Set 13

Portugal não é uma ilha

Portugal “não é uma ilha” e por isso mesmo o que se está a passar dentro das fronteiras da União Europeia pode “complicar” a vida ao país, disse hoje o nosso Primeiro no fundão do interior continental. Não somos ilha, mas somos onze ilhas habitadas. Se chegássemos à dúzia não era mal lembrado. Talvez saísse tudo pelo mais barato, com direito a “jack” mais “pote”.

 

Na contabilidade não quis incluir as Berlengas, os Farilhões, as Desertas, as Selvagens, o Pessegueiro, as algarvias, ou o Bugio. Mas gostava de invocar a Jangada de Pedra, o renascimento da Atlântida e, sobretudo, a Ilha Encantada…

 

Perante a parangona do JNegócios, sobre o interesse de uma empresa francesa nos nossos transportes para o público, chegou-me às mãos um vigoroso protesto dos produtores nacionais de asininos e muares: não querem que abdiquemos dos verdadeiros centros de decisão nacionais

Set 13

Da reforma autárquica

Estou a pensar em reforma autárquica: o concelho de Odemira tem 1 719,73 km² de área e 26 104 habitantes. Quase a área do distrito de Viana do Castelo, já sem governador-civil, mas ainda com círculo eleitoral, que é 2 255 km² para 250 390 habitantes. Depois há o concelho de Barcelos com 378,7 km² de área, 89 freguesias e 124 576 habitantes. Só uma destas, a da sede do concelho, tem 5 213 habitantes…

 

Cuidado com as folhas Excel e os mapas. Isto vai dos celtas aos tartessos…

 

Um quintal do Minho pode ser maior do que um latifúndio no Alentejo, em Beja pode cair tanta chuva por ano como em Paris e no Porto mais do que em Londres. Infelizmente São Pedro não inventou o gota a gota, pingando no Verão. Por isso é que muitos dos investimentos ingrícolas dos estrangeiros comunitários dos fundos perdidos dão sempre em alface, sobretudo nas terras transtaganas, apesar de primoministeriais inaugurações…

 

Por alguma razão D. Sebastião tentou Marrocos. Tinha mais solo arável para trigo…

 

A régua, o esquadro e o mapa fizeram as ainda actuais fronteiras africanas, na conferência de…Berlim…

 

Agora não é de cima para baixo, é passeando a centralização pelos hotéis centros de congressos de província… não são estes partidos que ainda estão divididos em comissões “distritais”, isto é, visando a conquista eleitoral com os seus mapas mentais que dizem que o país são eles e o resto é paisagem? O PSD até acabou com os governadores-civis de distrito com aplauso dos habituais paraquedistas distritalistas da quota do chefe, copiando o PS, para o CDS copiar os dois…

 

Se matarmos os autarcas eleitos em nome da engenharia troikiana e deixarmos que as regiões autónomas sejam odiadas pela maioria dos portugueses não regionalizados, liquidaremos as principais conquistas da democracia abrileira, aquelas que assentaram mais nas acções dos homens e menos nas boas ou más intenções programáticas dos planeadores do estadão que nos levaram ao desastre da falta de confiança pública.

 

Uma democracia sem raízes democráticas locais é massa informe que os tecnocratas talharão conforme as ordens dos consultores das organizações internacionais e que nos vendem produtos requentados que tanto aplicam à Coreia como à Patagónia… São todos fabricados nos mesmos hipermercados universitários das consultadorias desastrosas que, querendo civilizar-nos, nos farão primitivos actuais…