Líbia. Europa. Política internacional.

Enquanto, o sobressalto líbio nos faz repensar a Europa, cá no quintal, apenas guerras de Alecrim e Manjerona, análises macro-económicas e quase total ausência de política, como se a nacional pudesse abstrair-se da internacional e como se esta se reduzisse ao FMI. Os dados começam a ser lançados para o “New Deal” e continuam muitos a julgar que basta sermos caixeiros à procura da tenda dos milagres.  Alteremos o paradigma: nem Fukuyama, nem Huntington. Basta um olhar europeu: nem optimismo universalista, nem pessimismo relativista. Basta voar em armilar. A Europa não pode ser comandada por delegados de propaganda da banha da cobra e por caixeiros viajantes ao serviço do poder banco-burocrático. A Europa só pode ser política se tiver uma política internacional e não apenas o calculismo dos politiqueiros que não querem arriscar alianças civilizacionais Em Portugal, há apenas tradução de telegramas e rerportagens de guerra a partir do sofá. Não há editoriais. Nem um único esboço de opinião vinda de movimentos da sociedade civil. Estamos entalados entre o discurso de Jerónimo sobre os belicistas e a sociedade civil que foi à Reitoria da Universidade de Lisboa bater palmas ao tirano. Não tenho dúvidas: estou com a acção militar da coligação internacional, legitimada pela ONU. Esta é a minha Europa. Obrigado, França e Reino Unido. A justiça deve ter força. Há pontos de não-regresso. Como não houve em Berlim (1953), Budapeste (1956), Praga (1968), Polónia (1981), ou Serajevo (1992).  Já chega de cedências à chamada história dos vencedores, onde tem razão quem vence, mesmo que o soberano seja aquele que decide em estado de excepção, como subscrevem os schmittianos que nos ocuparam as entranhas da razão de Estado, não deixando que o Estado volte a ser semente de Estado-razão. Continuo em resistência, em nome da esperança dos desesperados.

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