Mai 19

Farpas de campanha

Vou ouvindo a reunião comissão permanente do parlamento. A velha guarda do PCP, que nos habituou a linguagem bíblica, assume agora expressões catrogueiras e neovicentinas, tipo “fartar vilanagem”…

Relembro o desfile de hoje dos candidatos a chefes do partido da troika, junto da selecta audiência do Sheraton, mobilizada pelo Diário Económico. O previsível do politiquês adocicado. Não sei porquê, apeteceu-me fazer uma sondagem junto de tal mobilização, procurando saber quantos recordavam os nomes dos chefes dos partidos e dos últimos governos da monarquia liberal e da primeira república…

Há uma incrível semelhança psicológica entre Sócrates, Teixeira de Sousa e António Maria da Silva. Todos teimam em criar realidades paralelas. Mas Sócrates supera-os, embora não chegue aos calcanhares de João Franco. Até Mário Soares se assemelha a José Luciano. Há comparativismos psicológicos inadiáveis. Mas quem acaba por vencer são os credores internacionais…

Ao prefaciar a obra de Jorge Sá, de há anos, disse “A abstenção pode significar uma atitude de superior desprezo, em protesto contra a usurpação da democracia… quem cala (eleitoralmente) tanto pode consentir como nada dizer… Depois das doenças da apatia e da indiferença, estamos em azedume e teme-se a explosão, que bem pode vestir-se de rebelião das massas.”

Ouvindo e vendo o debate dos chamados pequenos partidos. A qualidade da maioria dos intervenientes demonstra como os cinco grandes se empobreceram. Há poucos números dois dos dominantes com o nível destes pequenos-grandes, como o MEP, o PAN, o MPT, o PPM e o próprio PCTP. Obrigado, pequenos-grandes por esta demonstração, mesmo com o incómodo do palhaço.

Mai 19

Crepúsculo de regime

Relembro o desfile de hoje dos candidatos a chefes do partido da troika, junto da selecta audiência do Sheraton, mobilizada pelo Diário Económico. O previsível do politiquês adocicado. Não sei porquê, apeteceu-me fazer uma sondagem junto de tal mobilização, procurando saber quantos recordavam os nomes dos chefes dos partidos e dos últimos governos da monarquia liberal e da primeira república…

 

Por isso é que não o conseguiram contratar como candidato à presidência da república, visando substituir o Carmona. Não conhecia essas palavras. Fiquei contente, naturalmente, com essa conclusão de um liberal que sempre foi activista da Emancipação.

 

Há uma incrível semelhança psicológica entre Sócrates, Teixeira de Sousa e António Maria da Silva. Todos teimam em criar realidades paralelas. Mas Sócrates supera-os, embora não chegue aos calcanhares de João Franco. Até Mário Soares se assemelha a José Luciano. Há comparativismos psicológicos inadiáveis. Mas quem acaba por vencer são os credores internacionais…

Mai 19

CDS e Paulo Portas

Vou ouvindo o debate da TSF sobre o CDS. Portas não foi nem mandou ninguém. One man, show, assim é. Confirma-se o quadro que os agentes comunicacionais e analíticos do situacionismo determinam: que o CDS de Portas passou o PSD de Passos à direita. Nada mais falso.

 

Claro que o CDS é “catch all”. Tal como o PS e o PSD. O pilha-tudo de “clusters” do portismo apenas difere dos outros dois troikados porque tem menos votos. Diferença quantitativa e não qualitativa.

 

Comparar o CDS com os liberais-democratas britânicos é uma ofensa aos princípios de Portas e dos LDs. Primeiro, porque Portas é do PPE. Segundo, porque os LDs são a soma de liberais cláasicos antigos, anti-conservadores, com os dissidentes sociais-democratas dos trabalhistas. Terceiro, porque em termos de liberalismo de causas individiduais, uns e outros estão no exacto inverso.

 

Se medirmos a esquerda pelo eixo do intervencionismo de Estado, até Oliveira Salazar estava à esquerda do actual PS. Pelo eixo dos valores, basta recordar a carga da nossa marinha de guerra contra o barco do aborto quando Portas era ministro da defesa.

 

Julgo que em 1994, o CDS/PP de Monteriro, com Portas, teve 12, 45%…É elemento comparativo. E que o CDS de Adriano Moreira, o partido dos pobres era bem à esquerda, socialmente falando. E que o CDS liberal de Lucas Pires, apesar de liberal, foi o menos à direita de todos, pelo menos em proveniência de votos.

 

 

O CDS de um homem só é o do ministro que até a Cruz Vermelha intervencionou partidariamente, saneando Maria Barroso, Miguel Veiga e Vítor Ramalho, ou elevando a ministra Cardona à Caixa Geral de Depósitos, gerando clientelismo de Estado por fidelidade ao chefe.

 

Dizer que Portas faz voltar o partido ao ponto de Diogo Freitas do Amaral dá gargalhada. O melhor resultado que o partido obteve foi em 1976, com o general Carlos Galvão de Melo e os retornados…

 

Os resultados de 1994, de 12,45% saíram rapidamente das estatísticas. Milagre de Portas ou deliberada ocultação de comparativismos!