O poder judicial da cooperativa multinacional a que nos vinculámos já decidiu conforme a teoria da pescada, o que antes de o ser já o era. Era tão óbvio que qualquer porreiro-pá também o previu. Logo, racionalmente, meditando, tenho de concluir que o nosso máximo decisor apenas anda à procura de factos negociais para um compromisso…
Resta saber se a teoria da pescada, quanto ao negócio maior ainda é susceptível de pesca, atendendo ao auto-desmantelamento da frota a que nos dedicámos com sucessivas implosões de navios e barcos destes últimos dias…
A invocação patriotorreca a que certos sectores se dedicaram, incluindo os que me acusaram de antipatriótico por ser tão iberista quanto Antero, Torga, Pessoa ou até Saramago, é directamente proporcional ao europeísmo dos que ao primeiro tiro rasgaram logo a bandeira das doze estrelas, que, sem ser por acaso, era a do Padre António Vieira para o devido Quinto Império que subscrevo!
Uma das soluções para a crise era a do sonho indisciplinador de Agostinho da Silva: pedirmos a inclusão na república federativa do Brasil e criarmos em Olivença uma universidade comum. Nós que resistimos a Castela, em nome das Espanhas e de Portugal, devimos acirrar nossas plurais pertenças, lusófonas e ibéricas. Até essa foi a última mensagem de mestre Gilberto Freyre…
Por outras palavras negociais, só depois de termos feito um compromisso com o Brasil, e com Angola, é que podemos concluir um acordo com Madrid. O capital não tem pátria, mas quem o instrumentaliza em nome do bem maior que é a política, tem que ter o sonho do Portugal universal e conjugar o abraço armilar!
O Tribunal que vigia pelo cumprimento do dito Tratado de Lisboa condenou-nos por causa dessa invenção neoliberal dos anos oitenta, dita “golden share”. É tão engraçado ver os socialistas agarrados a essa cláusula “neolib” e “neocon”!… Eu que sou dos liberais sem néon, apenas chamo a atenção para a circunstância de, por tal coisa, terem sido accionados outros Estados europeus, mas dos grandões…
A megalomania, ao provocar altas expectativas, costuma gerar mais altas frustrações. Espero que a procura da condenação, a que nos sujeitámos, tenha sido mera táctica, dentro de uma estratégia negocial. Se, com o desabrochar do fruto, verificarmos que apenas navegámos à bolina, temos de concluir que quem o provocou é irresponsável. Esperemos pelo fim de um bom negócio!
Jogarmos com a dignidade de uma nação, como Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa brincam com os passes dos jogadores transaccionáveis na época do defeso, pode ser grave se não estivermos acautelados com uma boa cláusula de rescisão!