Tenho de confessar que vi e ouvi, ontem, Marcelo RS. Notável, embora em discordância com a minha postura liberal. Ao contrário de outro cristiano, não procurou nenhuma barriga de aluguer e soube dar à luz uma teoria social-democrata do mesmo que se perca no tribunal europeu valeu a pena usar a moca…mais perto de Fafe que de Rio Maior.
Os eurocratas já não são porreiros, pá! Não são sociais-democratas como o “hermano Zapatero” nem sociais-cristãos como a prima Merkl! Foram assaltados pelo demónio ultraliberal, como eu aprendi com o BSS e são agora amiguinhos do Ricardo, da Ongoing e da Visabeira. Vou mas é telefonar para a Isabel dos Santos!
O estado a que chegámos, do faça férias cá dentro, é o presente modelo da governança. O tal que, como nalguns processos da melhor justiça da Europa, nunca será julgado, mas prescreverá, e de prescrição extintitiva, de forma directamente proporcional a formas de usucapião de alguns de seus filhos dilectos…
A. Nogueira Leite declara que estamos entalados entre “o socratismo orwelliano e o leninismo de sacristia dos belgas”. Prefiro qualificar o primeiro como “kafkiano de vuvuzela” e os segundos como “catolaicos da congregação do super-Estado”. Em nome dos descendentes de Carlos V e Filipe II, ou de D. Beatriz e do Pacto de Salvaterra, nunca vi o Cristóvão de Moura engalfinhar-se com o Miguel de Vasconcelos…
Crise é quando não sabemos para onde caminhar, recusando olhar para dentro… Estamos farto do crescer quantitativo, dito para cima segundo o método quantitativo, onde só existe aquilo que consegue medir-se pela ciência da medição vigente, a que não vê à frente do palácio, mas que, por preconceito ideológico, herdeiro do despotismo iluminado, decreta ter o monopólio do verdadeiramente cientifico…
O conceito de progresso é o que mais reaccionário tem a modernidade e a pós-modernidade, porque o moderno é como a moda e só é moda aquilo que passa de moda…
Quando uma pretensa “Realpolitik” nos visualiza de forma mercantilista, esgotando os poderes políticos em uma ou duas companhias majestáticas, ficamos reduzido a exiguidade de quem dá combate num campo aberto face a forças adversas de maiores poderes…prefiro lutar sem estadão…
Um reino como o dos Países Baixos, que até tem multinacionais, reparte os centros de decisão nacionais com outras potência. Sabe submeter-se para sobreviver, porque quer lutar para continuar a viver…
Uma república como a Confederação Helvética não padece de capitaleirismo nem de ministerialismo e não invoca exemplos de “golden share” da França, da Espanha ou da Alemanha. E não me parece que padeça de exiguidade…
O mal do estadão em Portugal continua a ser o da mania das grandezas, dito megalomania…E, na prática, a teoria continua a ser outra… Dessas boas intenções, continua o inferno cheio…
Os defensores do nacional-capitalismo querem continuar a nacionalizar os lucros e privatizar os prejuízos. Isto é, querem um capitalismo socialista de Estado, desde que a espada do poder por eles seja manipulada, sem que haja balança.
Os nacionais-capitalistas preferem o neofeudalismo patrimonialista ao racional-normativo e nem sequer sabem do que é axiológico. Quando lhes falam de honra puxam logo do livro de cheques…Enquanto não houver uma crítica liberal a estes capitaleiros salazarentos nem sequer poderá haver verdadeiros socialistas…
Desabafos de um liberal ao vivo, em noite de Verão, antes do aumento dos impostos e da diminuição do vencimento
a(b) José Adelino Maltez • Dies Iovis, Iulius 1, 2010, 9:14am
O dia começa com menos sol, menos vencimento e mais impostos. O deputado Ricardo ainda não discursou. O banqueiro Ricardo deu conferência de imprensa e confirmou a velha tese pouco anarquista: vendam-se os anéis, para ficarem os dedos! Ainda podemos lambê-los, antes de uma OPA os desenroscar… Aí é que, em vez de restos, teríamos de lamber feridas dos decepados. Mas sempre há belos cirurgiões para as plásticas da propaganda!
Mas o país que resta, mesmo o da blogosfera, parece que já não compreende o riso. Até nem sabe que a ironia “consiste em dizer as coisas que declaramos não dizer, ou então dizê-las com palavras que afirmam o contrário do que queremos exprimir”…
Confirma-se que somos definitivamente o país do catolicismo laico, dessa mistura de Auguste Comte com releituras tardias de São Tomás de Aquino, conforme a proposta salvífica do ex-anarquista e ex-republicano Alfredo Pimenta, quando pensava tornar-se no ideólogo do salazarismo. Muitos, de tanto se terem impregnado de fórmulas de Marx, nem reparam que, quando o abandonaram, voltaram ao mais vérmico lastro dos positivismos e dos utilitarismos. O nosso mal é, sobretudo, de subsolos filosóficos mal digeridos…
“Quando o governo fala está a interpretar os interesses do país, os interesses nacionais”. De Sousa o disse. Toma!
Crise, o que é? É quando o normal é haver anormais…
“Não deixarei que ninguém ponha sobre quem é mais caro as responsabilidades de uma equipa”. A culpa é sempre do simão…”. Confirmam-no “seis ilustres juristas”, tão independentes que até parecerizaram “pro bono”…
Ilustres senhores! Crise é transformar os superiores interesses do país e os interesses nacionais em taxímetro… Vale-nos o PGR, que comanda a única parecerística verdadeiramente independente, de acordo com os princípios constitucionais! A nossa justiça que é a melhor da Europa continua a jogar para o empate…
A trapalhada pode sair muito cara para os senhores contribuintes. E quando ela se enreda em plural, pode acontecer um verão de acentuado arrefecimento nocturno, sem quem nos possa desatrapalhar… Só uma consciência cívica reanimada pode pôr os bois à frente do carro. Desapertem-lhe a canga!
Já não há costas, apenas lombo. Os bois são apontados pela poesia lusitana como símbolo do povo que trabalha…às vezes marram.
Lá vejo De Sousa em imagem na TV: não me parece que tal “carificação” (de “cara”) dos interesses nacionais seja marcada por uma necessária credibilidade que inspire confiança. Quem se gasta pelo abuso da propaganda pode tornar-se pólvora ressequida, com muito fumo e pouco fogo. Só Alegre lhe reconhece interesse estratégico para a economia portuguesa. E o CDS mostra como essa do liberal, só a retalho…
Raciocinemos ideologicamente: Sócrates é socialista porque intervencionou em nome do socialismo; para defender uma intervenção capitalista em uma empresa de regime no âmbito de uma empresa num Estado estrangeiro; logo, como a serpente pode devorar a própria cauda, eis que Lula, se for das gigantes, como o dragão, pode ser consequente com o mesmo socialismo e intervencionar a Vivo…
Se Lula for tão proteccionista como Sócrates, teremos de concluir que valia mais a solidariedade ideológica do camarada Zapatero e a lealdade dos amigos ricardos. Bastava ler Marx e concluir que o capital não tem pátria…
Louvo o PCP pela coerência ideológica: “nacionalizemos” a PT para ela ser “nossa”. E compreendo que não saiba fazer contas, nomeadamente sobre quanto desembolsámos com os homens sem sono da noite de 11 de Março de 1975. O contribuinte pagou tudo ao tostão, com juros e favores. Ainda não nos explicaram esse dispêndio da pesada herança…
E com pena, confirmo que o CDS permanece fiel ao velho socialismo catedrático do Estado Velho bismarckiano, actualizado por António de Oliveira, mas revisto e corrigido pela nacionalização dos prejuízos e pela privatização dos lucros… Um verdadeiro portucalense convicto da necessidade de submarinos, sem dúvida! Sem dúvida quanto aos financiamentos, acrescento. Nada reteve da bela tradução que fez de Michael Novak…voltou ao ritmo do corporativismo antiliberal de Leão XIII…
Também sugiro que o Bloco de Esquerda, através do guru portalegrense BSS, exporte a doutrina para a Dilma, para que a Vivo seja nacionalizada, deles. Nós podemos ficar apenas com a Isabel Santos…
Entretanto, pela madrugada, triste e não leda, Queiroz regressa e diz que não se demite, porque pode usar a “golden share” da cláusula indemnizatória. Há outros que, mesmo antes de demitidos, continuam a marcar golos na própria baliza, mas com outras cláusulas que servem de pretexto ao Madaíl para encanar a perna à rã…
Diz também o DN que o número dois de Pinto Monteiro já atingiu a idade da reforma. E que a Lei que lhe permitirá manter-se no cargo ainda não foi aprovada. Não diz de muitos outros nas mesmas circunstâncias com muitas outras leis especiais. Todos os anos fazem setenta anos, mas ninguém lhes diz a verdade…
A gerontocracia dominante, com os seus ausentes-presentes em conspiração permanente de avós e netos, transformaram o Portugal que resta em anedótico regime de viagra verde-vermelho, só explicável pela acumulação de reformas e aposentações, com leis especiais para quem gosta de carro preto com motorista, secretária de pau preto e secretária de carne com teclas…
PS: A do espírito devia ser branca e andar a voar à procura de víveres. O miau, cor-de-rosa. Só a coleira pode acabar por ser certa. Desde que seja desparasitária. A relva tem a ver com o porta-voz. Já as árvores morriam de pé…