Jan 01

Farpas de 1 de Janeiro de 2012

Bom dia, bom ano, neste país das maravilhas de uma Europa em bolandas. O mundo continua a girar em torno do seu próprio eixo. E cada um de nós pode rodar em dignidade. Basta que a espinha não torça, mesmo que ameace quebrar. Eu prefiro estar preparado para olhar o sol de frente, quando passar o nevoeiro.

A última princesa nórdica dinamarquesa a que prestei menagem chamava-se Ebba Merete Seidenfaden. Helle Thorning-Schmidt nasceu vinte e seis anos depois. Ainda acredito no mito do rapto da Europa.

A nossa presidenta é graduada em ciência política, nórdica e líder de um dos velhos reinos medievais da Europa que ainda resistem.

“A instabilidade e a incerteza na recuperação da economia mundial está em crescendo, os assuntos internacionais e regionais sucedem-se, e a paz e o desenvolvimento do mundo enfrentam oportunidades e desafios sem precedentes”. Excerto da mensagem presidencial, depois de um português ter caído do cavalo.

Presidente falou. Fala, dizendo que outrora falou. E promete que falará. Confirma-se que, na prática, a teoria é outra.

Jan 01

Presidente falou

Presidente falou. Falou, dizendo que outrora falou. E prometeu que falará. Confirma-se que, na prática, a teoria é outra. Secretário-geral do PSD falou. E falou. Não me lembro de nada que ele tenha dito. Porta-voz do PS falou. E falou. Não me lembro de nada que ele tenha dito. PCP falou não sei através de quem. Diz que disse o que dirá. Os cimeiros de todos os partidos ainda devem estar a passas. Puseram as reservas a falar. Presidente não o merecia. Segundo os mesmos partidos, parece mesmo que mereceu. Homilia puxa homilia. Mostram muita dó pelo menor.

Jan 01

neste país das maravilhas de uma Europa em bolandas

Bom dia, bom ano, neste país das maravilhas de uma Europa em bolandas. O mundo continua a girar em torno do seu próprio eixo. E cada um de nós pode rodar em dignidade. Basta que a espinha não torça, mesmo que ameace quebrar. Eu prefiro estar preparado para olhar o sol de frente, quando passar o nevoeiro. 2012 poderá ser “horribilis” para o portugalório da Ilusitânia, mas será, em contraciclo, um mundo melhor, para a maior parte da humanidade, com menos fome, menos peste e menos guerra.  Mesmo que não beneficiemos directamente com a ascensão a grandes potências de alguns dos nossos plurisseculares parceiros de história, a que chamaram emergentes, pode chegar uma nova idade, a do poder dos sem poder, com os até agora vencidos da vida a revogarem a velha história dos vencedores.  Mesmo que o sonho de um Atlântico crioulo não desemboque no Tejo, porque preferimos o conforto do Bugio à aventura da pororoca, os novos sinais dos tempos prenunciam uma nova idade, de que fomos armilarmente profetas.  Daí que o verbo Portugal continue a ser substituído pelo nacionalismo patriotorreca, que alguns psicopatas sentenciadores vão conjugando, em pretérito de revisionismo histórico, enquanto a partidocracia persiste na auto-clausura reprodutiva, entre uma direita que convém à esquerda, a da mera oposição empírico-analítica ao fantasma do inimigo, para que este, em preconceito, acirre o pensamento RGA, o da nostalgia da revolução por cumprir, onde o Maio 68 continua a algemar a libertação de Abril.  Todos com historiografias do caixote de lixo das ideologias, neste país dominado por enjoados manhosos, que sonham instrumentalizar a luta de invejas, pela tradicional subversão a partir do aparelho de Estado.

Jan 01

O orçamento zero da pós-democracia

O orçamento zero da pós-democracia
por José Adelino Maltez

 

 

2012 poderá ser “horribilis” para o portugalório da Ilusitânia, mas será, em contraciclo, um mundo melhor, para a maior parte da humanidade, com menos fome, menos peste e menos guerra. Mesmo que não beneficiemos directamente com a ascensão a grandes potências de alguns dos nossos plurisseculares parceiros de história, a que chamaram emergentes, pode chegar uma nova idade, a do poder dos sem poder, com os até agora vencidos da vida a revogarem a velha história dos vencedores. Mesmo que o sonho de um Atlântico crioulo não desemboque no Tejo, porque preferimos o conforto do Bugio à aventura da pororoca, os novos sinais dos tempos prenunciam uma nova idade, de que fomos armilarmente profetas. Por cá, apenas tenderemos a entrar no orçamento zero da pós-democracia. Porque o PS tarda em assumir-se como pós-socrático, e nem sequer é pós-soarista; tal como o PSD não consegue ser pós-cavaquista; enquanto o PCP continua retro-cunhalista; o CDS, amarrado ao pós-moderno reaccionário; e o BE, a indignar-se com devoção ao socialismo catedrático. Daí que o verbo Portugal continue a ser substituído pelo nacionalismo patriotorreca, que alguns psicopatas sentenciadores vão conjugando, em pretérito de revisionismo histórico, enquanto a partidocracia persiste na auto-clausura reprodutiva, entre uma direita que convém à esquerda, a da mera oposição empírico-analítica ao fantasma do inimigo, para que este, em preconceito, acirre o pensamento RGA, o da nostalgia da revolução por cumprir, onde o Maio 68 continua a algemar a libertação de Abril. Todos com historiografias do caixote de lixo das ideologias, neste país dominado por enjoados manhosos, que sonham instrumentalizar a luta de invejas, pela tradicional subversão a partir do aparelho de Estado.