Ago 29

A “rentrée”

Noventa por cento das parangonas falam em “rentrée”. Um manifesto exagero do “agenda setting”. Porque ninguém reparou na existência de uma “sortie”. Continuamos no túnel, sem luz à vista, nem pelo periscópio das contrapartidas.

 

A “rentrée” vai ser o discurso de Soares na universidade de Verão da JSD, cascando na Merkel e no Sarkozy e clamando pela vitória dos sociais-democratas da Alemanha e da França…

 

Passos, já regressado do périplo a Berlim e Paris, aplaudirá com todo o gosto. Imagino como então deve estar verde de fúria.

 

Eu gostava de um país mais justo e menos pobre, com suficiente imaginação para atrair investimento estrangeiro e até alguns ricos deste mundo, através de uma adequada política fiscal. Não seria quem sou, caso não tivesse por cá ficado um tal de Calouste Gulbenkian.

 

O PS parece que quer acabar com o interregno e assumir o respectivo dever, como principal partido da oposição. Uma das razões pelas quais não tem havido bom governo tem sido a falta de adequada oposição democrática. Estávamos coxos, face ao vazio pós-socrático. É bom para Passos Coelho haver Seguro desinibido.

 

Eu tenho a lucidez de continuar ingénuo. Sou dos que têm confiança em Passos e em Seguro quanto a essas matérias de degenerescência de alguns segmentos das secretas, em defesa do Estado de Direito. Outrora, quando passou à minha beira um bafo de micro-autoritarismo, posso informar que foi Seguro, com o pequeno peso institucional que podia mover, o único que assumiu a honra de, pelo menos, ouvir, mesmo que o agente do chicote fosse um seu camarada. Confiança democrática, com confiança democrática se propaga.

 

Os maquiavéis de alcatifa, porque pensam apenas no curto-prazo, não compreendem que o maquivaelismo tanto é uma má moral, como também uma péssima política. A médio-prazo. Eu sou mais maratonista. E gosto mais da autoridade que do poder. Daí que deteste a falsa autoridade dos maquivéis que fingem discursar contra Maquiavel.

 

Quando o ocultismo e a demagogia recobrem discursos políticos sobre os impostos, o populismo ameaça e assim se confessa, sem disfarce, a impotência do nosso aparelho de Estado em matéria de contribuições e impostos.

 

Quem manteve durante meia dúzia de anos, como secretário de Estado dos assuntos fiscais o criador do BPN, não escapa desta ligação genética ao monstro de ineficácia fiscal que ainda nos amargura. E não é propriamente a festa de papel de Campo Maior, com Badajoz à vista, que constitui o cabo mais propício para a emissão de reflexões sobre a justiça dos impostos.

 

O chamado Bloco Central, em matéria fiscal, nunca conseguiu que a justiça rimasse com contribuições e impostos, dignos do princípio da igualdade fiscal, criando sucessivas cortes de favoritos que nunca cumpriram o que demagogicamente prometeram. Ofende o bom senso que os pirómanos se assumam agora como bombeiros, lançando as chamas da demagogia e do populismo sobre a revolta de quem paga sempre.

 

Uns querem ir às grandes fortunas, outros querem arranhar as heranças e doações, ambos confirmam como não conseguiram tributar sem desigualdades flagrantes o rendimento, porque continua a pagar o justo pelo comendador, aquele a quem se dá remissão pela fuga ao fisco, através de clandestinas isenções fiscais, expressas amnistias e manifestos perdões neofeudais, num jogo de compra e venda de poder na zona do financiamento indirecto da actividade política.

 

Perante as francas receitas do anunciado falso D. Sebastião do imposto sobre as grandes fortunas, consta que todos os partidos com representação com representação parlamentar vão anunciar, dentro de dias, a respectiva renúncia à subvenção estatal. A proposta, a ser aprovada por unanimidade, terá sido rascunhada na presidência aberta de Campo Maior, a sugestão da família Nabeiro.

Se Proudhon voltasse, não diria apenas que a propriedade é um roubo e que a escravatura é um assassinato. Rir-se-ia com quem macaqueia o respectivo discurso. Diria mais, como irei discriminar em comentários.

 

Andam para aí a atacar os serviços secretos e ainda agora me mandaram um SMS, uma pessoa acima de qualquer suspeita, onde esta me diz que foi visto a sair de uma barraca de praia, no Estoril, um tal de Muammar Khadafi. Andava à procura da casa de um tal Batista, vindo de Havana, mas já estava arrependido porque querem restaurar o imposto sobre sucessões e doações…

 

Como sou saudosista e já não fumo, prefiro que restaurem a taxa de isqueiro. E como faço poucos requerimentos, também acho interessante o papel selado. Só me aborrecia com essa do imposto sobre janelas voltadas para a rua. Gosto de luz e tenho marquises. Abomino o sol aos quadradinhos, mesmo em domiciliária.

 

Fiquei hoje a saber que não havia, em Portugal, impostos sobre as sucessões e as doações. Todos os que, desde 2004, foram tributados pelo chamado imposto de selo, que é o novo nome dessa carga, podem justamente reclamar a respectiva devolução, citando o discurso presidencial de hoje.

Ago 29

Parangonas sobre a rentrée

Noventa por cento das parangonas falam em “rentrée”. Um manifesto exagero do “agenda setting”. Porque ninguém reparou na existência de uma “sortie”. Continuamos no túnel, sem luz à vista, nem pelo periscópio das contrapartidas.

A “rentrée” vai ser o discurso de Soares na universidade de Verão da JSD, cascando na Merkel e no Sarkozy e clamando pela vitória dos sociais-democratas da Alemanha e da França…

Passos, já regressado do périplo a Berlim e Paris, aplaudirá com todo o gosto. Imagino como então deve estar verde de fúria.

Eu gostava de um país mais justo e menos pobre, com suficiente imaginação para atrair investimento estrangeiro e até alguns ricos deste mundo, através de uma adequada política fiscal. Não seria quem sou, caso não tivesse por cá ficado um tal de Calouste Gulbenkian.

O PS parece que quer acabar com o interregno e assumir o respectivo dever, como principal partido da oposição. Uma das razões pelas quais não tem havido bom governo tem sido a falta de adequada oposição democrática. Estávamos coxos, face ao vazio pós-socrático. É bom para Passos Coelho haver Seguro desinibido.

Eu tenho a lucidez de continuar ingénuo. Sou dos que têm confiança em Passos e em Seguro quanto a essas matérias de degenerescência de alguns segmentos das secretas, em defesa do Estado de Direito. Outrora, quando passou à minha beira um bafo de micro-autoritarismo, posso informar que foi Seguro, com o pequeno peso institucional que podia mover, o único que assumiu a honra de, pelo menos, ouvir, mesmo que o agente do chicote fosse um seu camarada. Confiança democrática, com confiança democrática se propaga.

Os maquiavéis de alcatifa, porque pensam apenas no curto-prazo, não compreendem que o maquivaelismo tanto é uma má moral, como também uma péssima política. A médio-prazo. Eu sou mais maratonista. E gosto mais da autoridade que do poder. Daí que deteste a falsa autoridade dos maquivéis que fingem discursar contra Maquiavel.

Quando o ocultismo e a demagogia recobrem discursos políticos sobre os impostos, o populismo ameaça e assim se confessa, sem disfarce, a impotência do nosso aparelho de Estado em matéria de contribuições e impostos.

Quem manteve durante meia dúzia de anos, como secretário de Estado dos assuntos fiscais o criador do BPN, não escapa desta ligação genética ao monstro de ineficácia fiscal que ainda nos amargura. E não é propriamente a festa de papel de Campo Maior, com Badajoz à vista, que constitui o cabo mais propício para a emissão de reflexões sobre a justiça dos impostos.

O chamado Bloco Central, em matéria fiscal, nunca conseguiu que a justiça rimasse com contribuições e impostos, dignos do princípio da igualdade fiscal, criando sucessivas cortes de favoritos que nunca cumpriram o que demagogicamente prometeram. Ofende o bom senso que os pirómanos se assumam agora como bombeiros, lançando as chamas da demagogia e do populismo sobre a revolta de quem paga sempre.

Uns querem ir às grandes fortunas, outros querem arranhar as heranças e doações, ambos confirmam como não conseguiram tributar sem desigualdades flagrantes o rendimento, porque continua a pagar o justo pelo comendador, aquele a quem se dá remissão pela fuga ao fisco, através de clandestinas isenções fiscais, expressas amnistias e manifestos perdões neofeudais, num jogo de compra e venda de poder na zona do financiamento indirecto da actividade política.

Perante as francas receitas do anunciado falso D. Sebastião do imposto sobre as grandes fortunas, consta que todos os partidos com representação com representação parlamentar vão anunciar, dentro de dias, a respectiva renúncia à subvenção estatal. A proposta, a ser aprovada por unanimidade, terá sido rascunhada na presidência aberta de Campo Maior, a sugestão da família Nabeiro.

Se Proudhon voltasse, não diria apenas que a propriedade é um roubo e que a escravatura é um assassinato. Rir-se-ia com quem macaqueia o respectivo discurso. Diria mais, como irei discriminar em comentários.

Andam para aí a atacar os serviços secretos e ainda agora me mandaram um SMS, uma pessoa acima de qualquer suspeita, onde esta me diz que foi visto a sair de uma barraca de praia, no Estoril, um tal de Muammar Khadafi. Andava à procura da casa de um tal Batista, vindo de Havana, mas já estava arrependido porque querem restaurar o imposto sobre sucessões e doações…

Como sou saudosista e já não fumo, prefiro que restaurem a taxa de isqueiro. E como faço poucos requerimentos, também acho interessante o papel selado. Só me aborrecia com essa do imposto sobre janelas voltadas para a rua. Gosto de luz e tenho marquises. Abomino o sol aos quadradinhos, mesmo em domiciliária.

Fiquei hoje a saber que não havia, em Portugal, impostos sobre as sucessões e as doações. Todos os que, desde 2004, foram tributados pelo chamado imposto de selo, que é o novo nome dessa carga, podem justamente reclamar a respectiva devolução, citando o discurso presidencial de hoje.