Passos, em versão militar, cita Lenine, o do “um passo atrás, para dar dois em frente”. Foi a propósito da falhada NEP (nova política económica, que pretendia dar um pouco de capitalismo ao nascente bolchevismo, mas que falhou rotundamente, principalmente pela luta partidocrática entre Trotsky e Estaline…). Seria preferível ser mais antigo e reconhecer, como Montaigne, “Il faut reculer pour mieux sauter”. Mas isto é humanismo antigo, não é revolucionarismo frustrado, o da “révolution d’en haut” e da viradeira, mesmo que seja revolução ao contrário.
Mário Soares situou-se. Num manifesto reservado a cidadãos de esquerda. Coisa que não sou. Apostam no bom e velho Estado. São vagos quanto ao projecto europeu. Nada dizem sobre a necessidade de repúblicas universais. Prefiro mais patriotismo democrático, mais federalismo europeu, mais cosmopolitismo, antes de ser de direita ou da esquerda. Apenas li, não me mobilizei. Sou liberal, não sou de esquerda. Só pelas liberdades nacionais, com vontade de sermos independentes é que podemos ter uma democracia de muitas democracias. De forma liberdadeira.
Há uma arte de ser livre, com que se nasce, mas que se procura, apenas quando se tem a vocação de a criar nos outros. Só é criativo quem a sabe reproduzir nos outros, através do amor. O sacristão é apenas sacristão. Cantarola as palavras, dá badalo aos sinos, mas não tem o sentido dos gestos. Isto é, não ascende, porque não sabe crescer por dentro.
A caricatura da partidocracia, em ritmo concentracionário, ou a redução da democracia ao mais fechado dos clubismos de reservado direito de admissão, em nome das elites contra a partidocracia, contra o regime. Viva Alberto João, o paradigma do reformismo social-democrata! O Estado são eles, o povo são eles