Nos tempos do porreiro-pá, havia dois terços de remediadinhos e um terço de excluídos. Com toda a PECuária que aí vem, vamos ter dois terços de espoliados e um terço de preenchedores da papelada do desemprego e dos subsídios da reinserção social, ou o fim deste socialismo de consumo, governado por bombeiros pirómanos que ainda acreditam na cantiga do “agenda setting”…
Monthly Archives: Setembro 2010
Por um governo de maioria política e social, já!
Depois das pretensas vacas gordas, com a que a rã enchia o peito de ar, o da propaganada e da trapalhice, eis que, agora, nos encana a perna com o anúncio de vacas magras, em nome de um pretenso interesse nacional. Aproxima-se o esvaziar dos balões cheios de retórica dos ilusionistas do país das maravilhas. Prefiro o gesto do Zé Povinho, mas talvez esteja em minoria…exijo um governo de maioria política e social. Já!
Mário Soares, por causa do FMI e dos salários em atraso, teve que fazer um governo com ministros do CDS e, depois, teve que entrar em coligação pós-eleitoral com o PSD. Que contrapartida vão os partidos da oposição cobrar? Atribuir o monopólio da missão de salvação púbica a quem nunca cumpriu o que prometeu dolosamente, para ganhar votos?
O problema financeiro e económico é sério demais para discursos de ministros das finanças, financeiros, banqueiros e economistas. O problema financeiro e económico é, sobretudo, político, porque é uma questão de cidadania e de efectiva, consciente e informada participação de cada um na mobilização pelo bem comum. “Partir” uma causa de justiça é decepar a república!
À ditadura dos factos, chamam, alguns, pressão dos mercados, invocando pátria, salvação pública, e interesse nacional. Para que nos continuemos a laconizar, a silvapereirizar e a mendonçar. Os três verbos socráticos que, procurando meter um coelho na cartola, desafiam os passos do PSD, por causa desse incómodo pedregulho encavacado! Força, Pedro! Não sejas porreiro, nem pá!
Sem ironia, o PSD está numa encruzilhada: ou continua irmão-inimigo dentro do sistema ou cumpre o que prometeu, isto é, ser efectiva oposição ao situacionismo. Por outras palavras: optar pelo pretérito ou assumir a semente de futuro. A matriz de risco de Sá Carneiro talvez aponte a escolha da esperança, mesmo que doa!
Continuo, como há um ano, a defender a necessidade de uma governança por uma maioria política e social: o que vai do PCP ao CDS, com respeito pelos resultados eleitorais, através de um compromisso com os sindicatos e as próprias forças morais, das maçonarias às igrejas. A pátria vale mais do que o egoísmo de candidatos partidários e presidenciais.
Ditadura dos factos
O orçamento, qual orçamento? O dos credores internacionais? O dos cidadãos portugueses? O da democracia? O da cleptocracia? O do povo ou o dos grupos de interesse e grupos de pressaõ? Estamos a falar de um fantasma, porque, ao fim e ao cabo, ninguém o viu… nem os que devem fazê-lo!
Ser cidadão, aqui e agora, é piro do que ser treinador de bancada da futebolítica. Neste jogo de fortuna e de azar onde apenas sabemos quem paga, transformaram os contribuintes em passivos espectadores com a missão de pagar e aplaudir sempre o vencedor, dado que não sabemos quem é o árbitro, para o podermos assobiar. Não mudando as regras do jogo, hão vencer sempre os que estão.
Se o papa, ao visitar-nos, tivesse opinado sobre a tutela das Misericórdias ou se o rei Juan Carlos nos aconselhasse sobre o TGV, logo os tradionais adversários do trono e do altar quereriam enforcar o último papa nas tripas do último rei. O secretário mexicano da OCDE, ao aconselhar voto de consenso à oposição no orçamento-fantasma apenas foi um excelente técnico limpando a chaminé da nossa soberania!
Depois das pretensas vacas gordas com a que a rã enchia o peito de ar, com propaganada e trapalhice, eis que agora nos encana com anúncio de vacas magras em nome de interesse nacional. Aproxima-se o esvaziar dos balões cheios de retórica dos ilusionistas do país das maravilhas. Prefiro o gesto do Zé Povinho, mas talvez esteja em minoria…exijo um governo de maioria política e social. Já!
Mário Soares, por causa do FMI e dos salários em atraso, teve que fazer um governo com ministros do CDS e, depois, teve que entrar em coligação pós-eleitoral com o PSD. Que contrapartida vão os partidos da oposição cobrar? Atribuir o monopólio da missão de salvação púbica a quem nunca cumpriu o que prometeu dolosamente, para ganhar votos?
Questionam-me sobre o que entendo por maioria política e social. Respondo como o fiz há cerca de um ano na televisão: o que vai do PCP ao CDS, com respeito pelos resultados eleitorais, através de um compromisso com os sindicatos e as próprias forças morais, das maçonarias às igrejas. A pátria vale mais do que o egoísmo de candidatos partidários e presidenciais.
À ditadura dos factos, chamam, alguns, pressão dos mercados, invocando pátria, salvação pública, e interesse nacional. Para que nos continuemos a laconizar, a silvapereirizar e a mendonçar. Os três verbos socráticos que, procurando meter um coelho na cartola, desafiam os passos do PSD, por causa desse incómodo pedregulho encavacado! Força, Pedro! Não sejas porreiro, nem pá!
Sem ironia, o PSD está numa encruzilhada: ou continua irmão-inimigo dentro do sistema ou cumpre o que prometeu, isto é, ser efectiva oposição ao situacionismo. Por outras palavras: optar pelo pretérito ou assumir a semente de futuro. A matriz de risco de Sá Carneiro talvez aponte a escolha da esperança, mesmo que doa!
Setembro cor-de-rosa em forma de abecedário republicano
Absolutismo Infelizmente, a herança absolutista, tanto das revoluções como das viradeiras, incluindo a do autoritarismo do século XX, obriga a sucessivas reeleições do situacionismos, dado que não continua a vislumbrar-se um pessoano indisciplinador que nos faça regenerar a fibra multissecular da independência. Mais do que falta de vontade política, há um vazio colectivo de vontade de sermos independentes.
A falta de alternativas, dentro das actuais regras do jogo
De tanto comemorarmos a I República, não topamos a presente crise do rotativismo, onde as lideranças fortes propostas por salazarentos querem um Passos cada vez mais hintzáceo e um Sócrates, cada vez mais vibrando à João Franco, agravando-se a ditadura sistémica de um centrão, com o seu aparelhismo alimentado pela mera vontade de poder de fidalgotes esfaimados que mudam mais vezes de discurso que de camisa…
A falta de alternativas, dentro das actuais regras do jogo, impede que, pela imaginação e pelo sentido de risco, possa haver um baralhar e dar de novo, naquilo que Roosevelt chamou “new deal”. Não vislumbro nenhum general, chefe da resistência ao salazarismo, a quem o parlamento possa dar plenos poderes, para regenerar a democracia, como a França fez em 1958!
O morto-vivo deste sistema partidocrático e plutocrático
O morto-vivo deste sistema partidocrático e plutocrático, com os seus aparelhismos de controlo da política, da economia, da sociedade e dos indivíduos, bem como dos financiamentos da conquista do poder, parece estrebuchar, mas ainda tem suficiente energia para nos continuar a amarfanhar em podridão de pântano…
As raízes do patriotismo foram decepadas pela propaganda e pelo “agenda setting”, onde se elevam a protagonistas os meros activistas que transportavam a pasta para as velhas récitas de salão paroquial, com guiões comprados em saldos de naftalina.
Só a soberania da coragem pode dar uma resposta institucional a estas circunstâncias excepcionais. Não há um qualquer D.Sebastião orgânico que possa fazer um golpe de Estado constitucional. Apenas resta um acto de humildade: o Parlamento renunciar à ditadura sistémica da partidocracia…
Temo que as sereias do situacionismo nos atirem para a instabilidade de um centrão nauseabundo e conformista, onde, na falta de rei, um qualquer roque pode servir, para que continue o regabofe desta clausura sistémica e auto-reprodutiva…
E nem sequer nos serve que continuem a tecer a presente renda de bilros constitucional, especialmente a que nos impede uma solução democrática imediata, só porque estamos suspensos por uma eleição presidencial, num modelo que ameaça lançar-nos para o redemoinho de uma república impotente…
Sinel de Cordes, Teixeira dos Santos, Grande Empréstimo da SDN, Relatório da OCDE, é tudo forma de comemorarmos o 5 de Outubro. Portanto, haveria que relembrar os habituais fins de regime. Incluindo o da monarquia constitucional, a de um outro Carrilho. E no falhanço de Oliveira Martins como ministro da fazenda. Prefiro o gesto do boneco do republicano Bordalo: um belo manguito para o mexicano de ferro…
neste exagero de pretérito sem saudade de futuro
Soares e Cavaco, os pais-fundadores do situacionismo da Europa dos subsídios e dos patos bravos, lá vão falando, mas já não fazem, nem arrependimento. São presente-passado, como o centenário da república, neste exagero de pretérito sem saudade de futuro, transformando os brandos costumes num mero comemorativismo quase funerário. Resta a incógnita da revolta, em regime de prognóstico depois do fim da bandalheira…
Quando os políticos mais altezas da nossa teatrocracia
Quando os políticos mais altezas da nossa teatrocracia mostram os traseiros da falta de palavra, apenas podemos concluir que eles não sabem olhar o sol de frente, quando pisam o palco comunicacional, não passam de sacristães que perderam o sentido dos gestos, baralhando o guião. Ainda não estamos na pessoana oligarquia das bestas, mas é evidente que a democracia resvala para a ditadura da incompetência!
Infelizmente, a herança absolutista, tanto das revoluções como das viradeiras, incluindo a do autoritarismo do século XX, obriga a sucessivas reeleições do situacionismos, dado que não continua a vislumbrar-se um indisciplinador que nos faça regenerar a fibra multissecular da independência. Mais do que falta de vontade política, há um vazio colectivo de vontade de sermos independentes.
Uma cobardia difusa, como no avestruz que mete a cabeça na areia, alimenta uma classe política predadora e o que se passa lá em cima, no cume do Estado, propagou-se para baixo, corrompendo todos os redemoinhos sub-estatais, de universidades e autarquias aos mais minúsculos dos serviços público, onde a febre do facciosismo, do clientelismo, do fanatismo, da ignorância e da intolerância se transformou em epidemia…
Persisto em revolta contra as abstracções da constitucionalite
As discretas reuniões dos donos do poder deram em raia parlamentar e em sacristas entrevistas a Judite de Sousa. Apesar de muitas comadres em palhaçada, ainda não desabou a algazarra da verdade. Os mantos diáfanos da literatura de justificação ainda recobrem um povo de impostados que não quer assumir o risco da cidadania fiscal. E o orçamento ainda se assemelha a um caixa multibanco da árvore das patacas…
Persisto em revolta contra as abstracções da constitucionalite, manipuladas pelo decretino do poder instalado, mesmo que este se chame pós-revolução ou estadão xuxial. Na prática, a teoria é outra: o legalismo regulamentar cunhado pelo martelo da golpada, incapaz de assumir a possibilidade de leis injustas e de poderes ilegítimos. Todos atingem o orgasmo com um simples processo disciplinar!
Quando o Estado tem como bocas que pronunciam as palavras da pátria os ministros Lacão, Silva Pereira e Mendonça, apenas podemos concluir que conquistar e manter o poder já não rima com governar. Apenas podemos concluir como quem mais durou em São Bento no século XX: “o exencial do poder é procurar manter-se…” (deixamos o sotaque sontacombandense, no erro ortográfico, para efeitos identificadores da obstinação…)
Testemunho
O tempo que por mim passa se suspendeu. Que meu corpo quebrou, mas a vida ainda não torceu e já posso falar em pretérito sobre meu internamento em dois hospitais e consequentes intervenções cirúrgicas. Tenho a felicidade de já poder narrar esses episódios de relação com o além. O tempo que passa se suspendeu, porque é só em solidão de escrita manuscrita que me consigo escrever. Daí o meu silêncio, porque só quando, palavra a palavra, nos conseguimos libertar das teias do pensamento é que podemos dialogar, aqui, em intimidade. E poucas foram as linhas assim manuscritas que foram fluindo. Pelo que importa reaprender o sentido mais profundo deste gesto de sentir a caneta deslizar pelo papel. Não ainda para testemunhar a experiência de uma complexa intervenção cirúrgica e do místico de seu acordar, mas, sobretudo, para reencontrar os equilíbrios primordiais do andar e do escrever em autonomia. Foram os antiquíssimos laços familiares e os de meus irmãos e amigos que me ajudaram a retomar os passos, e a regressar a casa e às comunidades vivas que me dão raiz e sentido. Esse demasiadamente humano do amor inteiro, onde também não faltaram palavras em mensagens. A todos o meu obrigado!