Os chineses do século XVI diziam que os portugueses eram bárbaros, isto é, diabos vermelhos, porque comiam pedras (pão) e bebiam sangue (vinho), tal como outros povos diziam que os cristãos eram antropófagos porque, em seus cerimoniais, comiam o corpo de um deus feito homem. É o que fazem todos os que são marcados pela incompreensão face aos símbolos decepados da unidade espiritual de que os rituais são simples parcela. É por esta e por outras que detesto todo o sectarismo que pretende monopolizar o sagrado para a respectiva liturgia e que, fradescamente, semeia a intolerância, insinuando o ridículo face as alfaias que os outros usam para os mesmos fins. Afinal, todas as liturgias são ridículas fora dos templos em que se dá a comunhão e a religação. Contudo, mais ridículos ainda são os que não têm liturgia sentida por dentro, ou os que se ficam pelos sucedâneos e pelas vulgatas de certo dogmatismo pretensamente antidogmático. Por mim, que, sobre as verdades eternas, apenas sei que nada sei, resta-me continuar a procura da verdade, pelos variados caminhos que segue aquele que apenas pretende ter a boa vontade daqueles que querem conquistar a glória do homem livre. Porque ninguém pode deter o monopólio do “imprimatur” e do “nihil obstat” para a edição desses manuais de metodologia, com os consequentes livros únicos dos inquisidores, vanguardistas, vigilantes da revolução, ou contínuos e sargentos do senhor director.
Daily Archives: 21 de Novembro de 2011
Leio parcela de uma entrevista de uma segunda figura do Estado
Leio parcela de uma entrevista de uma segunda figura do Estado e respigo: “Esta é a casa dos deputados e não é a dos funcionários. Tenho uma relação óptima com os funcionários, há aqui funcionários de grande qualidade. Mas quero que se sinta que esta é a casa dos deputados. E só queria dizer assim. Por exemplo: desburocratizar os critérios das viagens dos deputados, que devem ser mais políticos e menos burocráticos, que passam mais pelos deputados e menos pelos funcionários. Não a preocupam os abusos? Introduzo um esquema de autoresponsabilidade. Os deputados regulam as viagens dentro da contenção orçamental, sem prejudicar a representação. Vão ser mais racionalizadas. Não serão decididas caso a caso”. Comentarei a seguir.” “Sou de um tempo onde em cada extensão do Estado havia repartições da contabilidade pública. Uns chatos, que actuavam segundo o princípio da legalidade, mas que nos pouparam milhões e milhões de euros. Até os ministros, mesmo no tempo pré-constitucional e revolucionário, aprenderam a despachar directamente com eles. Não havia tanta derrapagem orçamental.” “Segundo comentário: um Estado de Direito é aquele onde não é lei o que o príncipe diz e o príncipe está sujeito à própria lei que faz (não é o “princeps a legibus solutus”). Os deputados também pagam impostos controlados por funcionários e não consta que tenham foro especial. Por outras palavras, são funcionários e devem ser exemplo para todos os funcionários.” “A úncia excepção parlamentar que eu compreendo foi na constituinte de 1822, quando um redactor parlamentar, o melhor, queria abandonar os trabalhos das Cortes para acabar em Coimbra o seu curso. Até Manuel Fernandes Tomás, em ironia, acabou por dizer: “se for preciso fazemos mesmo lei para te dar o título”
Face ao ataque que o Diogo recebeu num blogue perto de mim e onde escrevo, deixei o seguinte comentário: “O Diogo foi meu aluno e eu defendo sempre os meus alunos. Primeiro, sempre foi um activista político, no mesmo sítio. Segundo, não perde o direito à greve com a actividade remunerada que exerce. Terceiro, num tempo em que há tantos políticos profissionais vindos das jotas, na coligação que nos governa e na oposição que se lhe opõe, seria inconstitucional negar a essa actividade um dos respectivos direitos. Por acaso, até me lembro de numa das primeiras greves gerais, quando estava no poder o PSD, membros deste partido, e de um gabinete ministerial, fazerem greve. Apenas recordo que há sindicatos actuais, liderados por membros do PSD, que aderem e promovem à greve geral. Além disso, o Diogo é um gajo porreiro.”
Por mais que os detentores do poder supremo se possam esforçar em procura, quando nomeiam alguém para lugares não políticos, de nomeação política, eles não conseguem afastar a justificada desconfiança do público, para actos que quase sempre se confundem com um arbitrário igual ao da escolha de assessores e adjuntos dos gabinetes lá das alturas. “O sistema do “spoil system”, da distribuição de um pretenso poder conquistado, como se ele fosse uma coisa, continua incólume e continua a não haver provas de escolhas onde o risco da competência supere o conforto da lealdade. Por outras palavras, continua a dança de cadeiras entre o bloco central alargado da partidocracia. E a desculpa do costume: não por eu chamar-me Pedro que não posso ser nomeado provedor da santa casa das apostas.” O sistema do “spoil system”, da distribuição de um pretenso poder conquistado, como se ele fosse uma coisa, continua incólume e continua a não haver provas de escolhas onde o risco da competência supere o conforto da lealdade. Por outras palavras, continua a dança de cadeiras entre o bloco central alargado da partidocracia. E a desculpa do costume: não por eu chamar-me Pedro que não posso ser nomeado provedor da santa casa das apostas.”
Farpas
Para quem anda à procura da ciência e julga que a respectiva ciência é mais científica que a dos outros ramos da ciência. Um bela provocação a todo o absolutismo. Especialmente para quem escreve exercícios de trabalhos, teses e dissertações e perde as estribeiras do humanismo.
Da minha janela de La Valetta, onde ostento a bandeira que a dona da casa, um dia, içou, e que o seu herdeiro ainda mantém. Era a maneira gozona de nos dizermos das partes dos Braganças, em terras de Oceania. As cores do Lichenstein são as do Políptico de São Vicente de Fora e até o Google street as capta.
O meu querido BB ainda não reparou que este país é mesmo para velhos? Isto é, para contínuas conspirações de avós e netos, com jotas manipulados por gerontes, para que, de vitória em vitória, sejamos todos cadáveres adiados que nem sequer procriam?
Tenho para aí um livrinho, editado pelo Fórum Estudante, em 2005, na qualidade de profissional da ciência política, onde recusava a categoria de politólogo, e onde dizia apenas: “o mercado de trabalho está fechado”. Fui o único realista, denunciando o principal inimigo de quem trabalha na área: o sistema de ensino e de avaliação das universidades, que não incentiva o trabalho competitivo. As bruxas das ocultações criaram, entretanto, mais não seis quantas entidades orgânicas, em vez de as fundirem todas para um país com a nossa dimensão.
A magnífica proposta rangeliana quanto à agência para o pontapé no rabo deveria ser imediatamente privatizada pela canalha dita política que nos quer desterrar da pátria. Eu pensava que os papagaios, além de exógenos, eram uma espécie protegida, para se manterem na lei das respectivas selvas engaioladas.
Uma família da nossa aldeia dos macacos, ainda à espera de guia de marcha da Agência Portuguesa para a Emigração para a África Oriental. Ou o estado a que podemos chegar.
O problema europeu está cada vez mais dependente de um perturbador continental. Os sinais da Síria, do Egipto, da Turquia e de Israel têm que ser descodificados. Eis mais um. A primeira saudação à dita retirada norte-americana.
Um professor universitário é demitido em 16 de Agosto de 1962, porque, em 13 de Maio, pondo em prática o seu feito de homem livre, escreve uma carta ao director da escola em que “verberava a maneira como o Ministério tem conduzido a questão estudantil”. O alto hierarca ministerial conclui pela “indisciplina, irreverente e grave conduta, que revela, de facto, impossibilidade de adaptação às exigências da função que exerce”. Outro inadaptado o recorda hoje.
Depois de ouvir o presidente do grémio dos bancos, sobre a transferência dos fundos de pensões para o Estado, quase me comovi. Não tarda que surja um peditório público em favor dos nossos bancos. Coitados!
Cada vez mais se entende melhor a razão pela qual Cabo Verde já ultrapassou Portugal no “ranking” da qualidade da democracia, de acordo com “The Economist”. Pelas ilhas, parece que não há gestões do silêncio, em nome do respeitinho.
A troika vai também controlar a Coreia do Norte. Não consta que fechem os casinos de Stanley Ho.
Zita Seabra na SICN denuncia o relativismo. As vítimas do comunismo deveriam ser tratadas com o respeito com que se tratam as vítimas do nazismo e do fascismo. Por causa desse relativismo é que costumamos branquear alguns dos vitimadores. É o chamado complexo do déspota. Quando ele se diz iluminado. A começar pelo que interrompe a avenida da Liberdade. Sou mais de reter as memórias de Alcipe, Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre, a Marquesa de Alorna.
“A tendência para o monossílabo como forma de comunicação…de degrau em degrau, vamos descendo até ao grunhido” (José Saramago)
Essa do Adamastor, tanto tinha Bartolomeu Dias no mar, como El-Rei D. João II a inspirar a república. E o comandante da frota acabou por morrer, tentando. Os navios agora, mal passam o Bugio, metem logo água. Não se experimentaram em Toro.