Segundo Sarkozy vivemos numa “zona de riqueza e de prosperidade”, num “pólo essencial da economia mundial”. Sobretudo, Portugal onde há “progressos destacados” no combate ao défice e à dívida. Eu é que devo viver no “banlieu” mui suburbano de tal felicidade, impostado pelos gasparzinhos da troika que, de vez em quando, engomam a periferia, depois de a borrifarem com ideologia.
Uma sugestão às televisões: sempre que colocarem alguns burriarcas do sistema em lições de moral sobre o erro do sistema de desenvolvimento de que foram ministros e criticando acerbamente o modelo de reformas e aposentações, apresentem a folha das respectivas acumulações em reformas e aposentações.
Por mim faço como no tempo da antiga senhora, até deixo de ouvir as terminações dos respectivos nomes: ficam todos “Ramiro Va…”, já não conseguem dizer “ladão”.
A floresta de siglas com que os ocupantes do espaço público mascaram a realidade continua a enredar-nos em droga tecnocrática, nesse sucedâneo de marxianos e seminaristas a que a direita e a esquerda dão guita, para que os recursos se esbanjem em sistemas, programas e outras lérias do Estado paralelamente asfixiador. Extingam-no!
A geração dos meus filhos e dos meus alunos não é a geração perdida. Tem é que tomar o poder e não ser parva como a minha que confiou em meia dúzia de feitores dos donos do costume. Escolham os melhores e não se deixem engraxar pelos bajuladores profissionais da teoria da conspiração a que eles dão tempo de antena. A mudança está no centro e não nas margens.
As energias libertacionistas que levaram ao voto no PSD e no CDS contra a degenerescência socrática são exactamente iguais às que levaram ao voto no PS contra a decadência cavaquista, barrosista, portista e santanista. Escondem sempre na manga os gasparzinhos, através de uma bem oleada banha de cobra. Quando é que a malta vota mesmo em nós, para que deixe de haver o “l’État c’est lui!”?
O “slogan” é dos verdes alemães que já estiveram, e bem, no poder, e ameaçam felizmente regressar, para nosso bem. Eu como já fui enganado, tenho de exercer a cidadania crítica e veemente do quotidiano, para não desistir e cumprir a penitência.
Fazer como no tempo do Bordalo: levá-los ao tapete com uma barrigada de riso. É a superior forma de inteligência. Sobretudo, quando os ministros estão deslumbrados.
Angela, a química, acha que, para ganhar eleições, precisa de malhar no fantasma da malandrice latina, inventando essa de ela nos dar a moeda em troca de menos férias e de alongamento da idade da reforma. Daí que precise de boas conferências de imprensa com políticos que sejam “public relations”, entre o caixeiro viajante, como era o Zé, e bom aluno, como era o Aníbal. Pedro é boa síntese. Espero que tenha rastejado “unsere Tante”.
Esta Europa da política de imagem e de sondagem, apenas serve para sacanagens. Não cheira a justiça nem a futuro.
Não sei se o Moedas e o Gaspar sabem alemão. Mas com as fichas todas ordenadas e suficientes pilhas da Autosil, aquilo em Berlim fazia mais sucesso que as contrapartidas dos submarinos. Até o aeroporto de Beja poderia reabrir…para treino de bombardeiros.
Está mesmo tudo troikado, com esta solidariedade decretina que chama, ao aumento dos impostos, tarifa e passe social. Retoma-se aquela perspectiva da Idade Média onde os reis chamavam à coisa “pedidos” e “empréstimos”, embora a contrapartida fosse a reunião do povo em Cortes. Agora, dizem que está tudo no memorando aprovado por 85% do eleitorado.
O processo de insustentabilidade em curso nos vai minando em sucessivas armadilhas. Até o chefe da direita espanhola vem a Lisboa dizer que nunca renunciará ao TGV. A Drª Manuela Ferreira Leite já não diz que nunca seremos uma província espanhola…
Estou a ouvir ao longe o Paulo Bento em Nicósia. Começo a perceber a fonte de inspiração das conferências de imprensa de Vítor Gaspar…Também espero que passemos à fase seguinte.
Quando se diz que trinta e tal mil professores não foram colocados porque não houve oferta, estamos a pensar que há mercado, quando apenas temos um Estado que controla, em “numerus clausus”, o número de professores que fabrica e, depois deste custo, tem a desvergonha de não os tratar como pessoas, depois de anos e anos de serviço. É a chamada desorganização do trabalho nacional, o lavar as mão como Pilatos e as consequentes lágrimas de crocodilo…
O planeamentismo tecnocrático e a irresponsabilidade política dos ministros educativos têm nome e têm partido. A maioria deles é do principal partido deste governo. Exactamente os que nunca permitiram a liberdade de ensinar e aprender e geriram fábricas de empregomania, para agora nos transformarem num pretexto de oportunismo que utilizou a defesa dos professores como simples argumento demagógico para o antilurdismo e anti-socratismo.
Infelizmente, continuam a acreditar em falsos demiurgos ministeriais! Tanto devíamos ter uma lei para a punição dos criadores de défice como dos criadores de vagas estaduais no dito ensino!
Ainda hão-de dizer que o problema está na compressão que foi feita no abono de família!
A sucessão de erros políticos de ministerialismo “naïf” que os ministros ditos independentes continuam a cometer, face ao silêncio dos colegas da governança que são pesos pesados da partidocracia, só tem uma óbvia leitura: há alguns que, muito maquiavelicamente, estão a criar abcessos de fixação que serão extirpados, quando se quiser manter, depois do Natal, o estado de graça, no próximo período de abertura do mercado das transferências…