Num jardim, à nossa beira, um presidente, um governo, tudo troikado

Numa noite de Outono amena e doce, o Presidente falou sobre o que “entendeu dever dizer”. Porque 2012 vai ser “de resistência” e “muito difícil”, com prévia audição do Conselho de Estado, depois de sermos “emergência económica, financeira e social” e “à beira da explosão”. Fingindo manter o reflexo condicionado do tecnocrata, deu uma dessas aulas de abstracta conjuntura económica a que nos habituou, com mais economia pura que darwinismo, para que continuemos a ser um “bom aluno”, porque “a Europa precisa do sucesso de Portugal”. Apenas deixou indirectas, bem fortes, sobre o defunto Governo, esse “alguém que ouviu, mas olhou para o lado”, dado que preferiu sobrevoar o “caso grave” de “não disciplina” da Madeira, sem comentar a cinzenta visita que acabou de fazer aos Açores. Até proclamou que o “padrão” da “justiça e equidade fiscal” é o sagrado IRS, o do “legislador” de 1989, isto é, ele próprio. Só foi ligeiro, reformista e ousado na palavra quando desenhou uma estratégia para a Europa. No resto, preferiu autocontemplar-se como o Presidente que exerceu de “forma mais clara” a “magistratura activa”, por causa dos últimos seis meses. E acabou dizendo que temos mais “sorte” e somos mais “felizes” que a Grécia, porque pode haver consenso entre PSD/CDS e PS, através do “diálogo permanente”. Isto é, procurou condicionar Seguro a não ser o indisciplinador, para que haja “esperança” e “imaginação”. Por outras palavras, o Governo pode ser sempre troikado. Só não sabemos é quando.

 

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