O orçamento zero da pós-democracia, ou como a pororoca não desemboca no Tejo.
“Porque o PS tarda em assumir-se como pós-socrático, e nem sequer é pós-soarista; tal como o PSD não consegue ser pós-cavaquista; enquanto o PCP continua retro-cunhalista; o CDS, amarrado ao pós-moderno reaccionário; e o BE, a indignar-se com devoção ao socialismo catedrático.”(JAM, DN, hoje).
“…a partidocracia persiste na auto-clausura reprodutiva, entre uma direita que convém à esquerda, a da mera oposição empírico-analítica ao fantasma do inimigo, para que este, em preconceito, acirre o pensamento RGA, o da nostalgia da revolução por cumprir, onde o Maio 68 continua a algemar a libertação de Abril” (JAM, DN, hoje).
Para efeitos de registo: “Estas mensagens são homilias que puxam outras homilias, não são propriamente discursos políticos de intervenção”, afirmou, considerando que, nas reações, os dirigentes do PSD e do PS falaram para dizer “praticamente nada”. “Os próprios partidos não colocaram a comentar o discurso do Presidente as suas figuras cimeiras, revelaram que, ou ainda estão de férias, ou por alguma razão puseram reservistas a falar”, disse.
Aliás, “o discurso foi uma espécie de condensado daquilo que têm sido intervenções parcelares, nomeadamente, críticas ao Orçamento e imediata promulgação do Orçamento”, sendo, “portanto, um reconhecimento da impotência do Presidente neste contexto de organização do sistema político”.