A malta dos rendimentos do capital, face aos tostões que hoje foram taxados, já clama pela quebra da Bolsa, dizendo que era mais seguro irem às bolsas dos que trabalham e a que alguns chamam remediadinhos. Por outras palavras, o principal motor da história da nossa decadência não é a luta de classes, mas a inveja.
A pedrada que hoje atingiu Mota Soares é directamente proporcional ao efeito de simpatia que gerou o propagandismo da Vespa. Os danos colaterais causado a um gajo porreiro não foram diminuídos pela invocação da culpa do senhor ninguém do comunismo burocrático. Porque a tal agência estatal que o alugou está directamente integrada no despacho de outro qualquer senhor ministro. Aliás, a indignação revelada parece não saciar-se com o habitual passa culpa para o socratismo. Se calhar talvez fosse mais prudente que suas excelências passassem a andar de táxi, desses todos pretos, com motoristas fardados e que não têm sempre ligado o rádio Amália!
Os negocistas do costume continuam a desfilar demagogia politicida, com que dizem fazer política, especialmente se acederam recentemente ao espaço de reciclagem de sucessivos arrependidos. Os que, em nome das circunstâncias, metem as ideologias e os programas na gaveta, para que tenhamos de aturar como comandantes de corporação os mais activos dos bombeiros incendiários de nosso informal bloco central alargado, onde os caseiros da esquerda moderna continuam a servir os capatazes da direita dos interesses, neste mais do mesmo que, ora privatiza os lucros, ora nacionaliza os prejuízos.
A justiça sempre foi tratar desigualmente o desigual, sem isenções privilegiadas e sem subsídios à preguiça. O seu melhor aliado sempre foi a dignidade do trabalho, a mais importante via para a defesa da propriedade. Porque todos conseguem compreender o valor dos frutos que se semeiam com a própria liberdade pessoal.
A culpa de haver escravos é não haver revolta de escravos. Não foi Vasco Lourenço que o disse, foi Chateaubriand. Prefiro continuar a pensar como Étienne La Boétie, sobre a servidão voluntária, que é a causa de não haver revoltas e de muitos preferirem a utopia da teoria da revolução.
A maior das riquezas que podemos alcançar é a de acabarmos com a pobreza, sobretudo dos pobres de espírito que dizem não haver alternativas e que seremos sempre todos iguais, com alguns mais iguais do que outros, com mais pobres, cada vez mais pobres, e menos ricos, cada vez mais ricos.
A categoria dos ricos em Portugal passa dos 485 para os 600 euros mensais, graças ao diálogo profícuo.
Claro que não houve nem haverá folgas, isto é, enquanto não formos mobilizados para a criação de riqueza, dado que ela continua a ser confundida com a emergência de oligarcas que querem ser plutocratas, entre chicos espertos e novos ricos que querem tornar-se aos velhos ricos que também começaram como novos ricos.
Também tenho conhecido partidocratas e jotas que já eram velhinhos quando ainda eram jotas. Desde candidatos a administradores de Gulag, invocando a superioridade moral da seita, a eventuais directores de nova pude, com missinha quotidiana. Infelizmente, abundavam cunhadores e gestores de empresas de regime, do eterno bloco central, prontos para a difusão corrupta, até com vergonhas naturais em África e nos arredores da capital, mas sempre com gravatinha de assessor e trejeito de adjunto. Ao pé de todos eles os lampiões, os dragões e os leões são meninos de coro
Espero que a política não atinja os níveis de violência incendiária da futebolística, mas não posso deixar de dizer que conheci ilustre figura da nossa paisagem que cultivava claques e jagunços, a que chamava “a minha gente” e que ainda hoje coloca em degraus, cadeiras e portarias, para lhe fazerem o trabalho sujo, entre angariaremos e pequenos escribas de intriga e de injúria.