Set 04

Castelo de Vide

Ouvi atentamente nosso Primeiro em Castelo de Vide, terra de Garcia da Orta, Mouzinho da Silveira e Salgueiro Maia, dizer que o grupo reunido e a quem distribuiu diplomas, era de escolhidos e que sabia escolher. Junto deixo, parte das fichas do almanaque perpétuo, onde se demonstra que o ano de 2012 vai ser o da regeneração.

 

Acompanhei esta tarde a autobiografia de Nicolae Ceausescu, depois de Passos Coelho anunciar que podemos salvar a União Europeia, cumprindo a troika como bons alunos, e antes de Jerónimo, na Festa do Avante, reafirmar a épica do marxismo-leninismo. Assim entalado, sou obrigado a pedir ao mundo que nos reconheça como reserva cultural da humanidade. O presidente de Cavaco ainda pode inaugurar esta nova epopeia salvífica de tantos homens de fé. Eu duvido e já nem sei se existo.

 

Os técnicos da Entidade das Contas (que fiscaliza a contabilidade dos partidos) estiveram neste fim-de-semana na Quinta da Atalaia. Desconhece-se se os da ASAE consideraram a festa como fazendo parte da emergência social, não reduzindo a festa do Avante ao encontro metafísico do Padre Fontes em Montalegre… Também não foram a Castelo de Vide, apesar da anunciada presença de António Barreto…

Set 04

Rapinas

O Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) está a ponderar adoptar medidas para controlar a reprodução de abutres em Portugal, que está a ameaçar outras aves protegidas devido à escassez de alimento. Não é sobre esta matéria que vai incidir o discurso de Passos Coelho, hoje, não quer abordar a questão das rapinas.

 

Fouveiro equivale a ruivo. Nos cavalos, é malhado de branco. Uma parte voa, a outra circula na terra com garras. Sempre à sombra da mesma árvore.

 

O planeamento dito científico que alargou a casta dos grifos sempre foi directamente proporcional ao mediático que incidiu sobre o tema. E nem sequer deu raia, que eu gosto dela no prato.

Set 04

Do abuso de poder, secretas, eliteiros e marechais

Parafraseando Montesquieu, podemos dizer, das secretas, que um qualquer homem que aí tenha poder tende a abusar do poder que tem. Vai sempre até onde encontra limites. Porque, cada poder é um acelerador e só se controla se houver eficácia do travão ou dos contrapoderes. O problema não está em saber quem manda, mas antes em saber como se controla o poder dos que mandam.

900 no activo. Não sei quantas vezes mais os que nestas e noutras passaram. Mais outros tantos que se reproduziram noutros sectores como consultores. E uma mancha enorme de candidatos e alunos que os desempregados, reformados e aposentados das primeiras propagam, para gáudio dos palermas que acharam que tal actividade lhes daria prestígio. Tomara eles agora meterem tudo debaixo do tapete. Sem contar com os informadores que receberam adequado prémio e os inquisidores que com isso gastaram tempo do Estado em processos, inquéritos e notas oficiosas, sem falarmos em viagens de turismo científico.

Muitos nem sequer consultaram o que João Paulo II escreveu sobre o famoso “Estado de Segurança Social”. Na doutrina social da Igreja é o que, em linguagem da Festa do Avante, significa “fascismo”.

E há, tal como houve, gente de esquerda que deglutiu a pílula, em nome do cientificismo. Tinha sotaque brasileiro.

Líderes esquizofrénicos também os há em democracia pluralista, sobretudo pela vontade de servi-los, entre os que os rodeiam e sabem que só sobrevivem pela adulação e pela persiganga. Felizmente, quando há opinião livre e pluralista, acabam despedidos, através de adequados golpes de estado sem efusão de sangue, como são as eleições. O problema persiste nos pequenos quintais onde só votam os da respectiva corte, habituados ao chiqueiro. Uso corte com um acento no ó, que a da mesma origem etimológica da outra. Porque há muitos micrro-autoritarismos sentados à mesa do orçamento que ainda se deglutem desse esterco.

O que se passa nas secretas, acontece em espaços democráticos de poderes absolutos provenientes de maiorias ditas democráticas, como em regiões, autarquias, universidades e institutos, sempre em nome da virtude, onde os invocados bons fins justificam todos os meios, incluindo os dos tratantes e dos delatores, com más experiências nas secretas.

Já li no quiosque do Liceu Camões, de cadela à trela, o público jornal “Público”. Fiquei a saber que o que se passa à volta dos serviços de informações, para ser mais preciso, e onde, afinal, há apenas trezentos gloriosos, conforme precisão de Jorge Silva Carvalho, aqui, é o costume de círculos concêntricos de um nevoeiro promovido pela inveja igualitária dos pretensos eliteiros que se auto-reproduzem em sucessivas clausuras fechadas que continuam na venda de  ilusões, a coberto de muitos marechais frustrados.