito com o mercado!
“As disposições constitucionais que se referiam a tal missão nacional desapareceram sem explicação nem discussão, e sem que se anunciasse uma nova motivação….Então, eu tenho um sujeito a combater na linha de combate mais longa do mundo, dou-lhe um conceito estratégico, digo-lhe que até vem na Constituição e, de repente, revogo-lhe aquilo e não digo e, dali a nada, eles estão a combater a favor de quê?”
A frente nacional dos bonzos e dos reumáticos saídos da toca, acompanhada pelos endireitas e pelos canhotos, é, de facto, um elogio à provocação de Passos Coelho que, com a casca de banana que lançou, pelo menos, permitiu que se revelassem os apoiantes do estado a que chegámos! Até o CDS vê renovada a esperança no queijo limiano…
Novos verbetes para o dicionário do interregno, contra os coveiros do regime
ALEGRE Quando Alegre cai nas teias situacionistas do governamentalismo, foge da única área onde tem autenticidade: a da metapolítica. Para ser maldoso, até posso imaginar que Mário Soares deve rebolar-se de gozo, com a casca de banana em que vai caindo o grande poeta, quando vai além da chinela onde é mestre!
ARITMÉTICA PARLAMENTAR A aritmética parlamentar pode não coincidir com a geometria política. E quando se usa e abusa da partidocracia das enferrujadas canalizações representativas, o país da realidade pode afastar-se deste país nominal. Estamos mesmo à beira de uma necessidade de refrescamento da legitimidade. Precisamos de mais legitimidade de exercício e não deste uso e abuso da legitimidade de título…
BICOS DE PAPAGAIOS O problema de Portugal não está em Sócrates nem em Cavaco. O problema está na circunstância de metade dos politiqueiros estar de pé-atrás e outro tanto em bicos-de-pé. Logo é só bicos de papagaios…
CONSTITUIÇÂO-CÓDIGO A melhor constituição da Europa é a inglesa: nunca ficou escrita num código, desses que andam sempre a ser revistos. E das escritas, as que mais duram são as que se aproximam da estrutura de um poema. A nossa caiu na tentação de ter um autor dominante e vários parentes, ditos pais-fundadores…
CONSTITUIÇÃO-MITO Sou totalmente favorável à reposição em vigor das Actas das Cortes de Lamego. E acrescento-lhes “Os Lusíadas”, revistos, acrescentados e elevados à metafísica pela “Mensagem” de Fernando Pessoa. Ou então encomendava-se outra a Manuel Alegre, mas sem a ideologia que ele diz ter: só com o ritmo de pátria, que ele tão bem conjuga (é verdade, não é ironia…).
COVEIROS DO REGIME Porque já mataram o Machado Santos e podem instrumentalizar o Mendes Cabeçadas, prefiro reler as crónicas da “Seara Nova” sobre a matéria. Sobretudo, os conselhos de Raul Proença. Não quero cometer os erros dos relatórios do embaixador britânico, sobre Silva como potencial líder fascista, já depois de ele ter recebido apoio dos catolaicos do CCP no parlamento, um dos quais era António de Oliveira Salazar…
ESTADÃO O bom e velho Estado…ei-lo de volta à retórica. Só que o estado a que chegámos já são são vários Estados ao mesmo tempo, sobre o mesmo território e a mesma população. Por cá e agora, é a República Portuguesa, União Europeia, NATO e os estados dentro do Estado a que chamamos grupos de pressão. Sebastião José já não volta, Mouzinho da Silveira era urgente…
GPS AVARIADO O homem do leme tem o aparelho escangalhado. Roubaram os mapas. O nevoeiro não deixa ver os astros. O GPS avariou, que não pagámos a mensalidade. O barco já não é navio e ainda não é jangada de pedra. Está quase em “out of control”…
INFERNO DAS BOAS INTENÇÕES Sócrates e Cavaco não existem. Vivem no inferno das boas intenções… Um dia dizem que a situação é insustentável. No dia seguinte, querem dar-nos uma injecção de confiança. Mas nunca acertam na veia.
JS O Pedro Delgado Alves da velha Boina Frígia é o novo líder da Juventude Socialista. Sou suspeito. Tenho-o acompanhado desde que episodicamente fomos professor e aluno na Faculdade de Direito de Lisboa. É daqueles de quem espero que, lá em cima, mantenha a rebeldia que sempre manifestou cá em baixo. Uma grande abraço de boa estrela!
LETRAS QUE MATAM O ESPÍRITO Algumas letras da Constituição estão a ofuscar-nos o espírito da democracia, que é o princípio básico da Constituição. E a letra pode matar o espírito. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos… disse um tal de Siracusa, antes de Colombo pôr o ovo de pé. Basta um furo na casca…
MANIA DAS GRANDEZAS O mal deste país é a mania das grandezas que não não deixa que nos comparem com coisas do nosso tamanho. Continuamos, muito esquizofrenicamente, a querer acabar com o capitalismo global e a construir agências de “rating” alternativas…
MENDONÇAR O lusitano léxico continua a encontrar, quotidianamente, novas variantes para o verbo mendonçar. Isto é, quando o ministro fala, ninguém o interpreta correctamente, pelo que tem que ser emitida interpretação autêntica, a partir do gabinete do mesmo ministro. Especialmente quando ele tenta dizer que temos de pagar…
MIRANDÊS Um ilustre professor, ex-candidato a provedor pelo PS, veio ajudar o PS contra o projecto de proposta de Passos Coelho. Está contra todas as revisões que não lhe peçam conselho. E até puxou de uma proposta, em separata, que logo ofereceu ao entrevistador. Com mais personalizações do poder constitucional deste género, reforço a minha perspectiva de legitimidade tradicional.
MOTA AMARAL Parabéns, João Bosco Mota Amaral! É bom recordar o futuro. No princípio era o homem, não era o Estado… (Maritain o disse, aprendi-o com Lucas Pires).
NAVEGAR À VISTA DE COSTA Um dia fazem orçamento. Noutro, revogam-nocom o PEC 1. Logo a seguir dançam o tango. E vão para o PEC 2. Mas depois de uam viagem a Bruxelas, logo passam para o 3. Perderam os papéis da rota. Avariaram o GPS. Agora navegam à vista de costa…
NUMEROLOGIA A realidade dos números é…uma coisa de Hermes, de Pitágoras e dessa ciência exacta chamada… discurso de José Sócrates Pinto de Sousa, o nosso Primeiro-Ministro, que gosta dançar o tango, porque a bailar, a bailar, nos injecta confiança. A maioria continua a fugir com o rabo à seringa, mas, apesar disso, eis que nos continuam a seringar…
OBSTINADOS I Quatro obstinados do século XX português: João Franco, António Maria da Silva, António de Oliveira Salazar e Vasco Gonçalves. Um deu em regicídio. Outro foi o bonzo coveiro da nova República Velha. O terceiro foi para uma guerra colonial julgando que a Terceira Guerra Mundial ocorrerria em meados da década de sessenta. O quarto caiu nos votos de 25 de Abril de 1975, sem necessidade de tiros.
OBSTINADOS II Este que nos desgoverna, João Maria de Oliveira Gonçalves, continua a receber apoio de um partido que se diz herdeiro dos antifranquistas, dos não-bonzos, dos anti-salazaristas e dos anti-gonçalvistas, contra endireitas e canhotos. Resta que um dos seus agentes do respectivo SNI proclame: “eu não sou de direita nem de esquerda, sou do partido republicano” (Silva o disse na véspera do 28 de Maio)…
PAÍS ADIADO I Estivemos adiados por três eleições num ano. Ficou tudo pior. Agora estamos adiados por uma recandidatura. Não ficaremos melhor. Valia mais um contrato social refundador do regime, contra o sistema. Onde o máximo de apoio da aritmética parlamentar (CDS, PS, PSD, PCP) acrescesse ao apoio da geometria social, mesmo que o governo fosse minoritário, mas que cumprisse o pacto.
PAÍS ADIADO II Desadiemos Portugal, saiamos do círculo vicioso politiqueiro, mas sem hipocrisia. Os problemas económicos apenas se resolvem com medidas económicas, mas não apenas com medidas económicas. Devem subordinar-se a uma política que seja pilotagem do futuro. Que seja mesmo política.
PAPISTAS E todos os mais papistas do que os papas nem reparam como se cruzam com a memória salazarenta do decretino e das pequenas personalizações de poder, refinando a cobardia, os tarados do poder pelo poder, o carreirismo e a endogamia. E o que anda assim pelos baixios burocráticos gerou o que está em cima, num circuito vicioso de autoclausura reprodutiva…em nome da lei!
PORTA-VOZ Não há ninguém que diga ao Manuel Alegre para ele não exercer o papel que outrora teve Vitalino Canas e que resultou mal com o Silveira… Para aparecer mais nos “meios” da “imagem e da sondagem”, mesmo sem “sacanagem” não convém que ande a reboque de um processo de “agenda setting” que tem mão bem visível: a da contrapropaganda oficiosa do situacionismo!
PRESIDENCIALISMOS Governo presidencialista ou de iniciativa presidencial precisava de Constituição do tempo de Eanes. O PS de Soares e o PSD de Sá Carneiro revogaram esse preceito. Agora só para Proença de Carvalho nos fazer esquecer que foi ministro da propaganda de um governo presidencialista, como lhe chamou Sá Carneiro num comício, antes de o derrubar.
ROMPER A TEIA DE PENÉLOPE Nunca reduzir-nos ao presente paralelograma de forças bancoburocráticas e eurocráticas. Quebrar a teia de Penélope. Em tempo de circunstâncias extraordinárias, decisões extraordinárias, sem estado de sítio nem pais tiranos, mesmo que sejam iluminados déspotas…
SILVAPEREIRIZAR Outro novo verbo, em processo de nota oficiosa em curso, é o verbo silvapereirizar, isto é, falar à frente das bandeiras, para responder a António Costa, explicando, convictamente, que todo o governo está mesmo mobilizado. Não era necessária a demonstração…
SOCRATINHOS E CAVAQUINHOS Pior do que Sócrates são os socratinhos que em cada canto se multiplicam, sonhando estabelecer uma sucessão de bloqueios centrais com os restos de cavaquinhos que nos vão cogumelizando…
(Raul Proença na foto)