Houve ontem repasto dos alberguistas. Aqui vai o testemunho, hermético e pouco original, sobre a cruz que serve de símbolo a este blogue. Porque não foi em Compostela, isto é na soma de compos, posse, maisestella, estrela, mas em Campo de Ourique, ao lado da Maria da Fonte. Porque em todo o mundo continua a passar o célebre caminho de Santiago. Há sempre viajantes. E com o bordão de peregrino como apoio e a concha como símbolo, deves empreender esta longa e perigosa caminhada, por terra e por mar. Primeiro como peregrino, depois como piloto. O futuro continua. Para quem o ousar pilotar.
Daily Archives: 17 de Agosto de 2011
A regra de ouro
Paris e Berlim prometem que finalmente vão cumprir o Tratado do Eliseu, de 22 de Janeiro de 1963. Fiquei descansado. A curto prazo, já sabemos: estamos troikados. E não podemos votar para Merkel e Sarkozy.
O Junot também tentou aplicar a coisa. Até lhe chamaram a “bela ordem”, quando ele parou em Sacavém. Por isso é que fizemos bem quando mudámos a capital para o Rio de Janeiro, exportando o Estado, com um comboio britânico a proteger a operação.
Ficámos à espera dos amigos de Peniche… E não foi por acaso que começámos pela EFTA, quando ainda se pôs a hipótese da CEE. Acho que também foi no Porto que se somaram as duas coisas…Para nós é bem melhor que o Tratado do Eliseu.
Acabei de assistir em directo à conferência de imprensa de Merkel e Sarkozy. Dois dos 27 que amanhã serão 30. A nova palavra chave é “goldene Regel/règle d’or”. Em português é lei-travão. É um belo princípio que já vem das reformas orçamentais lusitanas de 1881, 1907 e 1913.
Consagrado no nº 2 do artigo 167º da Constituição de 1976. Na prática, a teoria sempre foi outra. Mas o ouro brilha.
Lopo Vaz de Sampaio e Melo, João Franco, Afonso Costa e Oliveira Salazar usaram os meios para tal regra. Isto é, todo o nosso Estado e todas as nossas ideologias sempre disseram o mesmo, com boas intenções. O inferno continua a ser o endividamento, porque a realidade é simples: um país pobre com regras para ricos e sem possibilidade de usarmos o Zé do Telhado, sobretudo como viveu nos últimos honrados anos de sua vida: em Angola.
Somos paupérrimos naquilo que Ezequiel de Campos qualificou como “organização do trabalho nacional”. Isto é, somos sempre aldrabados na “batalha da educação”.
Portugal desleixado é aquele país da Dona Maria da Cunha e do Senhor Estado, onde as excepções se transformam em regra, para que venha nova união de facto, com muita facada, onde novas regras revogam as excepções, para que novas excepções se transformem em regra, neste modelo matrimonial de rotativismo devorista que se alimenta de palmas.
Geopolítica
A população mundial vai atingir os sete mil milhões de pessoas em 2011 e, enquanto o crescimento demográfico médio vai abrandar em todo o mundo, em África vai continuar muito forte, indicou um estudo hoje publicado.
Geopoliticamente, depois da divagações de Merkel sobre a matéria, entre as dúvidas sobre o Mediterrâneo, a Europa do Norte e a Europa Central, apenas posso concluir, à Pessoa, que quanto mais à Europa a alma falta, mais minha alma atlântica se exalta. Isto é, sem Londres a mandar e Washington fora do salto ao eixo, estamos tramados.
Paris e Berlim sem Londres e o apoio dos norte-americanos nunca conseguirão ser Europa. Foi este o testamento de Jean Monnet.
É esta a missão de Portugal.
Ajudar a tirar a Europa do eixo.
O papa em Madrid
Isto está tudo tão doido quanto aqueles argumentos de alguns antifascistas educados no salazarismo que explicam a crise porque a Merkel foi educada num Estado comunista, enquanto certos adeptos da limpeza de sangue invocam o não galicismo original do Monsieur Bruni. Só falta dizer que o bávaro de Roma é nazi ou que Salazar era provavelmente um cristão-novo. Há cada uma cá na Parvónia!
Não sou papista, mas saúdo a chegada do papa a Madrid. Em paz, contra o ódio. Emocionam-me as milhares de bandeiras portuguesas e brasileiras. Não é por acaso que o meu Brasil é o país mais católico do mundo. E aquele onde há mais pluralidade de religiões e crenças. Foi fundado por D. João VI e pela antiga liberdade lusitana. Seria bom que alguns dos nossos fundamentalistas o reconhecessem.