Continuamos cercados pelos fantasmas que, na monarquia napolitana, se identificavam pela tríade “festa, farinha, forca”, dado que os poderes fácticos vão cercando a democracia de antipolítica, a da antipolítica, seja a compra do poder, seja o niilismo, seja a violência terrorista.
As lentes de muitos lusitanos continuam embaciadas. Dizem-lhes que podem discutir deus, discutir a pátria e discutir a família, mas já é bem difícil discutir os patrões da comunicação social em disputa, as nomeações para as secretas, as variedades da maçonaria ou o discurso dos congreganismos e fundamentalismos.
No tempo do rotativismo, quando na presidência do Crédito Predial saía o Hintze para a chefia do governo, logo entrava o Zé Luciano, acumulando com a liderança da oposição. Agora é apenas Rui Machete substituindo Daniel Proença de Carvalho, neste nosso Bloco Central de interesses, das empresas de regime e seus clubes de reservado direito de admissão e grandes sociedades de advocacia.
O bailado da “pantouflage”, apesar de muitos regulamentos, continua a não ser transparente e deveria ser objecto de imediata contratação pública entre os principais partidos políticos, dado que a chamada comissão de ética do parlamento apenas serve para música celestial e a a lista das incompatibilidades para as excepções que confirmam a regra. Não nos tomem como parvos.
Já que o presidente da república não tem poderes suficientes para o desencadear, seria bom exemplo que a geração de jotas que agora comanda os principais partidos políticos desse o bom exemplo da transparência, chamando os bois pelos nomes, nomeadamente com a publicação de um livro branco das nomeações e avenças decretinas no regime, para que houvesse uma clara separação de águas entre a política e economia.
Este regime, de sociedade aberta mas dependente do condicionamento, continua a ser marcado por pactos de cavalheiros, à semelhança das reuniões de sacristia e de restaurantes finos que precederam a atribuição dos canais privados de televisão a Pinto Balsemão e D. José Policarpo, em detrimento de Daniel Proença de Carvalho, e com os equilíbrios e compensações posteriores
Temos de acabar de vez com esta economia privada sem economia de mercado, onde prevalecem os métodos salazarentos do condicionamento industrial, cultural e comunicacional, sem “glasnot” nem a prévia “perestroika”. Chegou a hora de PSD e PS rasgaram a pesada herança que os há-de tramar em desconfiança.
Reparei que Seguro está disponível para todos os acordos parlamentares contra a praga que domina o Estado de Direito: a corrupção. Aproveita, Pedro! E cheguem ao PCP e ao BE. Não tenham medo! Peçam um papel ao Luís de Sousa. Ele faz isso em duas páginas de A4. Caso não o façam, podem morrer todos à vista de costa.
Esta pulhítica de devorismo sem dor vai necessariamente degenerar em crédito mal parado, como sempre acontece quando, em vez da competência, se premeia a fidelidade, revigorando o feudalismo, o patrimonialismo e o sultanismo, com falsos carismas, quando isto devia ser racional-normativo e racional-axiológico, de acordo com a democracia do Estado de Direito.